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ESPAÇOS DE LEITURA SUMÁRIO - TV Brasil

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Se é certo ou errado esse ideal de purificação, de salvação pela palavra escrita, se ele continua vivo<br />

ou não, não vem aqui ao caso. O que conta, efetivamente, é que essa compreensão idealizante<br />

desviou nossa atenção e deixamos de atentar para o outro lado do espelho. Em outras palavras, a<br />

atenção concentrada apenas no processo interior, psicológico, da leitura impediu-nos de considerar<br />

outras questões essenciais e igualmente importantes à formação de leitores.<br />

Deixamos, assim, de considerar especialmente os aspectos socioculturais da leitura, ou seja, a trama<br />

histórica indispensável que a viabiliza e sustenta. Negligenciamos os circuitos da leitura, tratamos<br />

ações, instituições e lugares sociais concretos como mero pano de fundo, adorno inócuo,<br />

dispensável e secundário.<br />

Nessa linha de raciocínio reducionista, deixamos de considerar as mediações socioculturais como<br />

categoria intrínseca ao ato de ler, tomando a este como uma atividade abstrata, descolada das<br />

situações concretas em que se dá. Desse modo, não estranha que em nosso país os espaços de leitura<br />

sejam desconhecidos e desconsiderados, vistos apenas como ponto de apoio, peça secundária nos<br />

processos educativos e culturais. Tudo se passa como se bastasse oferecer bons textos e bons<br />

autores a nossos alunos para que, imediatamente, eles se pusessem a ler. As demais instâncias de<br />

mediação seriam meramente secundárias, acessórias.<br />

Ora, pelo menos duas visões dos processos de conhecimento, de aprendizagem estão implicadas<br />

nessa discussão que, a princípio, parece rasteira. Na primeira, acredita-se que aquele que aprende<br />

supera, por meio de qualidades pessoais, os quadros históricos e culturais em que se encontra e é<br />

capaz de aprender, de se interessar pelo conhecimento e pela cultura, independentemente dos<br />

contextos favoráveis ou não que lhe são oferecidos. Na segunda, acredita-se que a construção de<br />

conhecimentos e a aprendizagem, apesar de atos irredutivelmente subjetivos, pessoais e<br />

intransferíveis, ocorre em interações sociais e que os modos como a dinâmica social se organiza e<br />

funciona são parte atuante desses processos. Desse modo, se na primeira visão não importa em<br />

demasia o modo como os textos, os livros, a leitura chegam, por exemplo, às crianças, aos jovens<br />

–"o que importa é oferecer os livros", dizem os defensores desta postura –, na segunda, cuida-se da<br />

criação de ambientes favoráveis ao ato de ler, de não fazer apenas chegar os livros aos leitores, mas<br />

de preparar espaços e tempos de leitura capazes não só de oferecer materiais para a leitura, mas de<br />

sensibilizar, de vincular, de promover interesse pelos conteúdos que ela veicula. Trata-se, assim, de<br />

criar instâncias de mediação de leitura que, além do acesso físico aos livros, promovam a<br />

<strong>ESPAÇOS</strong> <strong>DE</strong> <strong>LEITURA</strong>. 3 .

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