ESPAÇOS DE LEITURA SUMÁRIO - TV Brasil

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Nessas idas e vindas das crianças, o grupo 6 (crianças de 6 anos) da Creche pediu para conhecer o espaço da escola Alô-Alô. Tínhamos três crianças que moravam no local. Os dois meninos que lá residiam, orgulhosos, mostraram o caminho para chegar à comunidade São Remo. Tudo era uma grande novidade para as crianças da Creche: a rua com várias barracas de doce e aguardente e as carroças com cavalos, circulando. O estranhamento se deu quando entraram na escola adaptada, casa de alvenaria com um quintal pequenino: "Nossa!" Quando o grupo aproximou-se do portão, as crianças do Alô-Alô estavam gritando e acenando. O pequeno espaço se transformou num lugar aconchegante com um tapete azul no chão. O suporte de madeira estava repleto de livros, as mesas organizadas com propostas diversas e simultâneas. As trocas entre as crianças foram inúmeras, mas uma, em especial, chamou a atenção. De repente, uma menina do Alô-Alô fez um pedido, dizendo que gostaria de ouvir uma história lida por uma criança. Três meninas do Pré da Creche começaram a contar a história dos autores Mary França e Eliardo França. A professora Márcia, do grupo Alô-Alô, nos informou que, na escola, o grupo não tinha visto, ainda, nenhuma leitura "convencional" feita por criança. Para finalizar Abrir a Oficina de Informação para a comunidade do entorno possibilitou um elo entre iguais e diferentes - meninos e meninas, alguns pobres, outros nem tanto. As experiências vivenciadas permitem dizer, no entanto, que os espaços de leitura e seus leitores, em constante interação com as palavras e o mundo, não podem se restringir aos espaços escolares. As relações entre escola e comunidade devem ser, assim, foco de atenção por parte dos educadores, pois a leitura do mundo e a da palavra caminham em interação; os espaços de leitura não só insuflam vida ao mundo, como também são insuflados por tudo aquilo que constitui sua essência: cor, cheiro, saberes, sabores, sentidos, memórias, lembranças, invenções. Retornando à imagem do carroceiro da Vila Madalena, podemos perguntar: que experiências com livros, leitura, escola e cultura escrita passaram por sua vida? Acreditamos que cuidar dos espaços de leitura, com todas as dimensões que eles representam, é fundamental. Para isso, há necessidade de educadores envolvidos no processo educativo, imbuídos ESPAÇOS DE LEITURA. 60 .
de postura desconfinadora. Quem sabe, assim, um dia, poderemos contemplar crianças brasileiras nos vários espaços, dentro e fora das instituições, lendo de diversos jeitos e diferentes formas. Mãos à obra! BIBLIOGRAFIA ACHARD, P. Papel da memória. Campinas, SP: Pontes, 1999. BAJARD, E. Ler e dizer: compreensão e comunicação do texto escrito. São Paulo: Cortez, 1994. BETHELHEIM, B. A psicanálise dos contos de fadas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretária de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional. Brasília: MEC/SEF, 2000. ______. Constituição Federal. 9.ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. ______ Estatuto da criança e do adolescente. Lei n. 8.069/90. 3a ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. BRUNER, S. J. Atos de significação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. CHARTIER, R. Práticas de leitura. São Paulo: Estação Liberdade, 1996. DELANNOY, J. P. Guia para a transformação das bibliotecas escolares. Lisboa: Livros Horizonte, 2000. DIAS, M. C. M. Metáfora e pensamento; considerações sobre a importância do jogo na aquisição do conhecimento e implicações para a educação pré-escolar. In: KISHIMOTO, T. (org.). Jogo, brinquedo e brincadeira e a Educação. São Paulo: Cortez, 1996. DIAS, M. C. M. Saberes essenciais ao educador da primeira infância: uma reflexão na perspectiva dos protagonistas. São Paulo, 1997 (Tese de Doutorado apresentada à FEUSP). FARIA, I. P. Estação Memória: lembrar como projeto. Contribuições ao estudo da mediação cultural. São Paulo, 1999 (Dissertação de mestrado apresentada à ECA/USP). FREIRE, P. A importância do ato de ler. São Paulo : Cortez, 1982 GOZZI, R. M & SEKKEL, M. C. O espaço: um parceiro na construção das relações entre as pessoas e conhecimento. In: Dias, M. C. M. & NICOLAU, M. L. M. (org.) Oficinas de sonho e realidade na formação do educador da infância. São Paulo: Papirus, 2003. MARTINS, M. H. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense, 1998. MORIN, E. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000. _______. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999. ESPAÇOS DE LEITURA. 61 .
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Se é certo ou errado esse ideal de
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