Baixar - Brasiliana USP
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« severa, que te contempla (diz ella), é a Historia, que tem<br />
« a seu cargo determinar a opinião da posteridade; esta dí-<br />
« vindade, que sobre o globo passeia, é a Fama, que se não<br />
« despreza de entreter-se um momento comligo: ella me<br />
« trouxe as tuas obras, e preparou a nossa doce união, pelos<br />
« sagrados vínculos da estima. Olha estaPhenix, quemunca<br />
« morre; estes emblemas te exhortem continuadamente a<br />
«c mostrares-le o defensor da humanidade, da virtude, e dos<br />
« sagrados direitos do homem: do alto dos céos, tua primeira<br />
« e ultima pátria, recebe Elisa, o meu juramento: •—Juro<br />
« não escrever uma só linha, que não faça honra ao meu<br />
« coração, e em que se não conheça o teu amigo.»<br />
Tal é a felicidade, do que se une a uma mulher, em vínculos<br />
de honesta amizade; então se conseguem aquelles (ernos<br />
desvelos, que os homens não teem entre si, senão pela<br />
metade; a differença dos sexos, que não pôde de todo esquecer-se,<br />
põe um encanto novo nesta amizade; prova-se um<br />
sentimento mysterioso, indefinido, dulcissimo, que não é<br />
amor, não é amizade, porém que participa^de ambos, e tem<br />
todas as delicias delles. Tem menos transportes, que o primeiro;<br />
tem maisvivacidade, do que o segundo.<br />
Porém, esta amizade, assim considerada, e observada, só<br />
pôde dar-se entre pessoas bem creadas, de espirito fino e<br />
alma cheia de delicadeza : feliz, quem tem a fortuna de se<br />
achar nestas circumstancias. O homem, mais do que ninguém,<br />
se considera venturoso, porque conseguio lima tal<br />
amiga: ao contrário, é um lormento quando nos vemos separados<br />
e privados da pessoa,que tinha o segredo da nossa alma,<br />
e a quem nós devemos a vida do coração, e a vida celeste? O<br />
celebre D'Akmbert, perdeo ao mesmo tempo Mme. Geoffrin,<br />
que costumava visitar todas as manhãs, e Mme. L'Espinasse,<br />
com quem passava ás tardes. « Ah! (dizia D'Alem-<br />
« bert a seus conhecidos, cheio do mais acerbo pezar) depois<br />
« que a morte me roubou estas pessoas, tão queridas da mi-<br />
« nha alma, já para mim não ha manhã, nem tarde.— Quem<br />
« teve uma terna amiga, e a grande infelicidade de a per-<br />
« der (exclama um philosopho), tem berdido quanta doçura<br />
-« ha no mundo, tudo quanto lhe fazia amável a vida; cahio<br />
« do céo sobre a terra! » Exemplifiquemos com um facto,<br />
bem que embellezado pelo pincel da imaginação, com tudo