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Baixar - Brasiliana USP

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— 103 —<br />

« severa, que te contempla (diz ella), é a Historia, que tem<br />

« a seu cargo determinar a opinião da posteridade; esta dí-<br />

« vindade, que sobre o globo passeia, é a Fama, que se não<br />

« despreza de entreter-se um momento comligo: ella me<br />

« trouxe as tuas obras, e preparou a nossa doce união, pelos<br />

« sagrados vínculos da estima. Olha estaPhenix, quemunca<br />

« morre; estes emblemas te exhortem continuadamente a<br />

«c mostrares-le o defensor da humanidade, da virtude, e dos<br />

« sagrados direitos do homem: do alto dos céos, tua primeira<br />

« e ultima pátria, recebe Elisa, o meu juramento: •—Juro<br />

« não escrever uma só linha, que não faça honra ao meu<br />

« coração, e em que se não conheça o teu amigo.»<br />

Tal é a felicidade, do que se une a uma mulher, em vínculos<br />

de honesta amizade; então se conseguem aquelles (ernos<br />

desvelos, que os homens não teem entre si, senão pela<br />

metade; a differença dos sexos, que não pôde de todo esquecer-se,<br />

põe um encanto novo nesta amizade; prova-se um<br />

sentimento mysterioso, indefinido, dulcissimo, que não é<br />

amor, não é amizade, porém que participa^de ambos, e tem<br />

todas as delicias delles. Tem menos transportes, que o primeiro;<br />

tem maisvivacidade, do que o segundo.<br />

Porém, esta amizade, assim considerada, e observada, só<br />

pôde dar-se entre pessoas bem creadas, de espirito fino e<br />

alma cheia de delicadeza : feliz, quem tem a fortuna de se<br />

achar nestas circumstancias. O homem, mais do que ninguém,<br />

se considera venturoso, porque conseguio lima tal<br />

amiga: ao contrário, é um lormento quando nos vemos separados<br />

e privados da pessoa,que tinha o segredo da nossa alma,<br />

e a quem nós devemos a vida do coração, e a vida celeste? O<br />

celebre D'Akmbert, perdeo ao mesmo tempo Mme. Geoffrin,<br />

que costumava visitar todas as manhãs, e Mme. L'Espinasse,<br />

com quem passava ás tardes. « Ah! (dizia D'Alem-<br />

« bert a seus conhecidos, cheio do mais acerbo pezar) depois<br />

« que a morte me roubou estas pessoas, tão queridas da mi-<br />

« nha alma, já para mim não ha manhã, nem tarde.— Quem<br />

« teve uma terna amiga, e a grande infelicidade de a per-<br />

« der (exclama um philosopho), tem berdido quanta doçura<br />

-« ha no mundo, tudo quanto lhe fazia amável a vida; cahio<br />

« do céo sobre a terra! » Exemplifiquemos com um facto,<br />

bem que embellezado pelo pincel da imaginação, com tudo

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