Baixar - Brasiliana USP
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— 33/t —<br />
n'outra parte? Que seria da espécie humana, se 8 ordem de<br />
ataque e de defeza fosse mudada? O assaltante escolheria no<br />
acaso occasiões, em que a victoria fosse Impossível; e o assaltado<br />
se deixaria ficar em paz, quando não tivesse necessidade<br />
de se render, e seria perseguido sem deixar-se vencer<br />
quando se achasse fraco para succumbir; finalmente o Pudor,<br />
e a vontade sempre em discórdia., e não deixando jamais partilhar<br />
desejos, o amor não seria mais osustentaculo da natureza,<br />
delia seria o destruidor e o flagello.<br />
Se os dous sexos tivessem sido feitos igualmente, e recebido<br />
as primazias, a vã impetuosidade não se teria salvado, c<br />
os fogos sempre languecendo em aborrecida liberdade, jamais<br />
se irritariam, e o mais doce sentimento a custo penetraria<br />
no coração humano, mal preenchendo seu fim. Oapparenle<br />
obstáculo que parece alongar esse fim, é o mesmo<br />
que o approxima. E os desejos encobertos pela vergonha,<br />
tornam-se mais seductores; mortificando-os, o Pudor os inflamma:<br />
seus temores, seus desvios, suas reservas, suas tímidas<br />
confissões, soa terna e ingênua fineza, dizem melhor<br />
o que ella julga calar, pensando que a paixão não o teria dito<br />
sem ella: ella éque dá preço aos favores e doçura ás recusas.<br />
O verdadeiro amor, com effeito possue o que só o Pudor<br />
lhe disputa; essa mistura de fraqueza e de modéstia, o torna<br />
mais tocante e mais terno; quanto menos oblem, mais<br />
augmenta o valor do que obtém, e é desse modo, que elle<br />
goza ao mesmo tempo de suas privações c de seus prazeres.<br />
Porque razão, se perguntará, o que não é vergonhoso para<br />
o homem, o é para a mulher? Porque será crime n'um sexo,<br />
o que é permittído no outro? Como se as conseqüências fossem<br />
as mesmas de ambos os lados! Como se todos os austeros<br />
deveres da mulher, não se derivassem disto; que um filho deve<br />
ter um pai! Quando mesmo estas importantes considerações<br />
nos faltassem, teríamos sempre a mesma a dar, e ella<br />
seria sempre sem replica: assim o ordenou a natureza, e<br />
abafar sua voz, éum crime. O homem pôde ser audacioso,<br />
que tal 6 seu destino; pois que era preciso que um se declarasse.<br />
Mas toda a mulher sem Pudor, é culpada, vil e depravada,<br />
porque calca aos pés um sentimento natural á seu saxo.<br />
Como se pode disputar a verdade deste sentimento ? A<br />
terra toda não dá disso pomposa testemunha? A comparação<br />
só dos sexos, bastara para certifica-la. Não é a natureza