Baixar - Brasiliana USP
Baixar - Brasiliana USP
Baixar - Brasiliana USP
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
— 179 -<br />
nossa sensibilidade, repete-se a cada instante da vida;<br />
e é provavelmente com este fio, que á natureza nosprendeo<br />
aos outros seres, sem o que* para todos, seriamos in-<br />
'defferentes: deste modo, quando um campo nos parece<br />
bello* nós por um momento nos identificamos com aquelle,<br />
qüe lhe recolhe os fructos. A belleza do universo nasce da<br />
ordem, em que está posta e em especial das vantagens<br />
que delia resultam aos entes sensíveis, que encerra, em<br />
cujo numero nos contamos.<br />
Nas prodücções dâ arte, assim como nas da natureza,<br />
consiste o »e//o, nas idéas da grandeza, e exacta correspondência<br />
da execução com um desígnio útil, que sempre em<br />
nosso espirito açcordam. A idéa da grandeza, excita ordinariamente<br />
a do poder: e quem é, que não sabe, porque motivo<br />
esta ultima atrahe tanto, os homens ? Querer-se-hia<br />
por ventura ser poderoso, se dahi não viesse proveito ? A<br />
grandeza e a humildade, seriam maneiras de existir absolutamente<br />
indifferentes, se não fossem as vantagens inherentes<br />
á uma, e aos inconvenientes, que acompanham sempre<br />
á outra.<br />
As proporções de um bello edifício, agradam-nos, porque<br />
exactamente preenchem o fim proposto, e concorrem para<br />
agrandeza e solidez da obra, ainda mais, que para a sua belleza:<br />
pouco admira-nos os mais bem acabados capiteis, corinthios,<br />
collocados sobre columnas, cujas dimensões não<br />
promettessem bastante segurança ao peso daquelías grandes<br />
maças, que tinha de sustentar; os ornatos só produzem bom<br />
effeito, quando reúnem as qualidades essenciaes: desdenharn-se<br />
os prazeres frivotos, quando senão gozara aquelles,<br />
que são indispensáveis: um teclo pintado por Miguel Ângelo,<br />
não deleitaria um homem, que receiasse vel-o desabar<br />
sobre a sua cabeça: por semelhantes impressões,<br />
ainda que menos manifestas, é que ordinariamente julgamos<br />
os obejtos, sem que o nosso espirito pareça adverti-lo. A<br />
architectura gothica dcsngrada-nos, porque os ornatos, de<br />
que excessivamente se carrega, e a falta sensível da proporção<br />
em seus meios, ainda mais do que provam o máo<br />
gosto do artista, annunç^iam a fragilidade do edifício; por<br />
isso que, servindo-lhe de regra o capricho, offerece muitos<br />
objectos sem desígnio; e que as suas multiplicadas figuras,<br />
em vez de nos recordarem a Natureza, nol-a fazem anto-