Baixar - Brasiliana USP
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E nua esta virtude inda é modesta.<br />
Cobre-a o^véo da decência, está vestida<br />
A Venus^udíbunda aos nossos olhos:<br />
Mas melindrosa, e timida, qual vemos<br />
Mtflxhando a sensitiva em nossos dedos<br />
Um gesto, uma palavra, ura nada a espanta;<br />
Corre a encontrara-lhe a timidez mimosa,<br />
Fria inflamma; e o Pudor a graça é d'alma,<br />
Mas quando neste quadro eu meafadigo,<br />
Elle próprio o pincel nas mãos ine embarga..<br />
Misto ineftevel de altivez, modéstia *<br />
Teme reprehensões, louvores teme,'<br />
Vejo corar seus tímidos feitiços,<br />
Profanar-lhe as feições temo aopintál-as<br />
DELILLE (Imag. Cant. 3),<br />
amor com D. Maria Joaquina Dorothéa de Seixas, dá-nos a idéa mais<br />
clara possível do Pudor desta virgem, na seguinte Lyra :<br />
Os seus compridos cabellos,<br />
Que sobre as costas ondeam,<br />
São que os de Apoio mais bellosj<br />
Mas de loura côr não são.<br />
Tem a côr da negra noite,<br />
E com o branco do rosto<br />
Fazem, Marilia, um composto<br />
Da mais formosa união.<br />
Tem redonda e lisa testa,<br />
Arqneadas sobrancelhas,<br />
A voz meiga, a vista honesta,<br />
E seus olhos são dous soes:<br />
Aqui vence amor ao céo,<br />
Que no dia luminoso<br />
O céo tem um sol formoso;<br />
E o travesso Amor tem dous.<br />
Nas suas faces mimosas,<br />
Marilia, estão misturadas<br />
Purpureas folhas de rosas,<br />
Brancas folhas de jasmim.<br />
Dos rubins mais preciosos<br />
Os seus beiços são formados;<br />
Os seus dentes delicados<br />
São pedaços de marfim!<br />
Mal vi seu rosto perfeito<br />
Dei logo um suspiro, e elle<br />
Conheceo haver-me feito<br />
Estragos no coração.<br />
« Punha em mim os olhos, quando<br />
.: Entendia eu não olhava,<br />
« Vendo que os via* baixava<br />
« A modesta vista ao chão;<br />
« Chamei-lhe um dia formoso;<br />
« Elle, ouvindo os seus louvores,<br />
« Com um gesto desdenhosó<br />
« Se surrio, e não fallòu.<br />
« Pintei-lhe outra vez o estado,<br />
« Em que estava esta alma postí:<br />
« Não me deo também resposta,<br />
« Constrangeo-se e suspirou!<br />
« Conheço os signaes, e logo<br />
« Animado da esperança,<br />
« Busco dar um desafogo<br />
« Ao cansado coração.<br />
« Pego em seus dedos nevados<br />
« E querendo dar-lhe um beijo,<br />
« Cobrio-se toda de pejo,<br />
« E fugio-me com a mão. »<br />
Tu, Marilia, agora vendo<br />
De Amor o lindo retrato,<br />
Comtigo estarás dizendo,<br />
Qoe é este o retrato teo!<br />
Sim, Marilia, a cópia é tua:<br />
Que Cupido, é deos supposto,<br />
Se ha Cupido, é só teu rosto,<br />
Oue elle foi quem me venceo1<br />
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