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Baixar - Brasiliana USP

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— 70 —<br />

pria para nutri-la e faze-la crescer; é animada de seu calor,.<br />

e vive tanto da vida que lhe communica, como da sua própria.<br />

Assim não será para sorprender, que as paixões que agitem<br />

a mãi passem ao filho. A communicação, que torna isso<br />

possível, existe: a creança, toma intima relação com o utero<br />

pela planceta e pelo cordão umbelical. E 1 verdade, que não<br />

se vêem nervos nessas partes; mas para que a vida circule e<br />

vá d'um lugar á outro, não é necessário que as parles sejam<br />

unidas por tramas nervosos; basta que exista entre ellas livre<br />

intimidade. Os nervos são cordões necessários nos animaes<br />

destinados a produzir grandes movimentos, ou a carregarem<br />

grandes pesos; porém todos os corpos organisados<br />

delles não precisam. Um dos phenomenos, que podem servir<br />

para provar esse commercio reciproco, e essa communidade<br />

de movimentos vitaes que existem entre a mãi e o feto, são<br />

as creanças acephalas, isto é, que nascem sem craneo e sem<br />

cérebro; morrem assim que nascem, pois que essas partes<br />

são essenciaes e necessárias ao homem, que vive de sua própria<br />

vida; o feto sem ellas vive, porque deve á mãi uma parte<br />

da força que o anima, e que suppre os órgãos que lhe faltam.<br />

Um dos autores (1), dos menos dispostos á crerem nos effeitos<br />

da imaginação sobre o filho, depois de haver esgotado<br />

de todo a sciencia da anatomia, para provar a impossibilidade<br />

d'uma transmissão das affecçõesda mãi ao filho, é forçado<br />

á confessar, que os filhos são sugeitos, durante a vida,<br />

a convoluções, porque soffre-as durante a gravidez, feridas<br />

de grande terror ou d'outra paixão viva. Esse autor disse,<br />

que pela falta de nervos, que estabelecem a communicação<br />

entre a mãi e o feto, únicos meios, pelos quaes os movimentos<br />

se podem transmittir á mãi, não pôde fazer experimentar<br />

ao filho o que sente. Porém se, como elle mesmo confessa,<br />

uma communicou á seu filho as convulsões causadas por<br />

um forte terror, é evidente que a mãi, pôde fazer o feto partilhar<br />

de suas affecções, sem intermediário soccorro de<br />

nervos.<br />

Mallebranche, como todos sabem, deo ao poder da imaginação<br />

a maior extensão. Muitos autores emprehenderam refutá-lo;<br />

porém os meios de que se serviram são muito vicio-<br />

(1) Haller, Elem. Phy.iol. Comp. hum. Tom. 8, lib. 20. pag. A50,

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