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Baixar - Brasiliana USP

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— 122 —<br />

cessou de clamar: Viva El-Rei! Perguntada pelo accusador<br />

publico sobre os motivos da sua conducta, respondeo, que<br />

obrara com muita reflexão, e premeditadamente; «e afim<br />

« (accrescentou ella) de vos persuadir disto mesmo, sabei,<br />

« que não foi por um sentimento exaggerado e digno dein-<br />

« dulgenc-ia,queeu fallei assim; pois que meu marido éve-<br />

« lho e eu moça. O desejo do governo do rei é o único mo-<br />

« tivo, que me determina a conduzir-me deste modo, e per-<br />

« sisto no voto, que acabo de fazer publicamente, e que face<br />

rei atéá morte.»<br />

• Uma declaração desta natureza era sem réplica. Poucos<br />

momentos depois que se lavrou o auto de prisão, Madama<br />

Lavergne compáreceo diante do tribunal, fez a mesma confissão,<br />

e foi condemnada á morte. Uma doce serenidade se<br />

patenteou desde esle instante no seu semblante; e dispoz-seá<br />

para a morte com tanto socego, quanto o seu coração estava<br />

satisfeito lista mulher sublime foi a primeira que subio para<br />

o carro, e pedio que a puzessem de modo, que pudesse ver<br />

seu marido. Este velho linha perdido os sentidos no momenloda<br />

partida; de modo que o estenderam por morto sobre<br />

uma pouca de palha, com a cabeça, aos pés da sua esposa. Os<br />

saltos do carro romperam a sua camisa, e deixáram-lhéa<br />

barriga exposta aos raios do sol, que era então bastante ardente.<br />

Madama Lavergne pedio ao executor, que tirasse um alfinete<br />

do lenço delia, e que pregasse a camisa de seu marido.<br />

Este infeliz esposo recobrou os sentidos; Madama Lavergne,<br />

aproveitando-se deste momento para lhe dizer o ultimo<br />

Adeos, chamou-o./Lavergne fitou a vista sobre ella. «N_o<br />

« te atemorises (lhe disse então esta mulher extraordinária),<br />

« é a tua esposa quem te falia; tu sabes, que eu não podia<br />

«viver sem ti; nós vamos morrer juntos. » Os olhos do infeliz<br />

velho arrazáram-se enl3o de lagrimas, e inchou-lhe o<br />

peito-, mas pouco tempo depois, teve ainda forças para exprimir<br />

á sua virtuosa esposa os sentimentos de gratidão de<br />

que era, penetrado a seu respeito. Madama Lavergne foi a<br />

única, que comprehendeo as suas ultinias expressões. O cadafalso,<br />

que os devia separar, reunio-os para sempre!<br />

A esposa de Mr. Dudon, procurador geral do parlamento<br />

de Bordeos, gemia afflicta pelo perigo, que ameaçava seu<br />

marido, preso desde o estabelecimento da Conimissão revo-

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