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Baixar - Brasiliana USP

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— 181 —<br />

feitos. O sentimento que a belleza nos faz experimentar, não<br />

éurn sentimento cego, não é uma sensação, que só dá ao<br />

nosso espirito uma idéa simplese confusa, que é independente<br />

de nossas idéas, de nosso intendimento. E' um sentimento<br />

reflectido do que somos affectados, só pelo conhecimento,<br />

menos confuso que, o que delle temos a principio;<br />

um sentimento cuja causa não é uma qualidade physica, uma<br />

impressão material, de um corpo sobre nossos sentidos; porém<br />

um objecto puramente ideal e intellectual, que só é percebido<br />

pelq,pensamento. Nós o descobrimos mesmo mui distinctamente,nos<br />

seres puramente intellectuaes, por meio do<br />

espirito, como n'um discurso, n'um poema, n'uma proposição<br />

composta, n'um systema scientifico. Se em muitos casos,<br />

devemos fazer uso do nossos sentidos para distinguirmos<br />

a Belleza, provém isso de a encontrarmos nos corpos, que<br />

percebemos pelos sentidos: porém mesmo neste caso, os<br />

sentidos servem-nos para descobrir a Belleza, assim como a<br />

vista nos serve para descobrir os pensamentos de um autor,<br />

n'um escripto que temos, ou com o ouvido a apanhar as<br />

idéas do orador que nos falia: estamos certos, que ninguém<br />

dirá,.que a vista e o ouvido, é que servem as perfeições intellectuaes<br />

do escripto, ou do discurso. Dizer, como nós, que<br />

o sentimento da Belleza, é um sentimento reflectido, não é<br />

dizer, como alguns cscriptores, que percebemos e sentimos<br />

a Belleza, por um instinclo tão pouco esclarecido e reflectido,<br />

como o que nos faz distinguir quanto é bom ama-la,<br />

distinguirmos o doce calor do corpo humano, e o ardor abrazador<br />

do fogo.<br />

Com effeito, se o systema desses escriptores, tivesse fundamento,<br />

porque razão o menino não perceberia alguma Belleza,<br />

no que por esta qualidade encanta ao homem feito?<br />

Porque razão um ignorante, cujos sentidos são tão perfeitos<br />

como o do muis hábil conhecedor, não encontraria alguma<br />

Belleza, no que encanta o homem instruído? Não é necessário<br />

conhecimento algum preferível, nenhuma meditação,<br />

nenhuma indagação,nenhuma experiência precedente, para<br />

que um menino,-ou um ignorante, que nada tem visto, e<br />

que pouco tem reflectido, ache agradável o leite de sua ama,<br />

o cheiro de uma rosa, o som de uma flauta, e o gosto de<br />

uma fruía bem madura. Dirão do mesmo modo, que não é<br />

necessário ter uma luz de experiência e de reflexão para eu-

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