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— 127 —<br />

Mendigo, a quem cedi pequena esmola,<br />

Deu-me quatro sementes de saudade ;<br />

Ao meu jardim domestico levei-as,<br />

Cavei, reguei a terra <strong>com</strong> meu pranto,<br />

E plantei as saudades. Soluçando<br />

Chamei alli os meus: « Aqui vos deixo<br />

(Disse apontando a plantação) « em flores<br />

« Minh'alma toda inteira ; aqui vos deixo<br />

« Um thesouro enterrado. Jóias, oiro,<br />

« Riquezas, não, não tem, porém na terra<br />

Estéril não será. » Ondas de pranto<br />

Afogaram-me a voz : houve silencio ;<br />

Palpei de novo o chão ; vi que de novo<br />

Cavado estava ! A terra se afundára,<br />

E as sementes nadavam sobre lagrimas,<br />

Que minha mãi e minha irmã choravam....<br />

Replantei-as, orei, beijei a terra,<br />

E parti... Trouxe d'alma só metade;<br />

E o coração ?... deixei-o n"um abraço.<br />

IV<br />

Certo estou de que a planta, já crescida,<br />

Terá brotado flor. Si ao menos dado<br />

Me fosse colher uma... ver a terra<br />

Pelo pranto dos meus sanctificada !<br />

Si uma dessas saudades enfeitar-me<br />

Viesse a minha eça, ou meu sudário,

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