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bellos dias ! Torturava-o a idéa da miséria em que
ficaria sua esposa e procurava deixar-lhe por herança
um compendio de grammatica portugueza (33)
para a escola militar, o qual concluiu com grande
satisfação, c quando começava a lançar sobre o papel
os prolcgómenos de um novo livro para instrucção
do soldado, o mal que se exarcerba e as forças
que se lhe diminuem. Agonisante, como o naufrago
que ve fugir-lhe a taJboa de salvação, corria os olhos
sobre as ultimas paginas que escrevia, calculava o
muito que ainda lhe faltava para concluir e o pouco
que já lhe restava de vida na ampulheta da morte e
uma lagryma lhe rolava nos olhos. « — Não concluirei,
exclamava elle, este livro que minha mulher
poderia ao menos trocar por um pedaço do pão ! »
Troava de novo nas aguas do Prata o canhão
brazileiro cm desafronta do pavilhão auriverde.
Saudára-o na aurora da existcncia c vinha, trinta e
oito annos depois, mesclar-se ás descargas de seu
funeral. Pallido e triste despontou para elle o dia 28
de Setembro de 1861. Sentia a mão da morte gelarlhe
o coração. Pediu papel e escreveu o Ultimo canto
do cysne (34). Leu depois com a voz entrecortada de
soluços os sentidos quartetos que traçára. A esposa,
que lhe sustinha a cabeça entre as mãos, desfaziase
em pranto. Cobrando o animo que lhe ia faltando
e arrancando-se-lhe dos braços, disse como que cheio
de vigor :
— Mulher, não chores. Resigna-te porque preciso
do tua coragem para me ajudares n'esta hora
extrema. E'a morte uma separação como qualquer
outra. Temos todos nós de fazer esta viagem e nos