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Não conte a ninguém

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Ele achava que aquilo nos tornava amigos – como se ele<br />

fosse o leão da fábula de Esopo, e eu, o camundongo que<br />

havia arrancado o espinho de sua pata, mas estava enganado.<br />

Tyrese e Latisha nunca se casaram, apesar de ele ser um<br />

dos poucos pais que eu via por ali. Ele terminou o<br />

cumprimento e me entregou duas notas de 100 dólares, como<br />

se eu fosse um maître do Le Cirque.<br />

Ele me encarou.<br />

– Você cuida bem do meu filho.<br />

– Faço o possível.<br />

– Você é o melhor de todos, doutor. – Ele me entregou o<br />

cartão de visita, que não tinha nome, nem endereço, nem<br />

cargo. Apenas um telefone celular.<br />

– Se precisar de qualquer coisa, é só ligar.<br />

– Pode deixar – respondi.<br />

Ainda me fitando, acrescentou:<br />

– Qualquer coisa, doutor.<br />

– Certo.<br />

Eu embolsava o dinheiro. Repetíamos essa mesma rotina<br />

havia seis anos. No trabalho da clínica, encontrava muitos<br />

traficantes de drogas. <strong>Não</strong> conheci nenhum, além de Tyrese,<br />

que tivesse sobrevivido seis anos.<br />

Claro que eu não ficava com o dinheiro. Doava tudo para as<br />

obras de caridade em que Linda trabalhava. Legalmente<br />

questionável, eu sabia, mas, na minha opinião, melhor o dinheiro<br />

ir para a caridade do que para um traficante. Eu não<br />

tinha nenhuma ideia de quanto dinheiro Tyrese possuía. Mas<br />

ele estava sempre de carrão novo – preferia os BMWs com<br />

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