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Não conte a ninguém

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Havia um número de telefone rabiscado embaixo.<br />

Minha cabeça começou a doer. Desde o ataque, sofro de<br />

enxaqueca. Os golpes racharam meu crânio. Fiquei hospitalizado<br />

por cinco dias, embora um especialista, meu colega de<br />

turma na faculdade de medicina, ache que a enxaqueca tenha<br />

origem psicológica, e não fisiológica. Talvez tenha razão. De<br />

qualquer modo, a dor e a culpa permanecem. Eu deveria ter<br />

me esquivado. Eu deveria ter pressentido o ataque. Eu não<br />

deveria ter caído na água. Acabei encontrando forças para me<br />

salvar – mas não para salvar Elizabeth.<br />

Águas passadas não movem moinhos, eu sei.<br />

Li o recado novamente. Chloe começou a choramingar.<br />

Levantei o dedo em sinal de repreensão. Ela parou, mas<br />

voltou a olhar sucessivamente para mim e para a porta.<br />

Eu não ouvia falar do xerife Lowell havia oito anos, mas<br />

ainda me lembrava dele avultando sobre meu leito no hospital,<br />

seu rosto marcado pela dúvida e pelo ceticismo.<br />

O que ele poderia querer depois de tanto tempo?<br />

Peguei o telefone e liguei. Uma voz atendeu no primeiro<br />

toque.<br />

– Dr. Beck, obrigado por retornar a ligação.<br />

<strong>Não</strong> sou um grande fã do identificador de chamadas – Big<br />

Brother demais para o meu gosto. Pigarreei e fui direto ao<br />

assunto.<br />

– Em que posso ajudá-lo, xerife?<br />

– Estou nas redondezas – respondeu ele. – Gostaria de<br />

passar aí e vê-lo, se possível.<br />

– É uma visita social? – indaguei.<br />

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