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Não conte a ninguém

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39<br />

BRUTUS JUNTOU-SE A NÓS NA CALÇADA. Eu lhe dei bomdia.<br />

Ele não disse nada. Eu ainda não o tinha ouvido falar.<br />

Acomodei-me no banco traseiro. Tyrese sentou-se ao meu<br />

lado e sorriu. Na noite anterior ele matara um homem. É bem<br />

verdade que foi para salvar minha vida, mas, pela sua despreocupação,<br />

talvez nem se lembrasse de ter apertado o gatilho.<br />

Melhor do que qualquer um, eu deveria entender o que se<br />

passava com ele, mas não entendia. <strong>Não</strong> sou muito adepto de<br />

princípios morais absolutos. Eu vejo os matizes. Faço concessões.<br />

Elizabeth tinha uma visão mais clara de sua bússola<br />

moral. Ela teria ficado horrorizada com a perda de uma vida.<br />

Para ela, não teria importado que o homem estivesse tentando<br />

me sequestrar, torturar e provavelmente matar. Ou<br />

talvez importasse. Eu já nem sei mais. A dura verdade é que<br />

eu não sabia tudo sobre ela. E ela certamente não sabia tudo<br />

sobre mim.<br />

Minha formação médica me programou para nunca fazer<br />

esse tipo de seleção moral. É uma simples regra de triagem: o<br />

paciente com ferimentos mais graves é tratado primeiro. <strong>Não</strong><br />

importa quem seja ou o que fez. Você trata os casos mais<br />

graves primeiro. Uma bela teoria, e entendo sua necessidade.<br />

Mas se, digamos, meu sobrinho Mark fosse trazido ao hospital<br />

com uma punhalada e o pedófilo que o ferira chegasse ao<br />

mesmo tempo com uma bala na cabeça, não há dúvida sobre

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