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Não conte a ninguém

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que indicava que estávamos no Bronx. Por um momento,<br />

agachei-me com medo de que alguém espiasse para dentro do<br />

carro, mas depois lembrei que os vidros eram escuros. Olhei<br />

para fora.<br />

A área era feia como o diabo, como uma daquelas cenas<br />

que se veem nos filmes apocalípticos depois da detonação da<br />

bomba. Havia diversos trechos de prédios em ruínas, em<br />

diferentes estágios de decadência. As construções pareciam<br />

ter desmoronado de dentro para fora, como se a estrutura de<br />

suporte tivesse se desgastado.<br />

Continuamos um pouco mais. Tentei compreender o que<br />

a<strong>conte</strong>cia, mas meu cérebro criava obstáculos. Uma parte de<br />

mim reconheceu que eu estava quase em estado de choque. A<br />

outra nem sequer admitia essa possibilidade. Concentrei-me<br />

nos arredores. À medida que avançamos – penetrando mais<br />

fundo na decadência –, os prédios habitáveis foram desaparecendo.<br />

Embora devêssemos estar a poucos quilômetros<br />

da clínica, eu não tinha a menor ideia de onde nos encontrávamos.<br />

Ainda no Bronx, pensei. Sul do Bronx,<br />

provavelmente.<br />

Pneus velhos e colchões rasgados jaziam como destroços<br />

de guerra no meio da rua. Grandes blocos de cimento podiam<br />

ser vistos em meio ao capim. Havia carros depenados e, embora<br />

eu não visse fogo, parecia ter havido algum incêndio no<br />

passado.<br />

– O senhor vem sempre aqui, doutor? – perguntou Tyrese,<br />

disfarçando o riso.<br />

<strong>Não</strong> me dei o trabalho de responder.<br />

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