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Não conte a ninguém

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Reagi sem pensar. Saltei para o lado, atirei-me ao chão,<br />

rolei, apanhei a Glock e mirei. O homem simplesmente levantou<br />

as mãos para o alto. Examinei-o, mantendo a pistola<br />

apontada para ele. <strong>Não</strong> era quem eu esperava. A barba espessa<br />

parecia um ninho de pintarroxos após o ataque de um<br />

corvo. Os cabelos, compridos e emaranhados. As roupas, uma<br />

camuflagem esfarrapada. Por um momento, pensei que estivesse<br />

de volta à cidade, diante de mais um morador de rua.<br />

Mas não era nada disso. O homem se erguia reto e firme. Ele<br />

me olhou nos olhos.<br />

– Quem é você? – perguntei.<br />

– Faz muito tempo, David.<br />

– Eu não o conheço.<br />

– É verdade. Mas eu o conheço. – Ele apontou com a<br />

cabeça para a cabana atrás de mim. – Você e sua irmã. Eu<br />

costumava observar vocês brincarem aqui.<br />

– <strong>Não</strong> entendo.<br />

Ele sorriu. Seus dentes – ele ainda tinha todos – eram de<br />

um branco ofuscante em contraste com a barba.<br />

– Sou o bicho-papão.<br />

À distância, ouvi uma família de gansos grasnar ao descer<br />

voando à superfície do lago.<br />

– O que você quer? – perguntei.<br />

– Absolutamente nada – respondeu ele, ainda sorrindo. –<br />

Posso abaixar as mãos?<br />

Concordei, com um movimento de cabeça. Ele deixou as<br />

mãos caírem. Eu abaixei o revólver, mas o mantive engatilhado.<br />

Refleti sobre o que ele dissera e perguntei:<br />

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