18.04.2013 Views

Não conte a ninguém

Não conte a ninguém

Não conte a ninguém

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

– Ótimo.<br />

Ele caminhou até um velho bar com rodinhas perto da<br />

lareira e, portanto, das fotografias. Mantive os olhos baixos.<br />

– Hoyt? – tentei.<br />

Ele abriu uma garrafa.<br />

– Você é médico – disse ele, apontando para mim com um<br />

copo na mão. – Você já viu pessoas mortas.<br />

– Sim.<br />

– Então você sabe como é.<br />

Claro que eu sabia.<br />

Ele trouxe a bebida. Peguei-a com uma rapidez exagerada e<br />

tomei um gole. Ele me observou e, em seguida, levou o copo à<br />

boca.<br />

– Sei que nunca lhe perguntei sobre os detalhes – comecei.<br />

Mais do que isso, eu os evitava deliberadamente. As famílias<br />

das outras vítimas banhavam-se neles. Elas apareciam diariamente<br />

no julgamento de KillRoy, ouviam e choravam. Eu<br />

não. Acho que isso as ajudava a extravasar a dor. Preferi ficar<br />

com a minha.<br />

– Você não quer saber os detalhes, Beck.<br />

– Ela foi espancada?<br />

Hoyt examinou a bebida.<br />

– Por que você está fazendo isso?<br />

– Preciso saber.<br />

Ele me olhou por sobre o copo. Seus olhos se moveram ao<br />

longo do meu rosto. Senti como se estivessem espetando<br />

minha pele. Mantive o olhar firme.<br />

– Havia ferimentos, sim.<br />

76/437

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!