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Não conte a ninguém

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coisas são as que importam, viva o momento –, e posso<br />

repeti-los exaustivamente. Você poderá ouvir, mas não vai<br />

conseguir internalizar o que eu disser. A tragédia é pessoal.<br />

Ela fica gravada na alma. A gente deixa de ser feliz. Mas se<br />

transforma numa pessoa melhor.<br />

O que torna tudo isso mais irônico é que, muitas vezes,<br />

desejei que Elizabeth me visse como sou agora. Por mais que<br />

desejasse, não acredito que os mortos estejam nos observando<br />

ou em qualquer dessas fantasias com que nos consolamos.<br />

Acho que os mortos foram embora para sempre. Mas<br />

não posso deixar de pensar que talvez agora eu seja digno de<br />

Elizabeth.<br />

Um homem mais religioso poderia se perguntar se não foi<br />

por isso que ela voltou.<br />

Rebecca Schayes era uma importante fotógrafa freelancer.<br />

Seu trabalho aparecia em todas as revistas de luxo, embora<br />

ela tivesse estranhamente se especializado em homens. Era<br />

comum atletas profissionais contratados para aparecer nas<br />

capas das revistas fazerem questão de que ela tirasse suas fotos.<br />

Rebecca gostava de brincar dizendo que tinha uma queda<br />

por corpos masculinos graças a “toda uma vida intensa de<br />

estudo”.<br />

Encontrei-a no estúdio da Rua 32 Oeste, perto da estação<br />

Penn do metrô. O prédio era um depósito horroroso que fedia<br />

por conta dos cavalos e charretes do Central Park abrigados<br />

no térreo. Preferi subir as escadas a pegar o elevador de<br />

carga.<br />

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