18.04.2013 Views

Não conte a ninguém

Não conte a ninguém

Não conte a ninguém

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

E agora?<br />

Talvez eu pudesse arrastar uma lixeira até lá, ficar de pé<br />

sobre ela e pular de novo. Mas as tampas das lixeiras haviam<br />

sido totalmente destruídas pela ferrugem. Mesmo que eu<br />

pudesse me equilibrar sobre as pilhas de lixo, não conseguiria<br />

altura suficiente.<br />

Respirei fundo e tentei refletir. O fedor estava me atingindo,<br />

entrando pelo nariz. Retrocedi até a entrada do<br />

beco.<br />

Estática de rádio. Como algo que você ouviria de um rádio<br />

da polícia.<br />

Espremi-me contra a parede e escutei. Esconder. Eu tinha<br />

de me esconder.<br />

A estática foi ficando mais alta. Ouvi vozes. Os tiras se<br />

aproximavam. Eu estava totalmente exposto. Grudei-me<br />

ainda mais na parede, como se aquilo pudesse ajudar. Como<br />

se eles fossem dobrar a esquina e me confundir com um<br />

mural.<br />

Sirenes abalavam o ar tranquilo. Sirenes por minha causa.<br />

Ouvi passos. Eles estavam definitivamente se<br />

aproximando.<br />

Só havia um lugar onde me esconder.<br />

Rapidamente imaginei qual dos latões seria o menos<br />

imundo, fechei os olhos e mergulhei.<br />

Leite azedo. Leite totalmente azedo. Foi o primeiro cheiro<br />

que me atingiu. Mas não foi o único. Senti um fedor ainda pior<br />

do que o de vômito. Eu estava sentado sobre algo úmido e<br />

219/437

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!