Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ
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<strong>CACO</strong> - <strong>90</strong> anos <strong>de</strong> História Série <strong>Memorabilia</strong> - <strong>UFRJ</strong><br />
comecei a <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ir à aula para ir ao<br />
<strong>CACO</strong>. O professor San Tiago Dantas me<br />
chamou <strong>de</strong>pois da aula e disse, “você era<br />
um dos melhores alunos, agora é um dos<br />
piores. Não <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> estudar porque não<br />
há ninguém que tenha li<strong>de</strong>rança no mundo<br />
que não esteja preparado”. Aí voltei a ser<br />
um bom aluno. Mas eu não <strong>de</strong>ixei <strong>de</strong> lado<br />
a minha militância, porque aquilo tudo<br />
subiu à minha cabeça. Eu era garoto, vindo<br />
do interior do Estado e, <strong>de</strong> repente, me vi<br />
presi<strong>de</strong>nte do <strong>CACO</strong>, dando entrevistas. Até<br />
sobre a eleição <strong>de</strong> miss Brasil pediam minha<br />
opinião! Era uma personalida<strong>de</strong>!<br />
<strong>CACO</strong>: As experiências à frente do CA-<br />
CO e do DCE trouxeram algum aprendizado<br />
para você?<br />
ESS: Trouxeram sim. Eu, com 23 anos incompletos,<br />
fui chamado para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />
um caso do júri, um dos casos mais complexos<br />
da época. Fui advogado <strong>de</strong> um dos<br />
co-réus. Foi um caso que teve uma repercussão<br />
enorme, porque envolvia jovens<br />
da classe média alta <strong>de</strong> Copacabana num<br />
estupro seguido <strong>de</strong> assassinato. 15 Foi um<br />
caso <strong>de</strong> repercussão enorme porque<br />
envolvia os chamados playboys. Eu fui<br />
chamado pra ser advogado do filho do<br />
porteiro, que tinha permitido, ou melhor,<br />
que não ia impedir que Cássio Murilo<br />
levasse a moça para o seu apartamento, ou<br />
pro terraço <strong>de</strong> um cara que era coronel do<br />
exército e que era síndico do prédio. Esse<br />
rapaz estava sendo acusado <strong>de</strong> ser um dos<br />
co-autores, mas isso foi uma violência<br />
jurídica. Mas então eu, com 23 anos, peguei<br />
o caso e me saí muito bem. Subia na<br />
tribuna e falava bem melhor que os advogados,<br />
que ficavam nervosos. Tudo isso<br />
porque eu aprendi na prática.<br />
<strong>CACO</strong>: A gestão <strong>de</strong> 56, foi uma das gestões<br />
<strong>de</strong> maior <strong>de</strong>staque da época. Apesar<br />
disso, nas eleições seguintes, a ALA acabou<br />
vencendo. A que o senhor atribui essa<br />
vitória?<br />
ESS: Isso se <strong>de</strong>u porque os alunos não estavam<br />
querendo radicalização e a turma<br />
da esquerda radicalizava muito. Os estudantes<br />
estavam per<strong>de</strong>ndo muitas aulas com<br />
os acontecimentos em que o <strong>CACO</strong> estava<br />
envolvido e acabaram se cansando.<br />
<strong>CACO</strong>: E quanto à gestão seguinte, sob a<br />
direção da ALA? A Reforma ficou na oposição?<br />
ESS: A Reforma ficou na oposição, mas as<br />
coisas foram <strong>de</strong>clinando, houve uma certa<br />
acomodação, até porque o governo do<br />
Juscelino era extremamente tolerante, então<br />
não tinha quem combater muito...<br />
<strong>CACO</strong>: O senhor disse que quando entrou<br />
na FND, a direção do <strong>CACO</strong> era da<br />
ALA, uma gestão u<strong>de</strong>nista...<br />
ESS: Era sim, o presi<strong>de</strong>nte era uma pessoa<br />
sem expressão, era um cara completamente<br />
louco. Gostaria <strong>de</strong> mencionar algo<br />
que acho importante: a minha gestão acabou<br />
com o trote. Mandavam os calouros<br />
tomarem banho naqueles lagos sujos do<br />
Campo <strong>de</strong> Santana, mandavam vestir roupas<br />
<strong>de</strong> mulher, era um show <strong>de</strong> sadomasoquismo.<br />
Espero que a Faculda<strong>de</strong> hoje,<br />
com seu espírito liberal, tenha enterrado<br />
isso.<br />
D 15s Caso Aída Cúri, 1958. O primeiro a ser con<strong>de</strong>nado,<br />
a 30 anos <strong>de</strong> prisão, foi o porteiro do prédio, Antônio João<br />
<strong>de</strong> Sousa, em 1960. Depois, o porteiro foi novamente<br />
julgado e absolvido por unanimida<strong>de</strong>. Ronaldo Guilherme<br />
<strong>de</strong> Souza Castro, que foi visto saindo <strong>de</strong>z minutos antes<br />
da hora em que o corpo foi jogado, ainda em 60 foi con<strong>de</strong>nado<br />
a 37 anos <strong>de</strong> prisão. Cássio Murilo Ferreira da<br />
Silva, mais provavelmente o assassino da jovem não foi<br />
con<strong>de</strong>nado pois era <strong>de</strong> menor e filho <strong>de</strong> general, cumpriu<br />
pena no Serviço <strong>de</strong> Assistência ao Menor (SAM), a Febem<br />
da época, foi indultado em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 62.<br />
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