18.04.2013 Views

Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ

Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ

Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>CACO</strong> - <strong>90</strong> anos <strong>de</strong> História Série <strong>Memorabilia</strong> - <strong>UFRJ</strong><br />

tância e atuação <strong>de</strong>sse movimento que foi<br />

possível convocar a primeira eleição estudantil<br />

realizada no Brasil após o golpe<br />

militar e o fechamento dos diretórios acadêmicos,<br />

vítimas daquela repressão brutal<br />

ao movimento estudantil. Foi em agosto <strong>de</strong><br />

64 que o diretor da faculda<strong>de</strong> convocou a<br />

eleição para a diretoria do <strong>CACO</strong> e nós a<br />

disputamos. Uma chapa do chamado movimento<br />

da Reforma, encabeçada pelo então<br />

estudante Fernando Barros 1 foi vitoriosa.<br />

Nós reabrimos o <strong>CACO</strong>, que estava fisicamente<br />

fechado. Nessa primeira eleição,<br />

juntamente comigo, vários colegas do<br />

Movimento <strong>de</strong> Calouros foram eleitos diretores.<br />

<strong>CACO</strong>: Qual foi a sua primeira atuação<br />

política?<br />

TLS: Eu tinha sido presi<strong>de</strong>nte do grêmio do<br />

colégio. Estu<strong>de</strong>i no antigo Colégio Anglo-<br />

Americano, em Botafogo. Lembro-me <strong>de</strong><br />

ter participado <strong>de</strong> um histórico congresso<br />

da AMES, realizado no Sindicato dos Metalúrgicos.<br />

Tive essa experiência no movimento<br />

secundarista. Por isso, guardadas<br />

as diferenças, esse ambiente não era tão<br />

novo. No <strong>CACO</strong>, a política externa era<br />

exercida pela minha vice-presidência, o<br />

que me obrigava ao relacionamento com<br />

outras faculda<strong>de</strong>s e outros estudantes militantes.<br />

O <strong>CACO</strong> integrava o Diretório Central<br />

dos Estudantes (DCE) da Universida<strong>de</strong><br />

do Brasil, e eu era ali o seu representante,<br />

convivendo com colegas <strong>de</strong> outros centros<br />

acadêmicos.<br />

<strong>CACO</strong>: Como era o diálogo entre o CA-<br />

CO e a UNE?<br />

TLS: Era excelente, eram entida<strong>de</strong>s muito<br />

ligadas, mas logo <strong>de</strong>pois o prédio da UNE<br />

foi incendiado e ela proscrita pela ditadura.<br />

Funcionava na clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong> e lembro<br />

da nossa participação num congresso<br />

clan<strong>de</strong>stino da UNE em que eu fui <strong>de</strong>legado<br />

do <strong>CACO</strong>. Foi realizado no porão da Igreja<br />

<strong>de</strong> Salete, no Catumbi, em 64. A polícia<br />

não foi ou, se foi, estava disfarçada. Acho<br />

que o presi<strong>de</strong>nte eleito da UNE naquele<br />

ano foi o Daniel Aarão Reis, 2 que era nosso<br />

candidato. O <strong>CACO</strong> tinha uma <strong>de</strong>legação<br />

gran<strong>de</strong> no congresso por causa do número<br />

<strong>de</strong> alunos, pois a representação era algo<br />

em torno <strong>de</strong> um <strong>de</strong>legado para cada 100<br />

alunos e <strong>de</strong>víamos ser uns 2.000 no corpo<br />

discente.<br />

<strong>CACO</strong>: Conte um pouco sobre a noite<br />

do golpe...<br />

TLS: Foi horrível, apavorante. Nós fizemos<br />

uma barricada <strong>de</strong> mesas <strong>de</strong> professores e<br />

carteiras ali no hall da escadaria, apagamos<br />

as luzes e ficamos escondidos no Salão<br />

Nobre. Dali nós tínhamos a visão dos carros<br />

transitando. Haviam incendiado a UNE<br />

e constava um boato que o Comando <strong>de</strong><br />

Caça aos Comunistas (CCC), um grupo <strong>de</strong><br />

extrema-direita atuante, queria atear fogo<br />

no <strong>CACO</strong>. Éramos uns 30 ou 50 estudantes<br />

com a orientação <strong>de</strong> dar a vida, resistir,<br />

lutar com pau e pedra na barricada para<br />

não <strong>de</strong>ixarem invadir o prédio. Éramos<br />

totalmente românticos. O dia primeiro <strong>de</strong><br />

abril foi mais assustador e dramático,<br />

porque o governo já tinha caído, o golpe<br />

já estava instalado. A partir dali o IPM do<br />

<strong>CACO</strong> foi instaurado contra os estudantes.<br />

Se você fazia um discurso qualquer em uma<br />

turma, meia hora <strong>de</strong>pois recebia uma intimação<br />

do coronel para <strong>de</strong>por. Era intimidação<br />

mesmo e ainda tinha a prática da<br />

<strong>de</strong>lação. Havia agentes da polícia disfarçados<br />

entre os alunos.<br />

D 1 Sobre Fernando Barros v. entrevista p. 139.<br />

D 2 Sobre Daniel Aarão Reis v. entrevista p. 249.<br />

237

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!