18.04.2013 Views

Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ

Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ

Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>CACO</strong> - <strong>90</strong> anos <strong>de</strong> História Série <strong>Memorabilia</strong> - <strong>UFRJ</strong><br />

do governo Figueiredo e havia o Conselho<br />

<strong>de</strong> Representantes <strong>de</strong> Turma (CART) e a<br />

Associação Atlética Acadêmica que eram,<br />

então, as únicas entida<strong>de</strong>s representativas<br />

do corpo discente.<br />

<strong>CACO</strong>: Qual foi o posicionamento do<br />

Machado Paupério na época da reabertura<br />

do <strong>CACO</strong>?<br />

LFH: Machado Paupério foi meu professor<br />

e tinha ligação com a <strong>de</strong>mocracia cristã.<br />

Sempre foi católico praticante e fazia críticas<br />

às injustiças sociais, falando sempre a favor<br />

das Reformas <strong>de</strong> Base. Como diretor,<br />

no princípio, teve uma atitu<strong>de</strong> indiferente<br />

diante da questão da reabertura do <strong>CACO</strong>.<br />

Mesmo em 78, quando Sobral Pinto 9 fez<br />

uma palestra e, com os estudantes, ‘provocou’<br />

o professor Paupério sobre a questão<br />

<strong>de</strong> reabrir o <strong>CACO</strong>, ele <strong>de</strong>sconversou,<br />

disse que não se opunha à reabertura, mas<br />

que não <strong>de</strong>pendia somente <strong>de</strong>le e sim da<br />

reitoria entre outras coisas. Paupério era<br />

um homem que sofria, há muito tempo, <strong>de</strong><br />

problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, que o <strong>de</strong>ixaram muito<br />

fragilizado fisicamente. Acho que sua<br />

atitu<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>rada por alguns como<br />

indiferente ou <strong>de</strong> cumplicida<strong>de</strong> com a<br />

ditadura, foi conseqüência imposta pelo<br />

seu estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Em seu livro, O Direito<br />

político <strong>de</strong> resistência, ele diz que<br />

on<strong>de</strong> há governos opressores os povos po<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong>rrubá-los pela força. Então, teoricamente,<br />

era um homem que apoiava<br />

mudanças sociais.<br />

<strong>CACO</strong>: O senhor foi membro do <strong>CACO</strong><br />

e um professor bastante combativo. Que<br />

importância tem o professor diante das<br />

lutas promovidas pelo diretório?<br />

LFH: Quando entrei na faculda<strong>de</strong>, percebi<br />

que tínhamos uma das congregações mais<br />

respeitadas <strong>de</strong> todas as unida<strong>de</strong>s da antiga<br />

Universida<strong>de</strong> do Brasil, que passou a se<br />

chamar Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, até para que o papel <strong>de</strong>la fosse<br />

diminuído, porque a abrangência do nome<br />

Brasil é muito maior do que Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

10 Naquela época, a congregação<br />

tinha professores juristas famosos, como<br />

San Tiago Dantas, Evaristo <strong>de</strong> Moraes Filho,<br />

Hélio Bastos Tornaghi, Clóvis Paulo da<br />

Rocha, Marcos Peixoto, Benjamim <strong>de</strong><br />

Moraes Filho, Lineu <strong>de</strong> Albuquerque Mello,<br />

Francisco Oscar Penteado Stevenson,<br />

professores que tinham participação<br />

efetiva, não somente em sala <strong>de</strong> aula mas,<br />

sobretudo na congregação. Havia <strong>de</strong>bate<br />

<strong>de</strong> questões que eram aprofundadas<br />

<strong>de</strong>pois, função, inclusive, <strong>de</strong> uma casa<br />

<strong>de</strong> excelência acadêmica. É claro que havia<br />

divergências entre eles, alguns eram<br />

mais <strong>de</strong> esquerda, outros mais <strong>de</strong> direita.<br />

Depois <strong>de</strong> 64, a participação dos professores<br />

na faculda<strong>de</strong> se reduziu bastante, e<br />

a congregação <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser o que havia<br />

sido no passado. Os professores começaram<br />

a faltar às aulas também. Antes, muitos<br />

professores renomados se ausentavam<br />

mas, <strong>de</strong>pois, esse problema foi se agravando<br />

<strong>de</strong> tal modo que praticamente nenhum<br />

professor participava mais. Quando acabou<br />

o governo Figueiredo e começou a<br />

Nova República, alguns professores passaram<br />

a ter uma participação mais aberta,<br />

inclusive eu. Posso citar Maria Guadalupe<br />

Piragibe da Fonseca, <strong>de</strong> Teoria do Direito,<br />

Rosângela Lunar<strong>de</strong>lli Cavallazzi, que atuou<br />

em projetos <strong>de</strong> extensão, Nelson Massini,<br />

<strong>de</strong> Medicina Legal, <strong>de</strong>ntre outros.<br />

D 9 Sobral Pinto (1893-1991) jurista, <strong>de</strong>fensor dos direitos<br />

humanos durante a ditadura do Estado Novo e a ditadura<br />

militar <strong>de</strong> 64, notabilizou-se um brilhante criminalista ao<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r presos políticos, como Miguel Arraes e Graciliano<br />

Ramos. Recebeu postumamente a con<strong>de</strong>coração<br />

da Or<strong>de</strong>m Nacional do Mérito em 85, até então concedida<br />

somente a chefes <strong>de</strong> Estado.<br />

D 10 Denominação que assume a partir <strong>de</strong> 65, no processo<br />

<strong>de</strong> implantação da reforma universitária <strong>de</strong> 68.<br />

169

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!