Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ
Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ
Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
270<br />
<strong>CACO</strong> - <strong>90</strong> anos <strong>de</strong> História Série <strong>Memorabilia</strong> - <strong>UFRJ</strong><br />
Os anos 80 marcam na América Latina a gradativa extinção dos regimes<br />
militares e a <strong>de</strong>flagração dos processos <strong>de</strong> re<strong>de</strong>mocratização. Bolívia (82), Argentina<br />
pós-Malvinas (83), Uruguai (84), Brasil (85) e Chile (88) vivenciam, cada qual à<br />
sua maneira, a difícil transição. As mudanças políticas não se refletem na economia,<br />
os governos militares entregam aos governos <strong>de</strong>mocráticos economias enfraquecidas<br />
por processos inflacionários e dívidas externas. A estagnação econômica facilita o<br />
advento do neoliberalismo.<br />
BRASIL<br />
O ano <strong>de</strong> 79 assinala o retorno da vida partidária no país. As pressões sociais<br />
pelo fim da ditadura intensificam-se. Das greves do ABC paulista surge a li<strong>de</strong>rança<br />
<strong>de</strong> Luís Inácio da Silva. Em 84, partidos <strong>de</strong> oposição e entida<strong>de</strong>s dos movimentos<br />
sociais mobilizam-se pelo retorno das eleições diretas para presi<strong>de</strong>nte. Inicia-se a<br />
campanha das Diretas Já. Milhares vão às ruas, mas a emenda constitucional Dante<br />
<strong>de</strong> Oliveira, que permitia a eleição direta, é <strong>de</strong>rrotada no Congresso.<br />
Em 85, Tancredo Neves é eleito indiretamente para a presidência da República,<br />
mas falece antes <strong>de</strong> tomar posse. Seu vice, José Sarney, antigo integrante da Arena,<br />
assume a presidência com o compromisso <strong>de</strong> convocar uma Assembléia Constituinte.<br />
Em outubro <strong>de</strong> 1988, promulga-se a Constituição cidadã, nas palavras <strong>de</strong> Ulysses<br />
Guimarães. A <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> seu perfil contraditório, reflexo da forte presença da<br />
bancada conservadora na Assembléia, vi<strong>de</strong> o chamado “centrão” e os interesses<br />
da União Democrática Ruralista (UDR), a Carta <strong>de</strong> 88 representa inegavelmente<br />
um avanço, sobretudo no que diz respeito às liberda<strong>de</strong>s públicas e aos direitos sociais.<br />
Ampliado seu mandato para 5 anos, Sarney anuncia, em fevereiro <strong>de</strong> 86, um<br />
plano <strong>de</strong> estabilização econômica, o Plano Cruzado. O apoio popular é imediato,<br />
reflexo da expectativa <strong>de</strong> redução da inflação que corroía o já baixo po<strong>de</strong>r aquisitivo<br />
das classes populares. Surgem os “fiscais do Sarney” e a <strong>de</strong>fesa da lista <strong>de</strong> preços<br />
tabelados. Ardilosamente vários produtos começam a <strong>de</strong>saparecer das prateleiras<br />
sendo encontrados mediante o pagamento <strong>de</strong> ágio. A inflação retorna por outros<br />
caminhos. Nas eleições <strong>de</strong> novembro, Sarney e seu partido, o PMDB, mantêm o<br />
congelamento <strong>de</strong> preços. A tática funciona politicamente e o PMDB elege 22 governadores<br />
e 54% das ca<strong>de</strong>iras do Congresso.<br />
Após as eleições, o governo lança o Plano Cruzado II liberando <strong>de</strong>terminados<br />
produtos do congelamento e elevando as tarifas <strong>de</strong> energia elétrica, telefone e correio.<br />
O plano não <strong>de</strong>tém a inflação e o ministro da fazenda, Dílson Funaro, cai em abril<br />
<strong>de</strong> 87. O que se assiste a seguir é uma sucessão <strong>de</strong> planos econômicos, primeiro<br />
pelas mãos <strong>de</strong> Luís Carlos Bresser Pereira, <strong>de</strong>pois Maílson da Nóbrega. O Plano<br />
Bresser e o Plano Verão I fracassam no intuito <strong>de</strong> conter a inflação.<br />
A década <strong>de</strong> 80 é caracterizada por uma avalanche <strong>de</strong> greves e campanhas salariais,<br />
par e passo à reorganização dos sindicatos e a construção da Central Única<br />
dos Trabalhadores e a organização do conjunto das entida<strong>de</strong>s dos movimentos sociais.<br />
O assassinato <strong>de</strong> Chico Men<strong>de</strong>s, em 1988, encerra o <strong>de</strong>cênio, anunciando