Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ
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<strong>CACO</strong> - <strong>90</strong> anos <strong>de</strong> História Série <strong>Memorabilia</strong> - <strong>UFRJ</strong><br />
Esse foi o ano em que o <strong>CACO</strong> voltou a ser<br />
o famoso <strong>CACO</strong>. Há três gran<strong>de</strong>s centros<br />
acadêmicos em faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Direito no<br />
Brasil: no Recife, em São Paulo, o XI <strong>de</strong><br />
Agosto 7 e o nosso <strong>CACO</strong> da FND, com<br />
toda a sua tradição <strong>de</strong> luta antifascista e<br />
pela Petrobrás. Estávamos recuperando<br />
aqueles gran<strong>de</strong>s momentos. Foi estrondosa<br />
a nossa votação. Quando entramos, conseguimos<br />
logo reformar o restaurante, que<br />
passou a ficar sob nossa administração.<br />
Reformamos o <strong>CACO</strong>, fizemos um <strong>de</strong>partamento<br />
<strong>de</strong> apostilas, um CPC, uma biblioteca<br />
popular e um convênio junto à<br />
Civilização Brasileira, do Ênio Silveira, 8 para<br />
reduzir em 30% o preço dos livros <strong>de</strong><br />
Direito. Nós combinávamos um trabalho<br />
político com um trabalho assistencial. A<br />
conquista <strong>de</strong> novos currículos, a participação<br />
na Congregação da Faculda<strong>de</strong>.<br />
Não nos afastávamos da base, por isso<br />
tínhamos uma gran<strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança. Nas<br />
assembléias do <strong>CACO</strong> os representantes<br />
da ALA eram minoria absoluta, intervinham<br />
apenas para fazer uma pequena divergência.<br />
Um dia estava lendo um livro sobre a educação<br />
pública no Brasil, publicado pelo<br />
MEC (Ministério da Educação e Cultura),<br />
conversei com o pessoal do <strong>CACO</strong> e disse:<br />
“Vamos tirar uns artigos daqui para ajudar<br />
na conscientização”. Daqueles artigos, três<br />
eram os meus favoritos, um do Octávio<br />
Ianni, outro do Florestan Fernan<strong>de</strong>s e, ainda,<br />
um outro do Fernando Henrique Cardoso.<br />
9<br />
<strong>CACO</strong>: O senhor teve participação política<br />
anterior?<br />
WO: Meu pai era getulista do PTB (Partido<br />
Trabalhista Brasileiro), que era um partido<br />
progressista. Adquiri consciência política<br />
na faculda<strong>de</strong>, apesar <strong>de</strong> ter uma base familiar.<br />
Meus pais eram pessoas muito ho-<br />
nestas. Meu pai era um comerciante, mas<br />
gostava do trabalhismo, tratava com muito<br />
respeito seus empregados. Com ele aprendi<br />
a ter uma mente não patronal, mas social.<br />
<strong>CACO</strong>: Fale um pouco do seu primeiro<br />
contato com o <strong>CACO</strong> e sua trajetória.<br />
WO: Fui vice-presi<strong>de</strong>nte e <strong>de</strong>pois presi<strong>de</strong>nte<br />
em 63. Quando entrei na faculda<strong>de</strong><br />
tinham os murais da ALA e da Reforma, me<br />
i<strong>de</strong>ntifiquei logo com a Reforma, que era<br />
transformadora, queria mudar o mundo.<br />
Fui lendo vários livros sobre os mais variados<br />
assuntos, <strong>de</strong>pois comecei a ler sobre<br />
filosofia, marxismo, maoísmo, todos os<br />
socialistas utópicos. Eu gostava muito <strong>de</strong><br />
História e quando tive contato com a<br />
dialética, foi um verda<strong>de</strong>iro avanço na<br />
minha vida. Eu não sabia discursar e no<br />
primeiro ano da faculda<strong>de</strong> fiz um discurso<br />
<strong>de</strong> improviso na Central do Brasil. No<br />
quarto ano já era o orador oficial da<br />
faculda<strong>de</strong>. A faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito foi uma<br />
experiência fantástica, os quatro melhores<br />
anos da minha existência. Não tem nada<br />
parecido na minha vida, a não ser os<br />
momentos que vivi, em 2001, no Flamengo,<br />
quando fui campeão. Foi um período<br />
<strong>de</strong> aprendizado, <strong>de</strong> teoria e <strong>de</strong> ação.<br />
D 7 O CA XI <strong>de</strong> Agosto é o Centro Acadêmico da Faculda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Direito do largo <strong>de</strong> São Francisco da Universida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> São Paulo, recebeu o nome em homenagem<br />
à lei que criou as duas primeiras faculda<strong>de</strong>s do Brasil,<br />
em São Paulo e Olinda, em 1<strong>90</strong>3.<br />
D 8 S. Ênio Silveira e a editora Civilização Brasileira v. n.<br />
14, p. 229.<br />
D 9 Octávio Ianni (1926-2004), sociólogo e professor, teve<br />
os direitos políticos cassados pelo AI-5, fez parte da<br />
corrente <strong>de</strong> pensamento <strong>de</strong>nominada “escola paulista<br />
<strong>de</strong> sociologia”, cuja principal referência é Florestan Fernan<strong>de</strong>s<br />
(1920-1995), sociólogo e professor, fundador da<br />
sociologia crítica no Brasil, <strong>de</strong>sligado da Universida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> São Paulo pelo AI-5 e exilado no Canadá; também<br />
integrou essa escola Fernando Henrique Cardoso (1931),<br />
sociólogo e professor, aposentado compulsoriamente<br />
pelo AI-5, exilado no Canadá e no Chile, presi<strong>de</strong>nte do<br />
Brasil em dois mandatos consecutivos, <strong>de</strong> 1995 a 2002.<br />
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