18.04.2013 Views

Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ

Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ

Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

130<br />

<strong>CACO</strong> - <strong>90</strong> anos <strong>de</strong> História Série <strong>Memorabilia</strong> - <strong>UFRJ</strong><br />

No final <strong>de</strong> 61 comecei a ter contato com o<br />

programa do Paulo Freire. 10 Fiz concurso e<br />

passei para o MEC. Fui à Cuba pelo movimento<br />

<strong>de</strong> alfabetização no final <strong>de</strong> 61.<br />

Fiquei <strong>de</strong> 15 a 20 dias, assisti, em 1 o <strong>de</strong><br />

janeiro <strong>de</strong> 1968, o terceiro aniversário da<br />

Revolução Cubana, havia um milhão <strong>de</strong><br />

cubanos na Praça da Revolução. Chegaram<br />

os brigadistas e o <strong>de</strong>sfile dos tanques<br />

russos, adquiridos por causa da invasão<br />

da Baía dos Porcos. Quando estavam<br />

passando os dois últimos tanques, o povo<br />

invadiu a praça. O locutor, preocupado,<br />

dizia para terem cuidado com os tanques,<br />

quando Fi<strong>de</strong>l assumiu o microfone e disse:<br />

“Pueblo <strong>de</strong> Cuba”. Pararam todos em<br />

silêncio. Ele disse uma frase inesquecível:<br />

“¡Porque no son tanques contra pueblo,<br />

sino pueblo con tanques! Solo marcha el<br />

pueblo con los tanques cuando son suyos<br />

y cuando son para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r una causa<br />

justa; sobre todo, cuando son para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />

la más sagrada y la más justa <strong>de</strong> las<br />

causas: la causa <strong>de</strong> la in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ncia<br />

nacional, la causa <strong>de</strong> la libertad y la causa<br />

<strong>de</strong> su Revolución”. 11 Fui um dos primeiros<br />

estudantes a ir à Cuba e nessa <strong>de</strong>legação<br />

estava Caio Prado Jr. 12 Conheci a experiência<br />

<strong>de</strong> alfabetização, atravessei o país<br />

todo. Voltei e fui o gran<strong>de</strong> propagandista<br />

da Revolução Cubana. Tive uma participação<br />

muito ativa, fazendo palestras, inclusive<br />

na UNE.<br />

<strong>CACO</strong>: Qual era a sua participação partidária?<br />

WO: Quando voltei, eu fui para o Partido<br />

Comunista Brasileiro (PCB).<br />

<strong>CACO</strong>: E seu trabalho da alfabetização?<br />

WO: Eu fui supervisor do grupo Paulo Freire<br />

em Nilópolis. Alfabetizei diretamente e<br />

<strong>de</strong>pois passei a preparar professores. Certa<br />

vez sofremos um atentado no pátio,<br />

jogaram bombas. Ao final <strong>de</strong> 61, início <strong>de</strong><br />

62, começou a gran<strong>de</strong> luta pela auto<strong>de</strong>terminação<br />

dos povos. Em um gran<strong>de</strong><br />

ato na UNE fiz um discurso, poucos tinham<br />

ido à Cuba, e eu era uns dos conhecidos.<br />

Quando acabei, o Oduvaldo Vianna<br />

Filho, 13 me convidou para participar <strong>de</strong><br />

uma adaptação da peça Punta <strong>de</strong>l Este,<br />

fazendo o discurso final, como o Fi<strong>de</strong>l.<br />

Passei a ser o gran<strong>de</strong> ator daquela peça,<br />

exibida, por exemplo, no gran<strong>de</strong> comício<br />

pelas Reformas <strong>de</strong> Base, na porta do palácio<br />

Tira<strong>de</strong>ntes, nas faculda<strong>de</strong>s, sindicatos e<br />

favelas. Era impressionante a nossa capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> trabalho. Eu acordava sete ou<br />

oito horas, ia para a UNE ou para o CPC,<br />

<strong>de</strong>pois ia para a faculda<strong>de</strong>, almoçava e a<br />

noite havia palestra. De manhã, às vezes<br />

eu ficava em casa estudando, já que sempre<br />

fui um bom aluno, porque achava que<br />

tínhamos que dar o exemplo. Éramos todos<br />

bons alunos e a minha casa virava o centro<br />

<strong>de</strong> estudos no final do ano, durante as<br />

provas.<br />

<strong>CACO</strong>: O presi<strong>de</strong>nte eleito em 61 foi Brandão<br />

Monteiro, cuja gestão marcou a retomada<br />

da gran<strong>de</strong> projeção do <strong>CACO</strong> no<br />

D 10 Paulo Reglus Neves Freire (1921-1997), educador,<br />

escritor e criador da Pedagogia da Libertação, preso durante<br />

o regime limitar, exilou-se na Bolívia, Chile e Suíça,<br />

on<strong>de</strong> atuou como consultor educacional para o Conselho<br />

Mundial das Igrejas, consi<strong>de</strong>rado um dos pensadores mais<br />

notáveis da pedagogia mundial, <strong>de</strong>ixou extensa obra.<br />

D 11 discurso pronunciado por Fi<strong>de</strong>l Castro Ruiz, resumindo<br />

os atos para festejar o terceiro aniversário da Revolução<br />

Socialista <strong>de</strong> Cuba em 2 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1962.<br />

D 12 Caio da Silva Prado Júnior (1<strong>90</strong>7-19<strong>90</strong>), bacharel em<br />

Direito, historiador e escritor, suas obras inauguram uma<br />

tradição <strong>de</strong> historiografia i<strong>de</strong>ntificada com o marxismo;<br />

professor da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, aposentado<br />

compulsoriamente pelo AI-5, exilou-se no Chile, retornou<br />

ao Brasil em 70, sendo con<strong>de</strong>nado e em seguida absolvido<br />

pelo Tribunal Militar.<br />

D 13 Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974), autor, ator e<br />

diretor <strong>de</strong> teatro e televisão, inspirado no pernambucano<br />

Movimento <strong>de</strong> Cultura Popular, i<strong>de</strong>alizou, em 61, o primeiro<br />

Centro <strong>de</strong> Popular <strong>de</strong> Cultura da UNE.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!