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Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ

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<strong>CACO</strong> - <strong>90</strong> anos <strong>de</strong> História Série <strong>Memorabilia</strong> - <strong>UFRJ</strong><br />

estávamos isolados e o diretor Hélio Gomes<br />

ameaçava reprimir fortemente. Nós<br />

achamos que era mais pru<strong>de</strong>nte recuar. Defendi<br />

o recuo e foi uma chora<strong>de</strong>ira, fui xingado,<br />

mas as matrículas seriam cassadas,<br />

além da suspensão por seis meses. Nós sustentamos<br />

o não pagamento enquanto tínhamos<br />

maioria, mas <strong>de</strong>pois fomos ver que<br />

estavam sobrando apenas 350 pessoas,<br />

não havia condição <strong>de</strong> continuar. Foi uma<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>rrota que marcou muito o <strong>CACO</strong>.<br />

Foi um período on<strong>de</strong> o <strong>CACO</strong> conseguiu<br />

sua maior expressão, o pólo centralizador<br />

no Rio <strong>de</strong> Janeiro, e eu dirigia, praticamente,<br />

todas as reuniões estudantis municipais,<br />

estaduais. Com a nossa <strong>de</strong>rrota o movimento<br />

no <strong>CACO</strong> caiu, não que tenhamos<br />

<strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> militar, mas ele não assumiu<br />

mais a vanguarda, mesmo em 68. Na<br />

verda<strong>de</strong>, em 67 caiu todo o movimento<br />

universitário, da UEG, da <strong>UFRJ</strong>. 67 foi um<br />

ano <strong>de</strong> estruturação.<br />

<strong>CACO</strong>: Em 66-67 o movimento da Reforma<br />

funcionou com estrutura própria, como<br />

se fosse um partido?<br />

VP: Não. Tinha estrutura, mas era uma reunião<br />

da Reforma, aberta, votava quem estivesse<br />

lá. Se tivessem 40 ou 50 pessoas elas<br />

<strong>de</strong>cidiriam o rumo do Centro Acadêmico.<br />

Não era um negócio on<strong>de</strong> a diretoria<br />

mandava. Então, quanto às questões do CA,<br />

a Reforma não fazia nada. Quando a Reforma<br />

estava no Centro Acadêmico nem<br />

tinha reunião da Reforma, só se reuniam<br />

para indicar candidato às eleições.<br />

<strong>CACO</strong>: A ALA tradicionalmente era u<strong>de</strong>nista?<br />

VP: Era. A ALA no CA também não fez mais<br />

nada.<br />

<strong>CACO</strong>: na formação da ALA era possível<br />

encontrar gran<strong>de</strong> parte dos <strong>de</strong>dos-duros?<br />

VP: Não é bem assim, os <strong>de</strong>dos-duros já<br />

existiam em 64. Os mesmos que continuaram<br />

dirigentes da ALA foram os mesmos<br />

que viraram lacerdistas. Fizeram uma espécie<br />

<strong>de</strong> crítica mas não havia gran<strong>de</strong>s<br />

mudanças <strong>de</strong> nomes, são as mesmas pessoas:<br />

Deleuze que foi presi<strong>de</strong>nte do CA-<br />

CO oficial e Amorim, que era o chefe da<br />

tropa <strong>de</strong> choque. Haddad 11 era diferente,<br />

veio <strong>de</strong>pois, era um purista <strong>de</strong> direita, um<br />

cara honesto, sério, ia lá para discutir, tentava<br />

argumentar. A partir <strong>de</strong> 67 já não acompanhei<br />

mais, porque estava fora do<br />

movimento do <strong>CACO</strong>. Eu fiquei ligado à<br />

faculda<strong>de</strong> até agosto quando fui suspenso<br />

<strong>de</strong> novo, então estava me preparando para<br />

ir para o movimento operário, que era<br />

o meu <strong>de</strong>sejo.<br />

<strong>CACO</strong>: Como era a relação do <strong>CACO</strong><br />

com a UNE?<br />

VP: Não havia relação com a UNE. Teve<br />

um cara da UNE que foi ao <strong>CACO</strong> durante<br />

uma agitação no dia do Ato Institucional<br />

n o 2. Sem sabermos do AI-2 nós marcamos<br />

o julgamento popular do golpe, na<br />

Central, que seria a primeira manifestação<br />

<strong>de</strong> rua contra a ditadura. Seria, também, a<br />

primeira manifestação <strong>de</strong> funcionários<br />

públicos. Nós estávamos esperando uma<br />

pancadaria. O resultado foi que, no dia da<br />

manifestação, saiu o AI-2 e os funcionários<br />

cancelaram a manifestação. Depois <strong>de</strong> uma<br />

longa discussão <strong>de</strong>cidimos fazer a manifestação<br />

mesmo assim. Tinham umas 80<br />

pessoas andando pela calçada e fomos<br />

muito aplaudidos. O presi<strong>de</strong>nte da UNE,<br />

Antônio Xavier, ficou e não sabia o que fazer,<br />

em canto nenhum existia um negócio<br />

como aquele, veio polícia, jogou uma bomba<br />

e dissolveu a manifestação.<br />

D 11 Sobre Luís Felipe Haddad ver entrevista p. 165.

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