Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ
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O mais antigo analista político em ativida<strong>de</strong> no Brasil<br />
foi presi<strong>de</strong>nte do <strong>CACO</strong> em 1945 e formou-se na FND<br />
em 1947. Iniciou a carreira <strong>de</strong> jornalista em A Notícia,<br />
tendo participado da criação do jornal O Dia e ainda<br />
trabalhado no Estado <strong>de</strong> São Paulo e nas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
televisão Ban<strong>de</strong>irantes e Manchete. Exerce há mais <strong>de</strong><br />
50 anos a profissão, sendo hoje colunista do Jornal do<br />
Brasil. Seu livro mais famoso: Conversa com a memória<br />
– A história <strong>de</strong> meio século <strong>de</strong> jornalismo político.<br />
Villas-Bôas Corrêa<br />
<strong>CACO</strong>: Em que ano o senhor ingressou na<br />
faculda<strong>de</strong>?<br />
Villas-Bôas Corrêa: Ingressei em 42. O<br />
presi<strong>de</strong>nte do <strong>CACO</strong> era Carlos Roberto<br />
<strong>de</strong> Aguiar Moreira, que ficou conhecido<br />
como secretário particular do Eurico Gaspar<br />
Dutra. Ele era um rapaz muito rico e<br />
foi acusado <strong>de</strong> usar seu dinheiro, não para<br />
comprar pessoas, mas para pagar almoços,<br />
comprar material <strong>de</strong> propaganda. Eu,<br />
então, calouro, comecei a assistir aquela<br />
luta política na faculda<strong>de</strong> e isso me marcou<br />
muito. Entrei na luta política, na sucessão<br />
do Carlos Roberto, só dando meus<br />
palpites. Somente na sucessão do Carlos<br />
Ivan da Silva Leal 1 participei como candidato.<br />
<strong>CACO</strong>: Era um sistema <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong>?<br />
VBC: Não, era voto majoritário e direto. Minha<br />
eleição foi anulada porque alegaram<br />
ter havido erro na contagem. Ela foi marcada<br />
<strong>de</strong> um lado por uma luta política acirrada<br />
e, do outro, por uma enorme cordialida<strong>de</strong><br />
entre os candidatos, por exemplo, o<br />
José Luís Bulhões <strong>de</strong> Pedreira 2 era um gen-<br />
tleman, famosíssimo advogado, com um<br />
temperamento excêntrico e que raramente<br />
aparecia nas reuniões da turma. Nós nos<br />
reunimos todos os anos e ele só apareceu<br />
nos 50 anos <strong>de</strong> formatura.<br />
<strong>CACO</strong>: Ele era seu adversário?<br />
VBC: Sim. Mas como disse, um adversário<br />
com gran<strong>de</strong> cordialida<strong>de</strong>. A luta política<br />
começou a se acirrar quando fui eleito<br />
presi<strong>de</strong>nte, ganhando um novo contorno<br />
i<strong>de</strong>ológico, porque todo mundo era contra<br />
a ditadura e os getulistas nós contávamos<br />
nos <strong>de</strong>dos. A luta estudantil passou<br />
a ser muito interna, com uma outra significação.<br />
<strong>CACO</strong>: O presi<strong>de</strong>nte do <strong>CACO</strong> <strong>de</strong> 44, Carlos<br />
Ivan da Silva Leal, nos <strong>de</strong>u a impressão<br />
que as gestões que antece<strong>de</strong>ram a sua se<br />
D 1 S. Carlos Ivan da Silva Leal, v. entrevista p. 45.<br />
D 2 José Luís Bulhões <strong>de</strong> Pedreira (1925-2007), jurista, se<br />
notabilizou pelos trabalhos na área <strong>de</strong> regulação da<br />
ativida<strong>de</strong> econômica; em co-autoria com Alfredo Lamy<br />
Filho, escreveu a Lei das Socieda<strong>de</strong>s Anônimas (Lei n o.<br />
6.404/76), participou da elaboração da legislação que<br />
fundamentou a criação do Banco Central na década <strong>de</strong><br />
60, atuou como consultor do Banco Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />
Econômico e Social (BNDES).<br />
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