18.04.2013 Views

Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ

Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ

Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

306<br />

<strong>CACO</strong> - <strong>90</strong> anos <strong>de</strong> História Série <strong>Memorabilia</strong> - <strong>UFRJ</strong><br />

<strong>CACO</strong>: Mesmo em 87 ainda existia represália<br />

dos militares às manifestações naquela<br />

área?<br />

SGCLS: Sim, ainda era gran<strong>de</strong>. É claro que<br />

muito menor do que antes da re<strong>de</strong>mocratização,<br />

mas nas ocasiões em que fazíamos<br />

o “enterro do golpe” a presença dos<br />

militares era gran<strong>de</strong>. Os anos <strong>de</strong> 87 e 88<br />

foram marcados por muita mobilização<br />

popular. Lembro <strong>de</strong> um inci<strong>de</strong>nte, quando<br />

o Sarney veio ao Rio e houve uma manifestação<br />

contra ele e o ônibus da comitiva<br />

presi<strong>de</strong>ncial foi apedrejado. O <strong>CACO</strong><br />

foi acusado <strong>de</strong> ter sido o autor das agressões,<br />

o que não era verda<strong>de</strong>. Naquele dia,<br />

vi cartazes convocando a população para<br />

aquele ato, mas nenhuma entida<strong>de</strong> os assinava.<br />

Decidimos não ir porque ficamos<br />

receosos. À noite seria o lançamento do<br />

nosso jornal A Crítica e o <strong>CACO</strong> recebeu<br />

ligações <strong>de</strong> toda a imprensa, pois havia<br />

uma linha <strong>de</strong> investigação que acusava o<br />

<strong>CACO</strong> <strong>de</strong> autor. Ficamos preocupados,<br />

porque não éramos a favor daquele tipo<br />

<strong>de</strong> manifestação. Luís Cláudio do Santos<br />

Branco, 1 um dos diretores do <strong>CACO</strong> na época,<br />

respon<strong>de</strong>u à imprensa, dizendo que<br />

nossas manifestações eram pacíficas, até<br />

porque o <strong>CACO</strong> estava comprometido com<br />

a transição para a <strong>de</strong>mocracia. Houve quem<br />

criticasse Luís Cláudio, porque o <strong>CACO</strong> não<br />

apoiava a política <strong>de</strong> transição <strong>de</strong>mocrática.<br />

Foi um período <strong>de</strong> intensa politização,<br />

on<strong>de</strong> as questões da faculda<strong>de</strong> relacionavam-se<br />

com as questões da conjuntura<br />

nacional. Naquela época, os telefones do<br />

<strong>CACO</strong> estavam grampeados. Nunca imaginamos<br />

que isso ainda acontecia no final<br />

da década <strong>de</strong> 80.<br />

<strong>CACO</strong>: Quais eram as ban<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> luta<br />

do Centro Acadêmico?<br />

SGCLS: Durante a Constituinte eram muitas<br />

as ban<strong>de</strong>iras. Era mais fácil mobilizar<br />

os estudantes para as questões ditas “externas”,<br />

porque era época <strong>de</strong> instituição<br />

<strong>de</strong> direitos. Durante os anos <strong>de</strong> 87 e 88, todas<br />

as atenções estavam voltadas para a<br />

Assembléia Nacional Constituinte. A <strong>UFRJ</strong><br />

discutia o tema e nós também. No primeiro<br />

ano <strong>de</strong> faculda<strong>de</strong> havia um ciclo <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates<br />

chamado “Constituinte: Para Fazer<br />

Direito”, se não me engano, organizado<br />

pelo <strong>CACO</strong>. Muita gente envolvida na discussão<br />

da Constituinte veio à Faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>bater. Era o momento propício para se<br />

rediscutir o Direito Constitucional e os parâmetros<br />

<strong>de</strong>mocráticos. Depois <strong>de</strong> 88, ou<br />

seja, <strong>de</strong>pois da Constituição promulgada,<br />

tínhamos pela frente a dura tarefa <strong>de</strong> implementar<br />

a Autonomia Universitária que tinha<br />

duas frentes: a discussão institucional da<br />

Universida<strong>de</strong> e a luta pela “estatuinte” e a<br />

discussão interna entre os estudantes. Nós<br />

não tínhamos a lei que <strong>de</strong>terminava legalmente<br />

os critérios <strong>de</strong> participação. Por isso<br />

havia uma disputa sobre quais parâmetros<br />

incidiriam nas eleições para os cargos diretivos<br />

da faculda<strong>de</strong>. Uma parte do movimento<br />

sindical e do estudantil, <strong>de</strong>fendia o<br />

voto universal, outra parte <strong>de</strong>fendia o voto<br />

paritário entre os três segmentos, e o <strong>CACO</strong><br />

também.<br />

Essa era a nossa luta e tivemos uma atuação<br />

bastante <strong>de</strong>stacada em busca da autonomia.<br />

Na discussão da reeleição do Horácio<br />

Macedo 2 tivemos todo um processo<br />

<strong>de</strong> votação inicial, que envolveu um <strong>de</strong>bate<br />

no Conselho Universitário (CONSUNI)<br />

D 1 Luis Cláudio dos Santos Branco foi diretor do <strong>CACO</strong><br />

por diversas gestões e atualmente é juiz do Trabalho no<br />

Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região.<br />

D 2 Horácio Cintra <strong>de</strong> Magalhães Macedo (1925-1999)<br />

foi o primeiro reitor brasileiro eleito pela comunida<strong>de</strong> universitária,<br />

entre 85 e 89. Apesar <strong>de</strong> ter sido reeleito por<br />

ampla maioria no primeiro turno das eleições, não po<strong>de</strong><br />

assumir o cargo em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão judicial que <strong>de</strong>clarou<br />

nula a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reeleição para a reitoria.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!