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Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ

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<strong>CACO</strong> - <strong>90</strong> anos <strong>de</strong> História Série <strong>Memorabilia</strong> - <strong>UFRJ</strong><br />

dora nas costas. Nós resistimos, criamos<br />

um grupo <strong>de</strong> pessoas na faculda<strong>de</strong> que<br />

estavam dispostas a resistir a qualquer<br />

preço. Custasse o que custasse: a vida, a<br />

liberda<strong>de</strong>. Nós queríamos resistir! Se uma<br />

pessoa se engaja numa luta política, ela<br />

<strong>de</strong>ve ir até as últimas conseqüências, tem<br />

<strong>de</strong> acreditar naquilo que está fazendo.<br />

Claro que houve manifestação do setor<br />

conservador da faculda<strong>de</strong>. Mas a nossa<br />

eleição, que acredito ter sido a primeira<br />

eleição <strong>de</strong>pois do golpe, teve uma gran<strong>de</strong><br />

repercussão nos meios jornalísticos, na<br />

mídia, foi uma vitória consagradora sobre<br />

a direita. O corpo discente da faculda<strong>de</strong><br />

votou a favor da <strong>de</strong>mocracia, contra a<br />

ditadura. Com a vitória logo começaram as<br />

incursões policiais da Polícia Militar na<br />

faculda<strong>de</strong>. A diretoria do <strong>CACO</strong> foi suspensa<br />

várias vezes, mas continuamos lutando<br />

sempre, sempre.<br />

<strong>CACO</strong>: Quais foram as principais ban<strong>de</strong>iras<br />

da sua gestão, internas e externas?<br />

FB: A nossa principal ban<strong>de</strong>ira era a resistência<br />

<strong>de</strong>mocrática. Era essa a questão<br />

central. É claro que existiam os professores<br />

conservadores, mas essa não era a<br />

questão mais importante. Problemas internos<br />

da faculda<strong>de</strong> também existiam,<br />

mas a nossa luta era a da resistência <strong>de</strong>mocrática,<br />

e <strong>de</strong> expandir essa discussão<br />

aos <strong>de</strong>mais setores universitários. A FND<br />

passou a ser referência para o movimento<br />

estudantil, começou a estabelecer um diálogo<br />

e, a partir daí, houve um <strong>de</strong>senvolvimento<br />

muito gran<strong>de</strong> da idéia <strong>de</strong> resistência<br />

<strong>de</strong>mocrática.<br />

<strong>CACO</strong>: De que formas vocês construíram<br />

essa palavra <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m? O que vocês faziam,<br />

organizavam passeatas, comícios?<br />

FB: Sim, tudo. Porque havia um silêncio<br />

gran<strong>de</strong> no Brasil naquele início. Mas nós<br />

íamos às escolas, aos sindicatos, on<strong>de</strong> fosse<br />

possível. O <strong>CACO</strong> já era muito convidado<br />

nessa época. E nós não nos furtávamos,<br />

participávamos sempre, levando a idéia <strong>de</strong><br />

resistência <strong>de</strong>mocrática, que realmente<br />

imperou no país. As pessoas começaram a<br />

querer se manifestar contra a ditadura.<br />

<strong>CACO</strong>: O Centro Acadêmico foi, então,<br />

naquele momento, vanguarda do movimento<br />

estudantil?<br />

FB: O <strong>CACO</strong>, nessa época, marcou uma<br />

posição muito significativa. É só examinar<br />

os jornais daquela época. Foi, indiscutivelmente,<br />

o órgão catalisador do movimento.<br />

<strong>CACO</strong>: Como era a relação do <strong>CACO</strong><br />

com a direção da Faculda<strong>de</strong>?<br />

FB: Uma vez, o diretor, o Hélio Gomes, me<br />

chamou para conversar porque havíamos<br />

convocado uma assembléia geral. Fui ao<br />

seu gabinete e ele disse que não po<strong>de</strong>ria<br />

haver a assembléia. Eu respondi: “Certo,<br />

nós não vamos fazer a assembléia geral”.<br />

Então, <strong>de</strong>sci e troquei o cartaz, on<strong>de</strong><br />

estava “Assembléia Geral” escrevi “Reunião<br />

Ampla”. Ele ficou furioso. Nós procurávamos<br />

estabelecer um bom nível, mas<br />

não <strong>de</strong>ixávamos <strong>de</strong> fazer aquilo que tínhamos<br />

que fazer. Nós sempre encontrávamos<br />

uma fórmula para levar adiante<br />

a luta. Hélio Gomes tentava brecar nossas<br />

manifestações e conseguiu quando impediu<br />

nossa entrada na faculda<strong>de</strong>. Enquanto<br />

isso não aconteceu, nós continuávamos<br />

a luta, permanentemente.<br />

<strong>CACO</strong>: Pedro Calmon era reitor?<br />

FB: Ele era reitor e professor da faculda<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong> Teoria Geral do Estado. Eu lembro muito<br />

uma frase que ele sempre dizia: “Meus<br />

alunos, como vocês sabem, ou melhor,<br />

como vocês ignoram, o Estado é um fato”.<br />

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