18.04.2013 Views

Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ

Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ

Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

200<br />

<strong>CACO</strong> - <strong>90</strong> anos <strong>de</strong> História Série <strong>Memorabilia</strong> - <strong>UFRJ</strong><br />

foi presi<strong>de</strong>nte da UNE. Jean-Marc era uma<br />

li<strong>de</strong>rança muito forte e fazia movimento<br />

estudantil como nós, lutava por reivindicações,<br />

conhecia os estudantes. Ele era a<br />

representação <strong>de</strong> massa da escola <strong>de</strong>le,<br />

contrário aos modos da AP. Ele estava na<br />

luta pelo não pagamento das anuida<strong>de</strong>s.<br />

Fundado na experiência do <strong>CACO</strong>, eu dizia<br />

que essa luta era perdida e nos posicionamos<br />

contrários à luta pelo não pagamento<br />

das anuida<strong>de</strong>s. Houve uma gran<strong>de</strong><br />

discussão sobre qual seria o foco reivindicatório<br />

no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Todas as forças<br />

fecharam com a luta contra a questão das<br />

anuida<strong>de</strong>s, menos nós. Defen<strong>de</strong>mos a luta<br />

por mais verbas. Essa foi a gran<strong>de</strong> polêmica<br />

<strong>de</strong> 68. Nós ganhamos por apenas um voto,<br />

contra todo mundo, PCB, PCBR, AP, com<br />

o voto dos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. A fundamentação<br />

principal era que a luta por mais<br />

verbas era a outra face da luta contra o pagamento<br />

das anuida<strong>de</strong>s. Qual era o argumento<br />

usado para cobrar anuida<strong>de</strong>s? Era a<br />

justificativa da falta <strong>de</strong> verbas. Então,<br />

reitores e diretores <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s tinham que<br />

pegar dinheiro com a iniciativa privada e<br />

transformar em fundação. Com a discussão<br />

por mais verbas po<strong>de</strong>ríamos discutir a<br />

<strong>de</strong>mocratização da universida<strong>de</strong>, currículo,<br />

docentes, tudo, enfim! Foi essa a polêmica,<br />

que se transformou numa briga feroz.<br />

Quando ganhamos, começamos um amplo<br />

movimento no Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> luta<br />

por mais verbas, entrando em cada sala<br />

<strong>de</strong> aula. Foi um sucesso estrondoso. Aqueles<br />

estudantes que não ouviam a esquerda<br />

nos seus centros acadêmicos, começaram<br />

a discutir e fazer um movimento sério e<br />

muito sólido. Paralelamente o PCB se uniu<br />

à direita, pra isolar a UNE. A Lei Suplicy<br />

mandava ter o Diretório Estadual dos Estudantes<br />

(DEE), que só existia no Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Sul, on<strong>de</strong> a direita era mais forte. O PCB<br />

tentou começar, então, um projeto igual.<br />

D. Castro Pinto, um bispo daqui, apoiado<br />

pela Igreja, lançou uma proposta <strong>de</strong><br />

diálogo e chamou estudantes da direita e<br />

do PCB para fazer um acordo. Resolvemos<br />

ir à reunião também. Franklin Martins 20<br />

chegou dizendo que diálogo só com a UNE<br />

e começou a briga. Assim, toda a esquerda,<br />

no Brasil inteiro, foi dividida. A política da<br />

AP era que tínhamos que recusar o diálogo<br />

com a Ditadura Militar. Parecia uma posição<br />

lógica, mas nós dizíamos que não,<br />

que tínhamos que aceitar o diálogo. Por<br />

cauda <strong>de</strong>ssa posição éramos chamados <strong>de</strong><br />

reformistas. Mas nós tínhamos que mostrar<br />

à opinião pública que queríamos resolver<br />

os problemas. Como é que vamos dizer<br />

que não dialogamos? Acreditávamos que<br />

a ditadura não queria dialogar, estávamos<br />

fazendo uma manobra, mas nós tínhamos<br />

que mostrar que queríamos o diálogo.<br />

Resolvemos fazer uma plataforma com as<br />

nossas propostas e discutir com a ditadura.<br />

O PCB tentou nos <strong>de</strong>sestabilizar, mas não<br />

conseguiu. Se nós tivéssemos ficado com<br />

a posição da AP, talvez, quem sabe, tivéssemos<br />

nos isolado. Terminou tudo <strong>de</strong>saguando<br />

num gran<strong>de</strong> ato <strong>de</strong> apoio à UNE.<br />

Porque nós fomos pressionando, pressionando,<br />

pressionando e fizemos um<br />

conselho tirando <strong>de</strong>legados por assembléia.<br />

Fomos ganhando com a proposta do<br />

diálogo até on<strong>de</strong> o PCB tinha seus diretórios.<br />

Ao mesmo tempo, tínhamos discussões<br />

sérias, porque o pessoal da AP nos<br />

consi<strong>de</strong>rava traidores. Eu me lembro que o<br />

Arantes 21 , diretor da UNE, da Dissidência<br />

<strong>de</strong> São Paulo, levava O esquerdismo, do-<br />

D 20 Franklin Martins (1948) militante do MR-8, integrou o<br />

grupo que sequestrou o embaixador americano Charles<br />

B. Elbrick, em setembro <strong>de</strong> 1969. É o atual ministro da<br />

Comunicação Social do governo Lula.<br />

D 21 Aldo Arantes foi presi<strong>de</strong>nte da UNE em 61, um dos<br />

fundadores da AP, é membro do Comitê Central do PCdoB.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!