Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ
Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ
Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>CACO</strong> - <strong>90</strong> anos <strong>de</strong> História Série <strong>Memorabilia</strong> - <strong>UFRJ</strong><br />
ano, tinha uma única matéria a fazer. Nós<br />
pleiteamos, então, fazer aquela ca<strong>de</strong>ira<br />
juntamente com o quarto ano, o que acabou<br />
sendo concedido. Veio a Revolução<br />
Constitucionalista <strong>de</strong> São Paulo, 2 e outro<br />
<strong>de</strong>creto. Então, me formei praticamente em<br />
quatro anos. Durante três anos consecutivos<br />
não houve exames na faculda<strong>de</strong> e,<br />
em um <strong>de</strong>sses anos, não houve sequer<br />
bacharelandos.<br />
<strong>CACO</strong>: Como era o ambiente político da<br />
faculda<strong>de</strong> naquele período? Quais grupos<br />
tinham participação política no <strong>CACO</strong>?<br />
ELS: Na minha época o <strong>CACO</strong> não tinha<br />
uma posição política <strong>de</strong>finida entre aquelas<br />
duas opções que surgiram como<br />
resultado da Guerra <strong>de</strong> 14, e da instalação<br />
da nova União das Repúblicas Socialistas<br />
Soviéticas (URSS) em 17. Era mais um grupo<br />
<strong>de</strong> estudos e recreação. Os dois grupos<br />
que tinham uma postura mais i<strong>de</strong>ológica<br />
eram o grupo da esquerda, que acompanhava<br />
a URSS que surgia, o comunismo,<br />
socialismo, e o grupo da direita, fascista, o<br />
grupo da Itália e Alemanha. No Brasil, isso<br />
correspondia ao PCB (Partido Comunista<br />
Brasileiro), e ao Partido Integralista criado<br />
também naquela época, com Plínio Salgado.<br />
Esses grupos tinham uma posição<br />
nitidamente <strong>de</strong>finida quanto à i<strong>de</strong>ologia.<br />
Não era o caso do <strong>CACO</strong>, que tinha uma<br />
representativida<strong>de</strong> mais ampla. Embora<br />
fosse <strong>de</strong>mocrático, não tinha nada <strong>de</strong><br />
fascista, mas também nada <strong>de</strong> comunista.<br />
Inclusive faziam parte do <strong>CACO</strong> estudantes<br />
a<strong>de</strong>ptos ou simpáticos a uma e a outra<br />
<strong>de</strong>ssas correntes mais radicais.<br />
<strong>CACO</strong>: Já havia a diferença entre centro<br />
acadêmico e diretório acadêmico?<br />
ELS: Criou-se o diretório acadêmico com a<br />
Reforma <strong>de</strong> 31, até então não havia diferenciação.<br />
<strong>CACO</strong>: Como se <strong>de</strong>u esse processo, porque<br />
antes da Reforma <strong>de</strong> Ensino o <strong>CACO</strong><br />
já existia...<br />
ELS: O <strong>CACO</strong> já existia, era um centro acadêmico,<br />
mas sem previsão em lei. Era<br />
um centro <strong>de</strong> acadêmicos. Tinha repercussão,<br />
mas não muito gran<strong>de</strong>, porque naquela<br />
época houve certo marasmo político<br />
na faculda<strong>de</strong>. Mesmo a Revolução <strong>de</strong> 30,<br />
que mobilizou todo mundo, inclusive a juventu<strong>de</strong>,<br />
não chegou a mobilizar os acadêmicos.<br />
Não houve um empenho muito<br />
gran<strong>de</strong>. Porém, com a Reforma do Ensino,<br />
que criou os diretórios, surgiu a disputa<br />
entre os alunos para a eleição <strong>de</strong> seus membros.<br />
<strong>CACO</strong>: Como surgiu o grupo que o senhor<br />
participou?<br />
ELS: Um colega <strong>de</strong> turma que morreu muito<br />
cedo, Alceu Rego, i<strong>de</strong>alizou o Clube da<br />
Reforma, <strong>de</strong> regime parlamentar. O primeiro<br />
presi<strong>de</strong>nte foi o próprio Alceu e o<br />
primeiro-ministro, Miguel Lins. Havia forte<br />
ebulição política e a freqüência <strong>de</strong> reuniões<br />
era muito gran<strong>de</strong>. Já estavam mais ou<br />
menos caracterizadas as facções <strong>de</strong> direita<br />
e esquerda. Eu nunca fui do PCB, fui da<br />
Esquerda Democrática, mas os comunistas<br />
nos apoiavam, <strong>de</strong>ntre eles, o <strong>de</strong> maior expressão<br />
e talento chamava-se Carlos Lacerda,<br />
3 lí<strong>de</strong>r da Juventu<strong>de</strong> Comunista. Certo<br />
dia, a facção <strong>de</strong> esquerda propôs uma<br />
moção <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconfiança contra o Ministério.<br />
D 2 Refere-se à Revolução Constitucionalista <strong>de</strong> 1932, ou<br />
Revolução Paulista, e à promulgação da segunda constituição<br />
republicana, <strong>de</strong> 1934, que dispôs, pela primeira<br />
vez, ser a educação um direito <strong>de</strong> todos, <strong>de</strong>vendo ser ministrada<br />
pelos po<strong>de</strong>res públicos.<br />
D 3 Carlos Lacerda (1914-1977), iniciou seu percurso político<br />
na li<strong>de</strong>rança da Juventu<strong>de</strong> Comunista, consagrou-se<br />
ao ler no rádio o discurso <strong>de</strong> Luiz Carlos Prestes, em 1935;<br />
ingressou na UDN na década <strong>de</strong> 40; tornou-se jornalista,<br />
proprietário do jornal Tribuna da Imprensa e porta-voz<br />
das i<strong>de</strong>ologias direitistas no país. Ingressou na faculda<strong>de</strong><br />
em 1932, não chegou a se formar.<br />
17