18.04.2013 Views

Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ

Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ

Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

86<br />

<strong>CACO</strong> - <strong>90</strong> anos <strong>de</strong> História Série <strong>Memorabilia</strong> - <strong>UFRJ</strong><br />

professores não davam aula. Parece um<br />

contra-senso mas surtiu efeito porque o<br />

reitor chamou os professores para conversar.<br />

<strong>CACO</strong>: Havia estímulo ao <strong>de</strong>bate entre<br />

os alunos ou prevalecia uma rígida hierarquia<br />

em relação aos professores?<br />

CM: Havia uma hierarquia apoiada no respeito<br />

que tínhamos pelos professores. Por<br />

exemplo, no dia das aulas do San Tiago<br />

Dantas todos corriam para conseguir um<br />

bom lugar e a sala ficava lotada, com estudantes<br />

<strong>de</strong> pé. Ele impunha respeito e suas<br />

aulas eram magníficas. Com tudo isso, com<br />

tanto talento e envergadura moral, ele chegava,<br />

na sexta-feira, e dizia: “Fulano e beltrano,<br />

vocês farão um trabalho sobre outorga<br />

uxória. Vamos <strong>de</strong>bater esse trabalho<br />

amanhã, no pátio da faculda<strong>de</strong>”. Então, no<br />

sábado, ele saía da comodida<strong>de</strong> da sua<br />

casa, e íamos todos discutir o tema jurídico.<br />

<strong>CACO</strong>: Quando foi a greve dos alunos?<br />

CM: Em 1947. Haviam outros movimentos<br />

que fazíamos. Naquela época, o orçamento<br />

das escolas precisavam ser aprovados<br />

pela reitoria da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

do Rio <strong>de</strong> Janeiro (<strong>UFRJ</strong>) 2 e tinha um<br />

reitor chamado Amaral. 3 Ele era muito reacionário<br />

e contrário aos estudantes, e pressionou<br />

para cortar duas coisas: alimentação<br />

e curso noturno. Quando soubemos<br />

disso fomos jogar pedras na Reitoria e conseguimos<br />

<strong>de</strong>rrubar o reitor. Então, Pedro<br />

Calmon, que por <strong>de</strong>z anos dirigiu a Faculda<strong>de</strong>,<br />

tornou-se reitor. Ele era chegado ao<br />

governo, um conciliador, brincalhão e os<br />

estudantes gostavam <strong>de</strong>le.<br />

<strong>CACO</strong>: Como era o relacionamento do CA-<br />

CO com o Pedro Calmon?<br />

CM: Bom, porque o Calmon atendia nossas<br />

reivindicações. Ele dizia que não iria<br />

nos aten<strong>de</strong>r, que nós queríamos fazer subversão,<br />

mas acabava ce<strong>de</strong>ndo...<br />

<strong>CACO</strong>: Quais eram as maiores lutas do<br />

<strong>CACO</strong>?<br />

CM: Primeiro as reivindicações estudantis.<br />

O meu grupo conseguiu ganhar as<br />

eleições porque havia um outro grupo que<br />

vinha se aproveitando do <strong>CACO</strong> para<br />

fazer carreira política. Eles eram da Aliança<br />

Libertadora Acadêmica (ALA), não tinham<br />

compromisso político com a faculda<strong>de</strong>,<br />

apenas apoiavam o governo e os<br />

professores <strong>de</strong> direita. Havia muito choque<br />

com esse pessoal e nós criamos, então,<br />

um movimento chamado Reforma.<br />

Ganhamos com Costa Neto primeiramente<br />

4 e, em seguida, eu ganhei.<br />

<strong>CACO</strong>: A polarização entre Reforma e ALA<br />

marcou a história da faculda<strong>de</strong> até o final<br />

dos anos 60, quando o <strong>CACO</strong> foi fechado.<br />

Quais foram os princípios e idéias norteadoras<br />

da fundação do movimento?<br />

CM: Surgiu como um grupo <strong>de</strong> alunos que<br />

não concordava com o estado <strong>de</strong> coisas<br />

em que se encontrava a faculda<strong>de</strong> e<br />

queriam que o centro acadêmico tivesse<br />

uma posição política mais firme. O estudante<br />

<strong>de</strong> Direito sempre foi um reivindicador,<br />

um lutador. O centro acadêmico<br />

<strong>de</strong> São Paulo vivia brilhando, enquanto<br />

o nosso não aparecia. Exigimos uma atuação<br />

política mais forte, que obviamente<br />

não agradava ao governo. Por outro lado<br />

queríamos ver atendidas as reivindicações<br />

dos alunos. A faculda<strong>de</strong>, a biblioteca, as<br />

salas <strong>de</strong> aula estavam caindo aos pedaços...<br />

D 2 Então Universida<strong>de</strong> do Brasil.<br />

D 3 Ignácio Manuel Azevedo do Amaral (1889-1950),<br />

matemático, professor catedrático da Escola Politécnica.<br />

Foi professor emérito e reitor da Universida<strong>de</strong> do Brasil<br />

<strong>de</strong> 1945 a 1948.<br />

D 4 S. Francisco Costa Neto, v. entrevista p. 73.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!