Memorabilia CACO 90 ANOS de HISTORIA - UFRJ
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Foi diretora do <strong>CACO</strong> em duas gestões. Foi representante<br />
dos alunos do Conselho <strong>de</strong> Centro (CCJE) e<br />
no Conselho <strong>de</strong> Ensino <strong>de</strong> Graduação (CEG). Com 17<br />
anos ingressou na faculda<strong>de</strong>, em 1987, on<strong>de</strong> se formou<br />
na Turma Centenária (1991). É advogada militante no<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro on<strong>de</strong> assessora sindicatos e fe<strong>de</strong>rações<br />
<strong>de</strong> trabalhadores. Mestre e doutora em Direito pela<br />
PUC-Rio é professora <strong>de</strong> Direito do Trabalho da Faculda<strong>de</strong><br />
Nacional <strong>de</strong> Direito, on<strong>de</strong> ingressou após ser<br />
aprovada em 2006.<br />
Sayonara Grillo Coutinho<br />
<strong>CACO</strong>: A senhora ingressou na FND em<br />
87, como eram as manifestações dos estudantes?<br />
Sayonara Grillo Coutinho Leonardo da<br />
Silva: Quando entrei na faculda<strong>de</strong>, em 87,<br />
havia acontecido um “enterro do golpe”,<br />
se não me engano, um ano antes e o segundo,<br />
eu aju<strong>de</strong>i a organizar, pois já participava<br />
do <strong>CACO</strong>. O primeiro “enterro<br />
do golpe” foi muito bom em termos <strong>de</strong> mobilização<br />
apesar da greve <strong>de</strong> professores.<br />
Os “enterros” aconteciam todos os anos<br />
no dia 31 <strong>de</strong> março e, como a localização<br />
da faculda<strong>de</strong> era consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> segurança<br />
nacional, o Comando Militar do Leste não<br />
admitia manifestações e o clima <strong>de</strong> tensão<br />
era sempre muito gran<strong>de</strong>. Sempre era um<br />
problema <strong>de</strong>finir o trajeto do “enterro”. Habitualmente,<br />
saía-se da faculda<strong>de</strong> em direção<br />
à Central do Brasil, on<strong>de</strong> se fazia um<br />
protesto e se relembrava o último comício<br />
do Jango, que fora realizado lá. O problema<br />
é que a Central do Brasil também havia sido<br />
<strong>de</strong>clarada área <strong>de</strong> segurança nacional. Ainda<br />
não existia a Constituição <strong>de</strong> 1988 e,<br />
portanto, não havia como exigir judicialmente<br />
o direito <strong>de</strong> fazer manifestação na<br />
Central. Apesar da proibição, as manifes-<br />
tações aconteciam e o povo ia para as ruas,<br />
pois era uma época <strong>de</strong> mobilização popular.<br />
O Exército cercava, impedindo que as<br />
passeatas se dirigissem para lá, sempre<br />
com um aparato militar enorme. Lembro<br />
que a única dificulda<strong>de</strong> era controlar alguns<br />
militantes do PDT e <strong>de</strong> algumas correntes<br />
minoritárias <strong>de</strong> esquerda, que queriam<br />
fazer um enfrentamento direto, o que<br />
não tinha sentido, porque isso não nos interessava<br />
como estudantes do <strong>CACO</strong>. O<br />
Partido Democrático Trabalhista (PDT), tinha<br />
bastante força no Rio e aqui no <strong>CACO</strong><br />
também. Foi uma manifestação bem interessante.<br />
No terceiro “enterro” nós não<br />
conseguimos tanta mobilização porque a<br />
questão da ditadura já não estava tão presente<br />
no cotidiano dos estudantes e nós<br />
tínhamos a reconstitucionalização. Decidimos<br />
então fazer um ato na porta da faculda<strong>de</strong>,<br />
que foi muito ruim. Havia um grupo<br />
no <strong>CACO</strong> que resolveu pintar umas galinhas<br />
<strong>de</strong> ver<strong>de</strong> para ironizar os militares.<br />
A repercussão foi péssima, porque começava<br />
a surgir a preocupação ecológica e o<br />
<strong>CACO</strong> foi acusado <strong>de</strong> maltratar as aves. A<br />
partir daí teve início o esvaziamento do “enterro<br />
do golpe”, que nunca mais foi feito.<br />
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