1823 Sant'Ana do Livramento - Filhos de Santana
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O governo <strong>do</strong> Júlio <strong>de</strong> Castilhos não satisfez muita gente. Ele pertencia ao grupo <strong>do</strong>s positivistas<br />
e como foi dito antes, o positivismo político foi uma forma rejeitada por muitas pessoas. Como<br />
disse o Escritor Sergio da Costa Franco: “ Parti<strong>do</strong> fraco (o oficialismo), sem vínculos sóli<strong>do</strong>s com<br />
o eleitora<strong>do</strong> <strong>do</strong> campo, ten<strong>do</strong> pela frente a máquina formidável <strong>do</strong> gasparismo, é compreensível<br />
que se visse seduzi<strong>do</strong> pelo catecismo político <strong>de</strong> Augusto Comte. Consagran<strong>do</strong> a concepção<br />
metafísica <strong>do</strong> voto, os positivistas ofereciam uma i<strong>de</strong>ologia capaz <strong>de</strong> atrair os fiéis <strong>de</strong> uma<br />
corporação orientada por intelectuais, porém minoritária e socialmente inferiorizada.”<br />
O castilhismo esteve pauta<strong>do</strong> por uma orientação ditatorial. Assim, chegou a formulação da<br />
constituição <strong>de</strong> RGS ou constituição castilhista, uma constituição que na prática anulava o<br />
parlamentarismo, conquista que não po<strong>de</strong> alcançar a constituição fe<strong>de</strong>ral, apesar <strong>de</strong><br />
presi<strong>de</strong>ncialista. Esta constituição, a ser analisada por Rafael Cabeda (jornalista santanense)<br />
que diz: “O chefe <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> é o po<strong>de</strong>r legislativo, exerce o po<strong>de</strong>r executivo e ainda intervem, <strong>de</strong><br />
mo<strong>do</strong> perigoso aos direitos individuais e coletivos, no ramo judiciário. As leis são feitas,<br />
sancionadas e promulgadas só por ele; ele as manda executar e fiscaliza a sua execução. Os<br />
municípios não têm autonomia, porque o presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> po<strong>de</strong>, quan<strong>do</strong> queira, suprimi-los,<br />
<strong>de</strong>clarar sem efeito as resoluções ou atos das autorida<strong>de</strong>s municipais, mobilizar a guarda policial<br />
das localida<strong>de</strong>s e tu<strong>do</strong> fazer ao seu arbítrio. A posição <strong>do</strong> povo rio-gran<strong>de</strong>nse diante <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte<br />
é genuflexa, humilhante, vergonhosa; é a atitu<strong>de</strong> <strong>do</strong> servo em presença <strong>do</strong> senhor. É uma máquina<br />
que se move ao gosto e exclusiva inspiração <strong>do</strong> senhor Júlio <strong>de</strong> Castilhos, que tu<strong>do</strong> po<strong>de</strong> reformar e<br />
suprimir, autoritariamente, sem feição alguma da vonta<strong>de</strong> <strong>do</strong> corpo social.”<br />
Por tal maneira <strong>de</strong> governar, Júlio <strong>de</strong> Castilho, dizem, que mereceu os mais duros codinomes da<br />
imprensa opositora: “Sa<strong>de</strong> da política rio-gran<strong>de</strong>nse” também: “seu açougue funciona com uma<br />
regularida<strong>de</strong> exemplar” em O Maragato <strong>de</strong> 18.04.1900. O Canabarro é uma das principais<br />
tribunas <strong>do</strong>s republicanos fe<strong>de</strong>rais da fronteira e <strong>do</strong> sul <strong>do</strong> RGS. Em seus editoriais enfatiza<br />
permanentemente o <strong>de</strong>sejável: República Parlamentar, direito <strong>do</strong> voto, não querem<br />
presi<strong>de</strong>ncialismo caracteriza<strong>do</strong> pela in<strong>de</strong>pendência absoluto <strong>do</strong> executivo diante <strong>do</strong>s outros<br />
po<strong>de</strong>res <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. O militarismo também era blasfemiza<strong>do</strong>. Saldanha dizia: “O País em que, ao<br />
fulgor das baionetas, os militares ditam leis, é uma Pátria perdida, sem remédio.” Este panorama<br />
resumia a situação política levada na Revolución Fe<strong>de</strong>ralista <strong>de</strong> 1893.<br />
Saldanha da Gama<br />
O Almirante Luis Felipe Saldanha da Gama (1846-1895) era o Diretor da<br />
Escola Naval e não quis envolver-se na situação revoltosa <strong>do</strong> Rio, preferin<strong>do</strong><br />
manter uma atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> neutralida<strong>de</strong> “no interesse e pelo <strong>de</strong>ver <strong>de</strong><br />
salvaguardar a Escola e seus alunos, que são o futuro e a esperança da<br />
Marinha.” Desempenhou o papel <strong>de</strong> socorrer aos feri<strong>do</strong>s evitan<strong>do</strong> contactos<br />
<strong>1823</strong> - Carlos Alberto Potoko - 116 -