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1823 Sant'Ana do Livramento - Filhos de Santana

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pela abolição da escravatura são tidas como os i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> cunho <strong>de</strong>mocrático mais antigos <strong>do</strong><br />

Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, ten<strong>do</strong> como marcos históricos a Revolução Farroupilha e a luta pelo fim <strong>do</strong><br />

emprego da mão-<strong>de</strong>-obra servil. Entretanto, é mister repensar esse segun<strong>do</strong> aspecto, pois, a<br />

esse respeito, há mais rumores <strong>do</strong> que fatos históricos que verda<strong>de</strong>iramente os comprovem.<br />

Esse mito data <strong>do</strong> início <strong>do</strong> século XIX, sustenta<strong>do</strong> por alguns heróis <strong>de</strong>stes pagos. O primeiro<br />

<strong>de</strong>les é Alexandre Luiz <strong>de</strong> Queiroz e Vasconcelos, conheci<strong>do</strong> como o Quebra, pertencente ao<br />

grupo <strong>do</strong>s Dragões <strong>de</strong> Rio Par<strong>do</strong> e participante da expedição militar <strong>de</strong> 1801, quan<strong>do</strong> os<br />

portugueses retomaram <strong>do</strong>s espanhóis a zona das Missões. Casa<strong>do</strong> com a filha <strong>de</strong> um coronel,<br />

assassino <strong>de</strong> contrabandista, o Quebra assumiu, não raro, atitu<strong>de</strong>s quixotescas: em pleno<br />

<strong>do</strong>mínio português no Brasil, revoltou-se contra a monarquia e, em 1803, investiu contra a<br />

guarda <strong>de</strong> São Pedro, li<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> um grupo que, aos gritos por liberda<strong>de</strong>, soltou to<strong>do</strong>s os<br />

escravos que encontrou pelo caminho.<br />

Para avaliar o papel <strong>de</strong>sempenha<strong>do</strong> por esses sujeitos e suas <strong>de</strong>scendências na abolição da<br />

escravatura <strong>do</strong> Brasil é preciso enten<strong>de</strong>r o contexto sul-rio-gran<strong>de</strong>nse, no qual eles<br />

conquistaram o estatuto <strong>de</strong> abolicionistas da escravidão; na contramão <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> maioria<br />

que <strong>de</strong>sejava que o processo se <strong>de</strong>senvolvesse em ritmo gradual e que, em tom quase uníssono,<br />

exigia a in<strong>de</strong>nização <strong>do</strong>s proprietários.<br />

Nas estâncias, possuíam escravos, estes podiam<br />

trabalhar tanto na casa como capatazes ou peões,<br />

cuidan<strong>do</strong> <strong>do</strong> ga<strong>do</strong> que era cria<strong>do</strong> solto. Alguns <strong>de</strong>les<br />

também participavam <strong>do</strong> transporte das tropas <strong>de</strong><br />

ga<strong>do</strong> para o centro <strong>do</strong> Brasil. Havia ainda escravos que<br />

cuidavam sozinhos das fazendas na ausência <strong>de</strong> seus<br />

senhores ou que moravam afasta<strong>do</strong>s da se<strong>de</strong> da<br />

estância para cuidar <strong>do</strong> ga<strong>do</strong>. Certamente havia fugas,<br />

mas boa parte <strong>do</strong>s escravos permanecia nas fazendas,<br />

pois podia receber alguma recompensa pelos serviços<br />

presta<strong>do</strong>s. A vida fora da estância podia ser tão ou mais difícil quanto a vida <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la. Além<br />

disso, muitas estâncias possuíam pequenas lavouras <strong>de</strong> trigo, feijão e mandioca para sua<br />

subsistência. Havia também proprieda<strong>de</strong>s que cultivavam esses produtos para a venda. Nos<br />

<strong>do</strong>is casos, a maior parte das tarefas era realizada por trabalha<strong>do</strong>res escravos.<br />

Depois <strong>de</strong> uma campanha que empolgou a opinião pública brasileira, a 13 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1888 a<br />

"Lei Aurea" era assinada pela Princesa Isabel como regente <strong>do</strong> Império e pelo conselheiro João<br />

Alfre<strong>do</strong> como Primeiro Ministro, <strong>de</strong>cretan<strong>do</strong> a completa abolição da escravatura no território<br />

<strong>do</strong> Brasil.<br />

Em Sant’Ana <strong>do</strong> <strong>Livramento</strong>, por entre <strong>de</strong>lirante alegria, o entusiasmo era geral e foi recebida<br />

a notícia com muito reconhecimento. Logo a seguir foram organiza<strong>do</strong>s diversos festejos, por<br />

<strong>1823</strong> - Carlos Alberto Potoko - 46 -

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