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1823 Sant'Ana do Livramento - Filhos de Santana

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A primeira distinção que tem <strong>de</strong> ser feita é entre fronteira e limite. Enquanto que limite é um<br />

fato jurídico, <strong>de</strong>cidi<strong>do</strong> no papel <strong>de</strong> forma linear, a fronteira é algo disputa<strong>do</strong>, um fato político,<br />

que é altamente dinâmico e que não pressupõe somente um limite, uma barreira, mas sim um<br />

intercâmbio, uma troca com o outro la<strong>do</strong>. A fronteira permite perceber diferenças e<br />

similarida<strong>de</strong>s entre os países, além <strong>de</strong> ser uma zona <strong>de</strong> intensa circulação e movimento. A<br />

fronteira também carrega consigo um imaginário e <strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong> é percebida <strong>de</strong> formas<br />

diferentes e não é apenas um fato e algo concreto, mas também um espaço marca<strong>do</strong> por<br />

valores e sentimentos.<br />

Outro aspecto relevante foi o das estâncias, a <strong>do</strong> militarismo, ou seja, o<br />

estancieiro, como o Rafael Pinto Ban<strong>de</strong>ira, que era também um militar<br />

e seus peões e escravos eram solda<strong>do</strong>s <strong>de</strong> suas milícias. Deveriam<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o território <strong>do</strong>s ataques indígenas e castelhanos e também<br />

conquistar espaços. Os proprietários das estâncias são <strong>de</strong> fundamental<br />

importância para se enten<strong>de</strong>r esse processo. Foram agentes <strong>de</strong><br />

transformações históricas que se passaram nesse cenário. Com certeza<br />

eles não atendiam apenas ao interesse da Coroa e sim mantinham seus<br />

interesses e aumentavam seu prestígio e po<strong>de</strong>r. “As estâncias<br />

<strong>de</strong>sempenharam um papel que supera o mero aspecto econômico,<br />

enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se primeiramente como um núcleo produtivo cria<strong>do</strong> pelos jesuítas, tornan<strong>do</strong>-se<br />

também, a primeira forma <strong>de</strong> organização social e territorial <strong>do</strong> atual esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

Sul. Desconsi<strong>de</strong>rar o papel social das estâncias seria ignorar a importância que tiveram no<br />

processo <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um território barbariza<strong>do</strong> pela ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> caça ao ga<strong>do</strong> e ao<br />

índio.”<br />

Diferentemente das missões, no contexto <strong>de</strong><br />

formação <strong>de</strong> fronteira e estabelecimento <strong>de</strong><br />

estâncias foi fundada no início <strong>do</strong> século<br />

XIX a Estância <strong>do</strong> Jarau. O espaço da<br />

estância foi antes ocupa<strong>do</strong> por Maneco<br />

Pedroso, que possuía um grupo arma<strong>do</strong><br />

para a <strong>de</strong>fesa da fronteira sen<strong>do</strong> também<br />

atribuída a ele a construção das primeiras<br />

mangueiras que fazem parte das ruínas das<br />

estâncias. Em 1828, já com Bento Manuel<br />

Ribeiro como proprietário das terras é que se inicia uma ativida<strong>de</strong> pecuarista consi<strong>de</strong>rável na<br />

estância. Ribeiro se <strong>de</strong>dicava a criação <strong>de</strong> ga<strong>do</strong>, e era responsável também pelas cavalhadas<br />

utilizadas nas campanhas militares <strong>de</strong>stinadas a <strong>de</strong>fesa da fronteira su<strong>do</strong>este <strong>do</strong> atual esta<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. Posteriormente a Estância <strong>do</strong> Jarau foi adquirida pelo tenente coronel<br />

Olivério Pereira, cujos her<strong>de</strong>iros foram sen<strong>do</strong> os sucessivos <strong>do</strong>nos.<br />

<strong>1823</strong> - Carlos Alberto Potoko - 39 -

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