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1823 Sant'Ana do Livramento - Filhos de Santana

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Saint-Hilaire em <strong>Livramento</strong><br />

Auguste Provençal <strong>de</strong> Saint-Hilaire nasceu em 1779, em Orleans, França e<br />

faleceu em 1853. Des<strong>de</strong> ce<strong>do</strong>, ele foi treina<strong>do</strong> pelo pai para ser um homem <strong>de</strong><br />

negócios, mas o seu intenso interesse pelas ciências naturais o impeliu a se<br />

<strong>de</strong>dicar a esses estu<strong>do</strong>s. Saint-Hilaire foi um gran<strong>de</strong> taxonomista e tinha<br />

gran<strong>de</strong> interesse no <strong>de</strong>scobrimento <strong>de</strong> novas espécies <strong>de</strong> plantas e animais. A<br />

chance <strong>de</strong> vir estudar a riqueza brasileira aconteceu em 1816, quan<strong>do</strong> já era um respeita<strong>do</strong><br />

professor <strong>do</strong> Museu <strong>de</strong> História Natural <strong>de</strong> Paris. Saint-Hilaire foi um <strong>do</strong>s primeiros cientistas<br />

estrangeiros que receberam permissão da Coroa Portuguesa para percorrer livremente os<br />

territórios <strong>do</strong> Brasil colonial, fato este inicia<strong>do</strong> em 1808, com a chegada <strong>de</strong> Dom João VI.<br />

Publicou vários livros sobre o Brasil: An<strong>do</strong>u perto <strong>de</strong> 14.000 km catalogan<strong>do</strong> plantas<br />

brasileiras. Fez uma obra <strong>de</strong> incalculável valor, on<strong>de</strong> coletou 7.000 exemplares <strong>de</strong> plantas,<br />

sen<strong>do</strong> 4.500 <strong>de</strong>las <strong>de</strong>sconhecidas na época. Este acervo está hoje no herbário <strong>do</strong> Museu <strong>de</strong><br />

História Natural <strong>de</strong> Paris. Em sua <strong>de</strong>nominada Voyage ao Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, esteve em<br />

<strong>Livramento</strong>:<br />

Referin<strong>do</strong>-se ao morro da Vigia que ele visitou em 1820,<br />

disse: “O morro da Vigia, a cerca <strong>de</strong> uma légua <strong>do</strong> fortin é<br />

ti<strong>do</strong> como o ponto mais eleva<strong>do</strong> da serra, foi o termo <strong>de</strong><br />

nossa jornada. Agora po<strong>de</strong>-se avistar o fortin, as barracas,<br />

solda<strong>do</strong>s etc.”<br />

Enquanto esteve à margem <strong>do</strong> Rio Ibicuy escreveu entre<br />

outras coisas o seguinte: “A erva aqui é bem fornida, porém menos fina e menos <strong>de</strong>nsa. Os sítios<br />

húme<strong>do</strong>s acham-se cobertos por uma gramínea atualmente florida. Continuo a encontrar muitas<br />

plantas <strong>do</strong>s campos gerais e <strong>de</strong> outras zonas <strong>do</strong> Brasil”<br />

A erva-mate é planta nativa da América <strong>do</strong> Sul, principalmente as margens <strong>do</strong>s rios<br />

Paraná, Paraguai e Uruguai. Entre os índios era conhecida caá, caá-caati, caá-emi, caáete,<br />

caá-meriduvi e caá-ti. Des<strong>de</strong> que começou a ser usada, teve vários apeli<strong>do</strong>s: Chámate,<br />

chá-<strong>do</strong>-paraguai, chá-<strong>do</strong>s-jesuítas e congonha das missões. O nome científico <strong>de</strong>la<br />

é llex paraguaiensis e foi da<strong>do</strong> por Saint-Hilaire.<br />

Saint-Hilaire viajava praticamente sozinho, com poucas pessoas contratadas pelo caminho ou<br />

cedidas pelas autorida<strong>de</strong>s. Estudava aspectos da língua, costumes, habitação, hábitos<br />

alimentares ocupam <strong>de</strong>staque que se iguala ao la<strong>do</strong> aos aci<strong>de</strong>ntes geográficos. Autodidata, sua<br />

especialida<strong>de</strong> era a Botânica, mas possuía um amplo conhecimento das Ciências Naturais em<br />

geral, como a Zoologia e a Mineralogia. Durante a viagem coletou, classificou e organizou uma<br />

vasta coleção <strong>de</strong> plantas, animais e minerais, que serviram <strong>de</strong> base para importantes coleções<br />

<strong>de</strong> museus naturais <strong>de</strong> seu país <strong>de</strong> origem, e auxiliaram, na Europa, outros pesquisa<strong>do</strong>res a<br />

estudar a biodiversida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Brasil. Deixou sua coleção para o Museu <strong>de</strong> História Natural <strong>de</strong><br />

Paris e para a Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Ciências <strong>de</strong> Paris.<br />

<strong>1823</strong> - Carlos Alberto Potoko - 53 -

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