1823 Sant'Ana do Livramento - Filhos de Santana
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A Batalha <strong>de</strong> Masoller em 1904<br />
Vamos aqui registrar um acontecimento oportuno existente na região, tratata-se da Batalha <strong>de</strong><br />
Masoller, no início <strong>do</strong> século XX. No Uruguai ocorria uma das frequentes revoltas. De um la<strong>do</strong><br />
as forças <strong>do</strong> governo central ("colora<strong>do</strong>"), <strong>do</strong> outro, os revoltosos "blancos", li<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s por<br />
Aparício Saraiva (esse caudilho, como diversos fronteiriços da época, já havia acompanha<strong>do</strong> seu<br />
irmão, Gumercin<strong>do</strong> Saraiva, em incursão pelo Brasil, seguin<strong>do</strong> a Revolução Fe<strong>de</strong>ralista <strong>de</strong> 1894).<br />
Após uma batalha na região <strong>de</strong> Masoller, Aparicio foi feri<strong>do</strong> e refugiou-se no Brasil, numa<br />
estância da mãe <strong>do</strong> então Coronel João Francisco (conheci<strong>do</strong> como a "hiena <strong>do</strong> Catí"). Na<br />
"Fazenda <strong>do</strong> Rincão", situada na área que foi objeto <strong>do</strong> Trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> Permuta (veja mapa), e que<br />
hoje é questionada pelo Uruguai, o gran<strong>de</strong> caudilho "blanco" veio a falecer e aí foi enterra<strong>do</strong>.<br />
Muitos anos <strong>de</strong>pois, em 1921, seus restos mortais foram traslada<strong>do</strong>s para o Uruguai, em uma<br />
gran<strong>de</strong> solenida<strong>de</strong> cívica. Até então não havia o problema, cria<strong>do</strong> em 1934.<br />
O triste fim <strong>de</strong> Aparício<br />
Aparício Saraiva foi um homem <strong>de</strong> fronteira por <strong>de</strong>finição, seus pais haviam chega<strong>do</strong> ao<br />
Uruguay fugin<strong>do</strong> da Revolução Farroupilha e se instalaram nos pagos <strong>de</strong> Pablo Paés em Cerro<br />
Largo. Ali nasceu Aparício em 16 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1855. Sua vida transcorreu <strong>de</strong>dicada ao trabalho,<br />
às tarefas campeiras, com fortes laços familiares com seus irmãos, aspecto especial para <strong>de</strong>finir<br />
suas inclinações políticas e revolucionárias. Em 1870 se incorporou as milícias revolucionárias<br />
<strong>de</strong> Timoteo Aparício on<strong>de</strong> fez gala <strong>de</strong> bravura e ganhou seus primeiros galões nos campos <strong>de</strong><br />
batalha, dali o apeli<strong>do</strong> <strong>de</strong> “cabo Viejo” com o qual é lembra<strong>do</strong>.<br />
Em 1904 as circunstâncias<br />
políticas eram <strong>de</strong> soberba <strong>do</strong><br />
governo uruguaio, on<strong>de</strong> daí<br />
<strong>de</strong>rivou um novo<br />
enfrentamento, agora sem<br />
prece<strong>de</strong>ntes pelas armas e<br />
número <strong>de</strong> tropas abrangidas.<br />
Em 1º <strong>de</strong> setembro daquele<br />
ano entre troares ecos <strong>de</strong><br />
artilharia e fuzilaria, ceifaram a vida <strong>de</strong> centenas <strong>de</strong> homens nos campos <strong>de</strong> Masoller. Ali foi<br />
feri<strong>do</strong> gravemente Aparício, o General <strong>de</strong> duas Pátrias, el águila <strong>de</strong>l Cor<strong>do</strong>bés, o condutor <strong>de</strong><br />
homens que catalisava em sua pessoa a vanguarda e a retaguarda <strong>do</strong> exército cidadão. Uma<br />
bala ao entar<strong>de</strong>cer frente ao Cerro <strong>do</strong>s Cachorros serenou sua luta pela liberda<strong>de</strong>. Em 10 <strong>de</strong><br />
setembro, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma longa agonia, Aparício iniciava sua viagem à outra dimensão daquele<br />
ano. Mas sua presença não <strong>de</strong>saparecerá com o tempo, ao contrário, se agigantaria para ser<br />
sinal e símbolo <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>.<br />
<strong>1823</strong> - Carlos Alberto Potoko - 130 -