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<strong>de</strong> tempo (16, 387). Obviamente que a Fexp e a Fexp<br />
max têm uma estreita relação com a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
movimento perante uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> resistência, já<br />
que a maior ou menor veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> precisamente<br />
<strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir força rapi<strong>da</strong>mente.<br />
Quanto maior é o grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> força<br />
(produzi<strong>do</strong> na fase estática) mais rapi<strong>da</strong>mente po<strong>de</strong><br />
ser realiza<strong>da</strong> a fase <strong>de</strong> aceleração (fase que começa<br />
precisamente no início <strong>do</strong> movimento) (18).<br />
A Fexp e a Fexp max, como referimos, conseguem<br />
maiores expressões <strong>de</strong> força em presença <strong>de</strong> resistências<br />
máximas ou quasi-máximas. Logo, perante<br />
cargas <strong>de</strong> tal magnitu<strong>de</strong>, para além <strong>de</strong> existir uma<br />
fase estática consi<strong>de</strong>rável, a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento<br />
terá <strong>de</strong> ser sempre reduzi<strong>da</strong>. A sua aceleração<br />
é, naturalmente, baixa, no entanto, a “intenção” <strong>de</strong><br />
vencer essa carga tem <strong>de</strong> ser feita com gran<strong>de</strong> explosivi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
e, assim, a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> contracção muscular<br />
terá <strong>de</strong> ser máxima.<br />
Há aqui que distinguir <strong>do</strong>is conceitos que muitas<br />
vezes a literatura <strong>da</strong> especiali<strong>da</strong><strong>de</strong> não tem explicita<strong>do</strong><br />
convenientemente: uma coisa é a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
execução <strong>de</strong> um movimento e outra é a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> contracção muscular, que, não sen<strong>do</strong> antagónicas,<br />
no caso <strong>de</strong> cargas <strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável, não<br />
são coinci<strong>de</strong>ntes.<br />
É por isso que os méto<strong>do</strong>s <strong>da</strong> Taxa <strong>de</strong> Produção <strong>de</strong><br />
Força, também <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Méto<strong>do</strong>s Máximos, têm<br />
como objectivo incrementar a força explosiva e fazemno<br />
através <strong>do</strong> aumento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> activação<br />
nervosa. Por aumento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> activação nervosa<br />
<strong>de</strong>vemos enten<strong>de</strong>r to<strong>do</strong> o conjunto <strong>de</strong> mecanismos<br />
neurais que po<strong>de</strong>m contribuir para aumentar a<br />
capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> o músculo produzir força, nomea<strong>da</strong>mente<br />
o recrutamento, a frequência <strong>de</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> e a<br />
sincronização <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s motoras (UMs).<br />
Se as UMs que têm a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong><br />
força mais eleva<strong>da</strong> são as UMs <strong>da</strong> fibra tipo II, <strong>de</strong><br />
acor<strong>do</strong> com o Princípio <strong>do</strong> Recrutamento <strong>da</strong>s UMs,<br />
estas só serão recruta<strong>da</strong>s se a resistência a vencer for<br />
suficientemente gran<strong>de</strong> para que o limiar <strong>de</strong> recrutamento<br />
seja atingi<strong>do</strong>. Por esta razão, para mobilizar<br />
as fibras rápi<strong>da</strong>s, é necessário vencer resistências<br />
muito próximas <strong>do</strong> máximo individual, pois só<br />
assim se garante o recrutamento <strong>de</strong>ssas fibras.<br />
Complementarmente, para solicitar o aumento <strong>da</strong><br />
frequência <strong>de</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s UMs, i.e., o número <strong>de</strong><br />
Força explosiva versus potência muscular<br />
estímulos por uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tempo, é crucial que a<br />
acção muscular seja realiza<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma explosiva,<br />
logo, com uma gran<strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> contracção<br />
muscular. E é aqui que resi<strong>de</strong> o cerne <strong>do</strong> treino com<br />
objectivos <strong>de</strong> a<strong>da</strong>ptação neural. Assim, é no cumprimento<br />
<strong>de</strong>sta dialéctica que se alicerçam to<strong>do</strong>s os<br />
méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> treino <strong>da</strong> força explosiva ou, também<br />
<strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s, méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> Taxa<br />
<strong>de</strong> Produção <strong>de</strong> Força.<br />
Por este motivo o treino <strong>de</strong> Fexp e <strong>de</strong> Fexp max <strong>de</strong>ve<br />
ser realiza<strong>do</strong>, preferencialmente, com cargas máximas<br />
ou próximas <strong>do</strong> máximo e com uma veloci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
explosiva <strong>de</strong> contracção muscular. Ten<strong>do</strong> em conta a<br />
capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir força, o tempo disponível e<br />
resistência a vencer, há que ajustar o treino à especifici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>s gestos e acções <strong>de</strong>sportivas que se preten<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolver.<br />
Para terminar, é importante referir que a Fexp <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>s seguintes factores principais: capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Fmax, tipo e características <strong>de</strong> contracção <strong>da</strong>s fibras<br />
musculares e coor<strong>de</strong>nação intra-muscular (recrutamento,<br />
frequência <strong>da</strong> <strong>de</strong>scarga <strong>de</strong> impulsos e sincronismo<br />
<strong>da</strong>s UMs), e que estes factores se reflectem<br />
na produção rápi<strong>da</strong> <strong>de</strong> força na fase estática e início<br />
<strong>do</strong> movimento e na veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> encurtamento <strong>do</strong><br />
músculo.<br />
POTÊNCIA MUSCULAR<br />
De volta à Potência Muscular iremos começar por<br />
fazer uma abor<strong>da</strong>gem sintética <strong>da</strong> sua perspectiva<br />
mecânica e procuran<strong>do</strong>, <strong>de</strong> segui<strong>da</strong>, aproximarmonos<br />
<strong>da</strong> sua dimensão <strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> motora.<br />
O conceito mecânico <strong>de</strong> trabalho (W) refere o produto<br />
<strong>da</strong> força aplica<strong>da</strong> a um corpo pela distância que<br />
percorre na direcção <strong>da</strong> sua aplicação (W=F.d).<br />
Expressa-se em Newton.metros (N.m) ou em Joules<br />
(J), (1 J =1 N.m).<br />
Por Potência (P) enten<strong>de</strong>-se a razão entre um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong><br />
trabalho mecânico e o tempo em que é efectua<strong>do</strong><br />
(P=W/t e expressa-se em Joules/seg. ou Watts).<br />
Se a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> é o espaço percorri<strong>do</strong> em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong><br />
tempo (m.s -1), teremos então que P=W/t o que<br />
po<strong>de</strong>remos substituir por P=F.d.t -1. Daí po<strong>de</strong>rmos<br />
formular que a Potência é igual ao produto <strong>da</strong> Força<br />
pela Veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> (P=F.V), ou seja, o produto <strong>da</strong> Força<br />
que um segmento <strong>do</strong> corpo po<strong>de</strong> produzir pela veloci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sse segmento.<br />
Rev Port Cien Desp 6(2) 241–248 245