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treinamento. A <strong>de</strong>svantagem é a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

controlar as variáveis que po<strong>de</strong>m ser altera<strong>da</strong>s <strong>de</strong>vi<strong>do</strong><br />

à alimentação, variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> climática e estresse<br />

competitivo.<br />

No segun<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo, o treinamento é intensifica<strong>do</strong><br />

proposita<strong>da</strong>mente durante um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 4 semanas.<br />

Por razões éticas, quatro semanas é o perío<strong>do</strong><br />

máximo que os atletas po<strong>de</strong>m suportar o aumento<br />

<strong>de</strong> cargas que já são intensas [52, 57]. A performance<br />

aeróbia, anaeróbia lática ou alática e as variáveis<br />

psicológicas e fisiológicas são compara<strong>da</strong>s antes e<br />

após o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> treinamento intensifica<strong>do</strong> ou<br />

entre atletas que <strong>de</strong>monstraram sintomas <strong>de</strong> overreaching,<br />

já que 4 semanas são consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s um perío<strong>do</strong><br />

curto para levar o atleta ao overtraining, e os que não<br />

apresentaram tais sintomas. Este méto<strong>do</strong> possibilita<br />

um melhor controle <strong>da</strong>s variáveis que possam confundir<br />

o diagnóstico.<br />

Contu<strong>do</strong>, o aumento <strong>da</strong>s cargas <strong>de</strong> treinamento é<br />

superior ao que normalmente ocorre, não refletin<strong>do</strong>,<br />

<strong>de</strong>sta maneira, o programa <strong>de</strong> treinamento <strong>do</strong> atleta.<br />

Exceto estas limitações, ambos os mo<strong>de</strong>los fornecem<br />

informações úteis para i<strong>de</strong>ntificar os marca<strong>do</strong>res e<br />

compreen<strong>de</strong>r os mecanismos responsáveis pelo overtraining<br />

ou overreaching.<br />

Etiologia <strong>do</strong> overtraining<br />

A tolerância <strong>do</strong> atleta ao estresse é <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> pela<br />

sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>da</strong>ptação, estratégias <strong>de</strong> competição<br />

e características fisiológicas. A quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> total<br />

<strong>de</strong> fatores estressantes internos e externos <strong>de</strong>termina<br />

a maior vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> alguns atletas. Em<br />

relação aos fatores internos, Koute<strong>da</strong>kis e Sharp [43]<br />

verificaram que homens e mulheres respon<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

maneira diferente aos fatores <strong>de</strong> estresse, e que a<br />

incidência <strong>do</strong> OT parece ser maior nos homens.<br />

Sobre os fatores externos, um aumento progressivo<br />

no volume <strong>do</strong> treinamento intenso, com consi<strong>de</strong>rável<br />

aumento no volume total <strong>de</strong> treinamento parece<br />

ser a causa pre<strong>do</strong>minante <strong>do</strong> aumento <strong>da</strong> suscetibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

ao OT.<br />

Existem muitas teorias, embora nenhuma <strong>de</strong>las conclusivas,<br />

sobre a origem e mu<strong>da</strong>nças fisiopatológicas<br />

<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> OT. Possivelmente os fatores responsáveis<br />

pela síndrome <strong>do</strong> sobretreino relaciona<strong>do</strong>s à<br />

a<strong>da</strong>ptação central são:<br />

1) Desequilíbrio circulante <strong>de</strong> aminoáci<strong>do</strong>s. Durante o<br />

exercício aeróbio <strong>de</strong> longa duração po<strong>de</strong> ocorrer uma<br />

Compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o overtraining no <strong>de</strong>sporto<br />

diminuição <strong>da</strong> concentração <strong>do</strong>s aminoáci<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

ca<strong>de</strong>ia ramifica<strong>da</strong> (AACR; leucina, isoleucina e valina)<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à oxi<strong>da</strong>ção pelo músculo esquelético para<br />

a ressíntese <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nosina trifosfato (ATP).<br />

Simultaneamente ocorre um aumento <strong>da</strong> concentração<br />

<strong>de</strong> aminoáci<strong>do</strong>s aromáticos (AAA; tirosina, fenilanina<br />

e triptofano). O triptofano (Trp) é o precursor<br />

<strong>da</strong> serotonina no cérebro e 90% <strong>de</strong>ste aminoáci<strong>do</strong><br />

circula liga<strong>do</strong> à albumina, o restante circula livremente<br />

(Trp L) [71].<br />

Assim como os aminoáci<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia ramifica<strong>da</strong><br />

(AACR), os áci<strong>do</strong>s graxos livres (AGLs) também são<br />

oxi<strong>da</strong><strong>do</strong>s pelo músculo esquelético para produzir<br />

ATP quan<strong>do</strong> ocorre <strong>de</strong>pleção <strong>do</strong> glicogênio muscular<br />

e hepático, respectivamente. Os AGLs, como não são<br />

solúveis em água, também utilizam a albumina para<br />

circularem no sangue. Desta maneira, ocorre uma<br />

competição pela albumina entre os AGLs e o Trp L , e<br />

quanto maior for a utilização <strong>de</strong> AGLs para a ressíntese<br />

<strong>de</strong> ATP maior será a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Trp L [50].<br />

O transporte <strong>do</strong>s AACR e <strong>do</strong>s AAA pela barreira<br />

hematoencefálica ocorre pelo mesmo mecanismo<br />

específico, que é controla<strong>do</strong> por competição, e a afini<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> transporta<strong>do</strong>r pelo aminoáci<strong>do</strong> é <strong>de</strong>termina<strong>da</strong><br />

pelas concentrações <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais aminoáci<strong>do</strong>s.<br />

Como há baixa concentração <strong>de</strong> AACR e alta concentração<br />

<strong>de</strong> AAA, principalmente o Trp L, este aminoáci<strong>do</strong><br />

chega ao cérebro para formar a serotonina [75].<br />

Este fenômeno já foi observa<strong>do</strong> em atletas em OT<br />

[26] e uma diminuição na concentração sanguínea<br />

<strong>da</strong> razão Trp L/AACR tem si<strong>do</strong> proposta como ferramenta<br />

para diagnosticar OT em atletas <strong>de</strong> endurance<br />

[64].<br />

2) Variações no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA).<br />

Duclos et al [16], observaram que a repetição <strong>do</strong><br />

estresse fisiológico imposto pelo treinamento físico<br />

em corre<strong>do</strong>res <strong>de</strong> longa distância influenciava na<br />

produção <strong>do</strong> hormônio adrenocorticotrópico<br />

(ACTH). Na reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, ocorria um aumento <strong>da</strong> concentração<br />

plasmática <strong>de</strong>ste hormônio, contu<strong>do</strong> não<br />

foi observa<strong>da</strong> alteração na concentração plasmática<br />

<strong>do</strong> principal hormônio <strong>da</strong> sua glândula alvo, ou seja,<br />

o cortisol. Isto po<strong>de</strong>ria ser explica<strong>do</strong> através <strong>da</strong> diminuição<br />

<strong>da</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> glândula adrenal a estimulação<br />

<strong>do</strong> ACTH e/ou a uma diminuição <strong>da</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> eixo hipotálamo-hipófise ao feedback<br />

negativo imposto pelo cortisol.<br />

Rev Port Cien Desp 6(2) 229–238 231

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