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202<br />

José Henrique, Carlos Januário<br />

as percepções pessoais <strong>do</strong>s alunos tenham se apresenta<strong>do</strong><br />

congruentes, é possível que a uni<strong>da</strong><strong>de</strong> experimental<br />

<strong>de</strong> ensino não tenha si<strong>do</strong> longa o suficiente<br />

para influenciar as percepções pessoais <strong>do</strong>s alunos,<br />

face aos resulta<strong>do</strong>s verifica<strong>do</strong>s. Ao mesmo tempo,<br />

isto permite evi<strong>de</strong>nciar quão consistente e permanente<br />

po<strong>de</strong>m se tornar as crenças sobre a auto-competência<br />

reti<strong>da</strong> pelos alunos, sobrepujan<strong>do</strong> mesmo o<br />

<strong>de</strong>sempenho manifesto.<br />

Por fim, a concordância e relações verifica<strong>da</strong>s <strong>da</strong> avaliação<br />

<strong>do</strong>s professores e auto-percepção <strong>do</strong>s alunos<br />

com as realizações na uni<strong>da</strong><strong>de</strong> experimental <strong>de</strong> ensino,<br />

revelaram tanto a competência <strong>do</strong> professor quanto<br />

a competência <strong>de</strong> uma parte expressiva <strong>de</strong> alunos<br />

no ajuizamento <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho académico. Em 40%<br />

<strong>do</strong>s casos, a aferição <strong>do</strong>s professores correspon<strong>de</strong>u ao<br />

<strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> pelos alunos no final <strong>da</strong><br />

uni<strong>da</strong><strong>de</strong> experimental <strong>de</strong> ensino. Ain<strong>da</strong> que se esperasse<br />

valores mais substantivos, <strong>de</strong>ve-se ter em conta<br />

que o conteú<strong>do</strong> fugia ao padrão <strong>de</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s<br />

nas aulas <strong>de</strong> educação física, on<strong>de</strong> prevalece<br />

o ensino <strong>de</strong> jogos e activi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>sportivas colectivas.<br />

Portanto, a avaliação <strong>do</strong>s professores foi condiciona<strong>da</strong><br />

pela mobilização <strong>de</strong> informações, basea<strong>da</strong>s em parâmetros<br />

distintos <strong>do</strong> habitual, na projecção <strong>da</strong> competência<br />

<strong>do</strong>s alunos no conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> salto em altura.<br />

Isto ficou evi<strong>de</strong>nte nas questões coloca<strong>da</strong>s pelos professores<br />

no momento <strong>da</strong> avaliação, oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> em<br />

que expressaram dúvi<strong>da</strong>s quanto ao juízo formula<strong>do</strong><br />

face à novi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>.<br />

Foi consi<strong>de</strong>rável a proporção <strong>de</strong> alunos que reportaram<br />

níveis <strong>de</strong> habili<strong>da</strong><strong>de</strong> compatíveis com o <strong>de</strong>sempenho<br />

realiza<strong>do</strong> na uni<strong>da</strong><strong>de</strong> experimental <strong>de</strong> ensino.<br />

Estes resulta<strong>do</strong>s foram notavelmente influencia<strong>do</strong>s<br />

pelos alunos que reportaram alta percepção <strong>de</strong> competência.<br />

No estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Bibik (2), os alunos incongruentes-alto<br />

<strong>de</strong>monstraram forte crença nas suas<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s e, por isso, recorreram menos à comparação<br />

social na formulação <strong>da</strong> própria competência.<br />

Muitas vezes justificaram a falta <strong>de</strong> atenção <strong>do</strong> professor,<br />

alegan<strong>do</strong> não precisar <strong>de</strong> feedback.<br />

Se uma parcela expressiva <strong>de</strong> alunos <strong>de</strong> diferentes<br />

níveis <strong>de</strong> habili<strong>da</strong><strong>de</strong> (42.5%) <strong>de</strong>monstrou coerência<br />

<strong>do</strong> sentimento <strong>de</strong> competência com o <strong>de</strong>sempenho,<br />

po<strong>de</strong>mos realçar a importância <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar o<br />

auto-relato <strong>do</strong>s alunos sobre a própria competência<br />

na toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões pe<strong>da</strong>gógicas (8), bem como<br />

no processo <strong>de</strong> avaliação escolar (25).<br />

Rev Port Cien Desp 6(2) 194–204<br />

CONCLUSÃO<br />

Os resulta<strong>do</strong>s ratificam a complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> inerente ao<br />

processo ensino-aprendizagem. Isto ficou evi<strong>de</strong>nte<br />

nos indícios <strong>de</strong> que tanto as expectativas <strong>do</strong>centes<br />

quanto o <strong>de</strong>sempenho po<strong>de</strong>m ter influencia<strong>do</strong> a percepção<br />

<strong>de</strong> competência <strong>do</strong>s alunos.<br />

Em resposta às questões iniciais coloca<strong>da</strong>s neste<br />

estu<strong>do</strong>, cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> <strong>da</strong> amostra relatou percepções<br />

congruentes com as expectativas <strong>do</strong> professor.<br />

Além disso, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o conjunto amostral, foi<br />

significativa a relação entre as expectativas <strong>do</strong>centes<br />

e a percepção <strong>de</strong> competência <strong>do</strong>s alunos. Verificouse,<br />

ain<strong>da</strong>, que a auto-percepção <strong>de</strong> alguns alunos<br />

congruentes alto e baixo se relacionou com a expectativa<br />

<strong>de</strong> seus professores, muito embora tenham<br />

apresenta<strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho abaixo ou acima <strong>do</strong> que<br />

seria suposto, respectivamente. A expressão <strong>de</strong>sta<br />

correspondência não po<strong>de</strong> ser negligencia<strong>da</strong>, principalmente<br />

por ocorrer no ambiente escolar que <strong>de</strong>ve<br />

primar por promover sentimentos positivos e a<br />

inclusão <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os alunos no processo educativo.<br />

Parece não existir dúvi<strong>da</strong> <strong>de</strong> que o <strong>de</strong>sempenho também<br />

serviu <strong>de</strong> parâmetro para os alunos formularem<br />

as suas percepções. Cerca <strong>de</strong> 40% <strong>do</strong>s alunos, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

<strong>do</strong> grau <strong>de</strong> congruência, <strong>de</strong>notaram<br />

percepções coerentes com o <strong>de</strong>sempenho final na<br />

uni<strong>da</strong><strong>de</strong> experimental <strong>de</strong> ensino. Os alunos <strong>de</strong> baixa<br />

percepção <strong>de</strong> competência po<strong>de</strong>rão ser mais influencia<strong>do</strong>s<br />

por critérios normativos, com fortes indícios<br />

<strong>de</strong> que a comparação social em classe tenha servi<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> parâmetro para a maioria no ajuizamento <strong>da</strong> própria<br />

competência.<br />

O professor constituiu-se numa boa fonte <strong>de</strong> informação<br />

sobre a competência <strong>do</strong> aluno, principalmente<br />

se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> ter ajuiza<strong>do</strong> a sua habili<strong>da</strong><strong>de</strong> com<br />

antecedência e num conteú<strong>do</strong> pouco comum no programa<br />

<strong>da</strong> disciplina. As suas expectativas foram mais<br />

congruentes com o <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong>s alunos <strong>de</strong> baixa<br />

percepção <strong>de</strong> competência. Este apuramento po<strong>de</strong><br />

ser útil no momento <strong>de</strong> planear e operacionalizar<br />

tarefas ao nível <strong>de</strong> competência <strong>do</strong>s alunos.<br />

As implicações práticas <strong>de</strong>stes resulta<strong>do</strong>s têm si<strong>do</strong><br />

enfaticamente ressalta<strong>da</strong>s pela literatura, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong><br />

que os alunos po<strong>de</strong>m constituir uma importante<br />

fonte <strong>de</strong> informação para uma melhor compreensão<br />

<strong>do</strong> processo ensino-aprendizagem. O que<br />

os alunos pensam po<strong>de</strong> ser muito importante para

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