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ável, com aumento <strong>do</strong> catabolismo lipídico, redução<br />

<strong>do</strong> nível intracelular <strong>de</strong> glicocorticói<strong>de</strong>s, aumento <strong>da</strong><br />

sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> à insulina, HDL-colesterol e apo-AI,<br />

sugerin<strong>do</strong> um fenótipo protetor em relação ao processo<br />

aterosclerótico (15). Por outro la<strong>do</strong>, a administração<br />

<strong>de</strong> glicocorticói<strong>de</strong>s ou a elevação <strong>de</strong> glicocorticói<strong>de</strong>s<br />

endógeno promovem dislipi<strong>de</strong>mia e resistência<br />

à insulina. Estes acha<strong>do</strong>s clínicos sugerem que a<br />

ação <strong>do</strong>s glicocorticói<strong>de</strong>s tem papel importante na<br />

patofisiologia <strong>da</strong> síndrome metabólica.<br />

GLICOCORTICÓIDE, METABOLISMO E AÇÃO<br />

O cortisol ou hidrocortisona como é conheci<strong>do</strong>, é o<br />

principal glicocorticói<strong>de</strong> endógeno. Este hormônio<br />

esterói<strong>de</strong> é produzi<strong>do</strong> e secreta<strong>do</strong> pela zona fascicula<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong>s adrenais e está sob controle <strong>do</strong> hormônio<br />

adrenocorticotrófico (ACTH). Seu nível circulante é<br />

regula<strong>do</strong> pela ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> eixo hipotálamo-pituitária-adrenal,<br />

um circuito <strong>de</strong> feedback neuroendócrino<br />

que po<strong>de</strong> ser ativa<strong>do</strong> por estímulos fisiológicos, tais<br />

como o estresse (16). A ação local <strong>do</strong>s glicocorticói<strong>de</strong>s<br />

é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> seu metabolismo intracelular<br />

pela 11βHSD. 11βHSD1 ativa os glicocorticói<strong>de</strong>s<br />

(cortisona para cortisol), enquanto 11βHSD2 inativa<br />

o hormônio. Estas duas isoenzimas são produtos <strong>de</strong><br />

diferentes genes e têm distinta distribuição nos teci<strong>do</strong>s.<br />

A 11β-HSD1 é expressa<strong>da</strong> primariamente no<br />

fíga<strong>do</strong>, adipócitos, rim e cérebro, enquanto a 11β-<br />

HSD2 é expressa<strong>da</strong> principalmente nos rins e glândulas<br />

salivares (17). Assim, a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>stas enzimas<br />

<strong>de</strong>sempenha papel importante nas ações fisiológicas<br />

<strong>do</strong>s GCs.<br />

A cortisona apresenta-se no plasma <strong>de</strong> forma livre,<br />

no entanto, aproxima<strong>da</strong>mente 6% <strong>do</strong> cortisol são<br />

carrea<strong>do</strong>s pela albumina e 90% se combinam reversivelmente<br />

a uma alfa-globulina, sintetiza<strong>da</strong> no fíga<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> transcortina ou CBG (corticosteroid-binding<br />

globulin), funcionan<strong>do</strong> como reserva (18). A<br />

CBG está presente em diversos teci<strong>do</strong>s e po<strong>de</strong> regular<br />

a ação <strong>do</strong> GC <strong>de</strong> maneira teci<strong>do</strong> específico. Por<br />

exemplo, níveis significativamente baixos <strong>de</strong> CBG no<br />

teci<strong>do</strong> adiposo <strong>de</strong> ratos Zucker contribuem para a<br />

resistência à insulina (19).<br />

A ação <strong>do</strong>s glicocorticói<strong>de</strong>s também é media<strong>da</strong> pelo<br />

receptor <strong>de</strong> glicocorticói<strong>de</strong> (GR), um receptor<br />

nuclear que regula eventos fisiológicos diretamente,<br />

ativan<strong>do</strong> ou inibin<strong>do</strong> genes alvos envolvi<strong>do</strong>s na infla-<br />

Glicocorticói<strong>de</strong>, Síndrome metabólica e exercício físico<br />

mação, gliconeogênese e diferenciação <strong>do</strong>s adipócitos<br />

(20). Na maioria <strong>do</strong>s casos, o efeito na transcrição<br />

é estimula<strong>do</strong>r, levan<strong>do</strong> ao acúmulo <strong>de</strong> RNAs<br />

mensageiros que codificam a síntese protéica. Sabese<br />

que efeitos inibitórios também ocorrem em genes<br />

que são regula<strong>do</strong>s negativamente. Entretanto, alguns<br />

fatos permanecem obscuros na ação <strong>de</strong>ste hormônio.<br />

Portanto, a ação <strong>do</strong>s GC nos teci<strong>do</strong>s alvos não é<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte somente <strong>da</strong> concentração <strong>de</strong> GC circulante<br />

e <strong>da</strong> expressão celular <strong>de</strong> GR, mas também <strong>do</strong><br />

metabolismo intracelular teci<strong>do</strong>-específico <strong>de</strong> GC<br />

pela 11-β-HSDs.<br />

EFEITOS METABÓLICOS DOS GLICOCORTICÓIDES<br />

Os glicocorticói<strong>de</strong>s são hormônios com ação antagônica<br />

à insulina. Exercem ação pre<strong>do</strong>minante sobre o<br />

metabolismo intermediário, com efeitos principalmente<br />

sobre os teci<strong>do</strong>s hepático, muscular e adiposo.<br />

Numa situação <strong>de</strong> estresse, os glicocorticói<strong>de</strong>s<br />

(no homem, principalmente o cortisol, e na maioria<br />

<strong>do</strong>s roe<strong>do</strong>res, a corticosterona) contribuem na mobilização<br />

<strong>de</strong> substratos energéticos, com a finali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> recuperar os teci<strong>do</strong>s lesiona<strong>do</strong>s e promover a<br />

homeostase orgânica, já que ambos são hormônios<br />

catabólicos.<br />

Diferente <strong>da</strong>s ações fisiológicas (isto é regula<strong>do</strong>ras e<br />

metabólicas) <strong>do</strong>s glicocorticói<strong>de</strong>s <strong>de</strong> secreção endógena,<br />

em altas concentrações como evi<strong>de</strong>ncia<strong>da</strong>s na síndrome<br />

<strong>de</strong> Cushing ou pela administração exógena <strong>de</strong><br />

seus análogos sintéticos, induzem resistência à insulina<br />

e inúmeras <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns metabólicas ao organismo.<br />

As alterações metabólicas evi<strong>de</strong>ncia<strong>da</strong>s na obesi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

em humanos, que têm relação importante com <strong>do</strong>enças<br />

<strong>do</strong> coração, incluin<strong>do</strong> hipertensão, resistência à<br />

insulina, diabetes tipo 2 e hiperlipi<strong>de</strong>mia, características<br />

<strong>da</strong> síndrome metabólica, também são encontra<strong>da</strong>s<br />

na síndrome <strong>de</strong> Cushing, quan<strong>do</strong> esta é causa<strong>da</strong><br />

pelo aumento <strong>do</strong>s níveis circulantes <strong>de</strong> glicocorticói<strong>de</strong>s<br />

(21). Observou-se também que a administração<br />

exógena <strong>de</strong> GCs aumenta os níveis séricos <strong>de</strong> insulina<br />

e triglicéri<strong>de</strong>s (22).<br />

Os efeitos metabólicos <strong>do</strong>s GCs são media<strong>do</strong>s por<br />

diversos mecanismos que são fisiologicamente relevantes<br />

no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> resistência à insulina<br />

hepática e periférica, dislipi<strong>de</strong>mia, obesi<strong>da</strong><strong>de</strong> e hiperglicemia.<br />

Suas ações em teci<strong>do</strong>s específicos contribuem<br />

para as anormali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> síndrome metabólica.<br />

Rev Port Cien Desp 6(2) 217–228 219

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