download PDF - Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
download PDF - Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
download PDF - Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
aumento <strong>da</strong> força e, provavelmente, também <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
O objectivo <strong>do</strong> treino e as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
ca<strong>da</strong> especiali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>vem marcar a via mais a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong>s melhorias.<br />
Os valores concretos <strong>de</strong> força e veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> (supõe-se<br />
que estas sejam sempre o máximo possível), nos<br />
quais se alcançam a potência máxima não são os<br />
mesmos em to<strong>do</strong>s os sujeitos e especiali<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Em<br />
termos médios, a força (resistência a vencer) <strong>de</strong>ve<br />
estar entre os 30 a 40% <strong>da</strong> força isométrica máxima<br />
e a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> entre os 35 e os 45% <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
máxima <strong>de</strong> contracção contra resistências muito<br />
ligeiras ou nulas (5, 17). A oscilação <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>stas<br />
margens <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>da</strong>s características <strong>do</strong> <strong>de</strong>sportista<br />
e <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> treino realiza<strong>do</strong>. Os indivíduos mais fortes<br />
e/ou mais lentos geralmente conseguem a sua<br />
potência máxima a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> menor <strong>do</strong> que os mais<br />
rápi<strong>do</strong>s.<br />
Como resulta<strong>do</strong>, os factores que afectam tanto a<br />
força muscular quanto a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> encurtamento<br />
<strong>de</strong>terminarão a potência que po<strong>de</strong> ser produzi<strong>da</strong>.<br />
Quan<strong>do</strong> a um músculo chega um impulso nervoso<br />
a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> Enoka (5, p. 307), “os principais<br />
<strong>de</strong>terminantes <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> potência são o número<br />
<strong>de</strong> fibras musculares activa<strong>da</strong>s em paralelo e a<br />
veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> com que os miofilamentos po<strong>de</strong>m converter<br />
energia em trabalho mecânico”. Embora a produção<br />
<strong>de</strong> potência seja máxima quan<strong>do</strong> a força muscular<br />
é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> um terço <strong>do</strong> máximo, a produção <strong>de</strong><br />
potência aumenta à medi<strong>da</strong> que o músculo se torna<br />
mais forte (a área <strong>de</strong> secção transversal aumenta), e,<br />
assim, o valor <strong>de</strong> um terço aumenta (5). E <strong>da</strong>qui,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>r quão erra<strong>da</strong> é, <strong>do</strong><br />
ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong> treino e incorrecta na perspectiva<br />
biomecânica, a convicção <strong>de</strong> que o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>da</strong> força muscular induz per<strong>da</strong> <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Por outro la<strong>do</strong>, a expressão <strong>de</strong> um movimento <strong>de</strong>sportivo<br />
implica, normalmente, a execução <strong>de</strong> gestos<br />
e/ou <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> gestos com que se procura a<br />
harmonização e optimização <strong>da</strong> acção <strong>de</strong> um conjunto<br />
<strong>de</strong> músculos que têm responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> na concretização<br />
<strong>de</strong>ssa acção. Assim, uma outra possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
para o aumento <strong>da</strong> potência muscular <strong>de</strong>corre <strong>da</strong><br />
melhoria <strong>da</strong> coor<strong>de</strong>nação intermuscular. A coor<strong>de</strong>nação<br />
intermuscular expressa a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> melhor<br />
cooperação possível entre os músculos agonistas,<br />
antagonistas e sinergistas, no que diz respeito ao<br />
Força explosiva versus potência muscular<br />
objectivo <strong>do</strong> movimento em causa. A melhoria <strong>da</strong><br />
potência muscular, que po<strong>de</strong> atribuir-se a uma<br />
melhor coor<strong>de</strong>nação intermuscular, está muito<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> movimento, o que<br />
significa que não é muito transferível <strong>de</strong> um movimento/gesto<br />
para outro.<br />
De facto, é bem conheci<strong>do</strong> que o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
força é específico <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> padrão <strong>de</strong> movimento,<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> tipo <strong>de</strong> acção<br />
muscular utiliza<strong>do</strong>s durante o treino. Isto é, naturalmente,<br />
ain<strong>da</strong> muito mais evi<strong>de</strong>nte no treino para<br />
melhoria <strong>de</strong> potência, que, na prática, exige <strong>do</strong>mínio<br />
<strong>de</strong> movimentos complexos com interferência <strong>de</strong> um<br />
conjunto <strong>de</strong> músculos geralmente multi-articulares.<br />
Só po<strong>de</strong>mos, então, treinar potência, como <strong>de</strong> resto<br />
veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>, após um <strong>do</strong>mínio perfeito <strong>do</strong> gesto que<br />
preten<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>senvolver. Quanto melhor for a mestria<br />
técnica <strong>do</strong> gesto, mais veloz e perfeita a execução<br />
e, com isso, o produto final pretendi<strong>do</strong>.<br />
De facto, o treino <strong>da</strong> potência é, antes <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, um<br />
aprimoramento, entre duas importantes quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s:<br />
força e veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Don<strong>de</strong> o treino <strong>da</strong> potência tem<br />
<strong>de</strong> ser efectua<strong>do</strong> com uma carga leve (30-60% <strong>da</strong><br />
carga máxima <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com exigência <strong>do</strong> gesto <strong>de</strong>sportivo<br />
pretendi<strong>do</strong>) e venci<strong>da</strong> à máxima veloci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> execução a tal ponto que, como Schmidtbleicher<br />
gosta <strong>de</strong> caricaturar, seria possível ouvir o “silvar”<br />
<strong>do</strong> movimento; nessa medi<strong>da</strong>, o treino cai fortemente<br />
no âmbito <strong>do</strong> treino coor<strong>de</strong>nativo específico ou<br />
treino técnico.<br />
EM SÍNTESE<br />
A força explosiva e a potência <strong>de</strong>vem enquadrar-se<br />
no grupo <strong>da</strong>s manifestações <strong>da</strong> força muscular que,<br />
geralmente, <strong>de</strong>nominamos <strong>de</strong> força rápi<strong>da</strong>. Ambas<br />
são condiciona<strong>da</strong>s, por esse motivo, pelo factor<br />
tempo em que se realizam ou se <strong>de</strong>vem realizar. No<br />
entanto, para a força explosiva o <strong>de</strong>terminante é o<br />
nível <strong>de</strong> força expressa e o tempo necessário para tal,<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> existir ou não movimento; na<br />
potência, o factor substantivo é a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> com<br />
que se consegue vencer uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> resistência,<br />
por isso, a sua expressão máxima correspon<strong>de</strong> à<br />
conjugação óptima <strong>da</strong> carga a vencer (ca. 40% <strong>da</strong><br />
força máxima isométrica) e <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> máxima <strong>de</strong><br />
movimento que se consegue alcançar perante tal<br />
carga. Inferin<strong>do</strong>-se <strong>da</strong>í que o treino <strong>de</strong> força explosi-<br />
Rev Port Cien Desp 6(2) 241–248 247