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Um olhar para as altas habilidades

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um <strong>olhar</strong> <strong>para</strong> aS altaS habilidadeS: ConStruindo CaminhoS<br />

A superdotação pode ter muit<strong>as</strong> form<strong>as</strong>. <strong>Um</strong>a d<strong>as</strong> mais importantes, m<strong>as</strong> relativamente negligenciada, é a superdotação prática.<br />

A superdotação prática é diferente da acadêmica/analítica e da criativa/produtiva. É, talvez, a mais importante forma de<br />

superdotação <strong>para</strong> a adaptação ao mundo cotidiano.<br />

(Sternberg, 2006, p. 89)<br />

A inteligência prática é a capacidade que a pessoa tem de usar os recursos<br />

de seu ambiente no dia-a-dia, <strong>para</strong> viver, e sobreviver, às vezes. Em<br />

pesquis<strong>as</strong> realizad<strong>as</strong> em países em desenvolvimento ou não, foi constatado<br />

que a inteligência prática pode estar <strong>as</strong>sociada a um baixo Q.I., medido por<br />

testes tradicionais. Isso acontece porque problem<strong>as</strong> práticos são de natureza<br />

diversa dos problem<strong>as</strong> acadêmicos. Eles exigem solução a partir de informações<br />

incomplet<strong>as</strong>, e não têm uma única resposta certa, uma vez que<br />

são complexos como a vida. A criança pode, então, ter alt<strong>as</strong> <strong>habilidades</strong><br />

nessa área, e não ir bem nos testes padronizados.<br />

Continuando, no mesmo texto, ele nos apresenta o que nomeia como<br />

inteligência <strong>para</strong> o sucesso (ou bem-sucedida), que pode estar em qualquer<br />

uma d<strong>as</strong> categori<strong>as</strong> que ele menciona. Ela é definida como a “habilidade<br />

<strong>para</strong> obter sucesso na vida nos termos dos padrões de cada pessoa,<br />

dentro de seu contexto sociocultural” (Sternberg, 2006, p. 90). Tece considerações<br />

relevantes quanto ao que se pensa normalmente sobre inteligência.<br />

Em primeiro lugar, ressalta o fato de que os testes de inteligência são<br />

mais voltados <strong>para</strong> medir quem vai bem na escola do que quem vai ter<br />

sucesso na vida. Lembra, também, que <strong>as</strong> teori<strong>as</strong> vigentes estabelecem<br />

padrões externos ao indivíduo, socialmente definidos, do que é ser bemsucedido,<br />

e que esses padrões nem sempre estão de acordo com o que a<br />

própria pessoa quer <strong>para</strong> sua vida, o que ela considera ser bem-sucedido.<br />

Na década de 1980, a famosa pesquisadora<br />

bri tânica Joan Freeman relatou oralmente, em um<br />

congresso, vários c<strong>as</strong>os de pesso<strong>as</strong> com alt<strong>as</strong> <strong>habilidades</strong><br />

e estilos de vida inesperados. Em um desses<br />

c<strong>as</strong>os, um rapaz jovem, em torno dos 30 anos, com<br />

um Q.I. avaliado em aproximadamente 180 (!!), havia<br />

escolhido <strong>para</strong> sua vida trabalhar como leiteiro<br />

na Inglaterra, onde vivia. O salário não era alto, m<strong>as</strong><br />

era suficiente <strong>para</strong> que ele vivesse com a namorada,<br />

também talentosa. O atrativo do emprego era<br />

o horário: ele trabalhava d<strong>as</strong> 3 da manhã às 7, e<br />

depois tinha o dia todo <strong>para</strong> realizar seus projetos<br />

pessoais. A opção causava espanto, porque esse<br />

moço poderia ser um pesquisador em qualquer universidade<br />

que escolhesse. M<strong>as</strong> ele não queria. Vivia<br />

feliz com sua escolha, e era bem-sucedido no que<br />

fazia fora d<strong>as</strong> instituições de praxe.<br />

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