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Um olhar para as altas habilidades

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um <strong>olhar</strong> <strong>para</strong> aS altaS habilidadeS: ConStruindo CaminhoS<br />

Professora: A observação de P. começou este ano, e, mesmo<br />

sem ter um conhecimento mais específico sobre “PAH”, o considerei<br />

uma pessoa especial, com um comportamento diferente dos<br />

demais alunos: isolamento e frustração quando experimentava relacionamentos<br />

em grupo. Su<strong>as</strong> not<strong>as</strong> variam de cinco a oito n<strong>as</strong><br />

disciplin<strong>as</strong> do currículo básico, sendo ciênci<strong>as</strong> sua matéria preferida<br />

e matemática a de que menos gosta. Gosta de desenhar, de preferência<br />

históri<strong>as</strong> em quadrinhos, de investigação policial, ter aul<strong>as</strong><br />

de informática, criar objetos e também montar aviões. Gosta de<br />

jogos de simulação de vôo e de ler muito, principalmente <strong>as</strong>suntos<br />

históricos, científicos e sobre invenções. A biblioteca é a parte da<br />

escola de que mais gosta.<br />

Mãe: P. sempre foi uma criança criativa, desde pequeno gostava<br />

de criar cois<strong>as</strong>. Ele não acompanhava <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> de sua idade,<br />

preferia brincar e explorar os materiais de seus irmãos mais velhos.<br />

Cheguei a pensar que P. tivesse algum problema emocional, pois<br />

quando começou a freqüentar a escola tinha muitos problem<strong>as</strong> de<br />

relacionamento com os coleg<strong>as</strong> e professores. Tomei a decisão de<br />

levá-lo ao psicólogo, com quem fez terapia durante um bom tempo,<br />

m<strong>as</strong> achei que não teve resultado algum. Atualmente, P. vem se<br />

comportando melhor com <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> em geral, observo que está<br />

se sentindo mais confiante e seguro.<br />

P.: Inventei um rádio <strong>para</strong> ser acoplado na minha bicicleta, com<br />

uma antena grande que pegava tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> estações. Quando saía na<br />

rua, todos ficavam olhando e diziam que nunca tinham visto um rádio<br />

na bicicleta. Eu fiz uma adaptação que parecia já ter vindo com<br />

a bicicleta da fábrica. Quando quebrou, fiquei muito triste. Na aula<br />

de ciênci<strong>as</strong> fiz um projeto de uma máquina de fazer água. Ela tinha<br />

du<strong>as</strong> reserv<strong>as</strong>, uma <strong>para</strong> oxigênio e outra <strong>para</strong> hidrogênio. Abrindo<br />

<strong>as</strong> válvul<strong>as</strong>, os dois g<strong>as</strong>es se misturam <strong>para</strong> produzir a água. Estou<br />

pesquisando sobre esses g<strong>as</strong>es e como vou fazer a mistur<strong>as</strong> deles.<br />

Gosto muito da aula de ciênci<strong>as</strong>.<br />

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O exemplo acima ilustra como os principais envolvidos na educação<br />

de P. – sua mãe, sua professora e ele mesmo – são capazes de perceber<br />

su<strong>as</strong> <strong>habilidades</strong>, e o sofrimento decorrente da falta de atenção a el<strong>as</strong>. Os<br />

depoimentos mostram, também, como a sensibilidade da família e dos<br />

profissionais acionados proporciona o atendimento adequado, que vem<br />

abrindo possibilidades e gerando mais tranqüilidade <strong>para</strong> todos.<br />

A troca de informações, o compartilhar de<br />

anseios, surpres<strong>as</strong>, dúvid<strong>as</strong> e angústi<strong>as</strong>: esse é o<br />

caminho <strong>para</strong> a descoberta (ou reconhecimento)<br />

de capacidades.<br />

Os testes tradicionais de Q.I. estão moderada ou altamente correlacionados com o desempenho, e por isso vêm sendo <strong>as</strong>sociados<br />

com educação, riqueza e sucesso ocupacional na sociedade. Modelos não tradicionais de inteligência, no entanto, sugerem que a<br />

inteligência é interligada ao contexto sócio-histórico da vida cotidiana.<br />

(Fletcher-Janzen & Ortiz, 2006. p. 139)

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