Origem do Instituto de QuÃmica da USP Reminiscências e comentários
Origem do Instituto de QuÃmica da USP Reminiscências e comentários
Origem do Instituto de QuÃmica da USP Reminiscências e comentários
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Paschoal Senise<br />
“Contribuições <strong>da</strong> Ciência para a Indústria” pronuncia<strong>da</strong> em<br />
1954 na SBPC – socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> qual foi presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> 1953 a 1955<br />
– acentuou: “o melhor serviço que po<strong>de</strong>mos prestar ao <strong>de</strong>senvolvimento<br />
industrial <strong>do</strong> país é a formação <strong>de</strong> bons cientistas”.<br />
A essa altura (1954) porém, o entusiasmo inicial já se esvaia,<br />
pois, com o passar <strong>do</strong>s anos, os empecilhos que se opunham<br />
à efetiva realização <strong>de</strong> seus planos praticamente persistiam.<br />
Pessoa muito reserva<strong>da</strong>, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> cultura, mas pouco loquaz<br />
e até mesmo um tanto tími<strong>da</strong>, Rheinboldt era incapaz <strong>de</strong><br />
atitu<strong>de</strong>s agressivas, no bom senti<strong>do</strong>; acostuma<strong>do</strong> à disciplina<br />
germânica e ao rigor <strong>do</strong>s compromissos, ficava perplexo diante<br />
<strong>da</strong> nossa complica<strong>da</strong> burocracia, e principalmente, por não ter a<br />
voz e a autori<strong>da</strong><strong>de</strong> que <strong>de</strong>sfrutava em seu país <strong>de</strong> origem. Cansa<strong>do</strong><br />
e <strong>de</strong>cepciona<strong>do</strong> foi sen<strong>do</strong> presa <strong>de</strong> um certo <strong>de</strong>sencanto<br />
e não escondia o seu pessimismo, temen<strong>do</strong> que to<strong>do</strong> o esforço<br />
<strong>de</strong>spendi<strong>do</strong> se per<strong>de</strong>sse em pouco tempo. Receava que a obra<br />
<strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> em São Paulo ficasse relega<strong>da</strong> ao esquecimento, à<br />
semelhança <strong>do</strong> que acontecera em épocas anteriores em nosso<br />
país, como fora por ele comprova<strong>do</strong> em suas pesquisas históricas,<br />
por exemplo no caso <strong>do</strong> famoso químico alemão Wilhelm<br />
Michler – <strong>de</strong>scobri<strong>do</strong>r <strong>da</strong> cetona aromática que leva o seu nome<br />
– o qual entre os anos 1883 e 1889, aproxima<strong>da</strong>mente, criou na<br />
Escola Politécnica <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro um laboratório <strong>de</strong> pesquisa<br />
com recursos próprios, estu<strong>do</strong>u produtos naturais brasileiros e<br />
formou vários alunos, mas a respeito <strong>de</strong> sua obra praticamente<br />
na<strong>da</strong> se encontra na literatura química brasileira.<br />
Rheinboldt faleceu em São Paulo em 5 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong><br />
1955, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> a esposa Da. Emmi Rheinboldt que havia si<strong>do</strong><br />
sua assistente na Alemanha e o filho único Dirck Rheinboldt,<br />
engenheiro eletricista que chegou a ser <strong>do</strong>cente, em tempo<br />
parcial, <strong>da</strong> UNICAMP e faleceu prematuramente. Os <strong>do</strong>is netos<br />
formaram-se em engenharia química na UNICAMP.<br />
130