História Geral
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No final do Período Homérico, entretanto, alterações<br />
internas da própria realidade gentílica seriam<br />
responsáveis pela desintegração da ordem dos genos. O<br />
crescimento da população em descompasso com a<br />
capacidade de crescimento da produção agrícola levou à<br />
escassez de terras férteis para o pleno sustento das<br />
comunidades.<br />
Assim, muitos dos pater optaram pela divisão das terras<br />
coletivas, beneficiando os parentes mais próximos,<br />
passando a serem chamados de eupátridas, apropriando<br />
se das melhores terras (Pédium); os parentes mais<br />
afastados herdariam terras menos férteis, periféricas, de<br />
relevo acidentado e pedregoso (Diácria), constituindo a<br />
classe dos georgois. Por su vez, aqueles que não<br />
obtiveram terras nessa partilha, formariam um grupo<br />
marginalizado, chamado thetas, quase sempre submetido<br />
ao trabalho para as demais classes.<br />
Os eupátridas herdaram além das melhores terras, a<br />
tradição dos paters e o monopólio do poder político,<br />
constituindo-se numa aristocracia de base fundiária.<br />
Esses aristocratas constituíam-se as fratrias, que uma vez<br />
reunidos formavam as tribos, reunidos sobre a autoridade<br />
militar do basileus. A reunião de várias tribos deu origem<br />
aos demos (povoados), que atingidos pela crescente<br />
rivalidades, disputas internas e externas se juntavam<br />
formando pequenos Estados locais ou póleis (cidades-<br />
Estado). Em meados do século X a.C., a Grécia contava<br />
com cerca de 160 cidades independentes, comandadas<br />
por um rei (basileus), cujo poder era limitado pelos<br />
conselho aristocrata de eupátridas. Tentando evitar o<br />
fortalecimento excessivo desses monarcas, os Conselhos<br />
de Aristocratas costumavam indicar magistrados<br />
(Arcontes) para substituírem os reis depostos.<br />
A crise do sistema gentílico decorrente da alteração<br />
interna dos genos e o desenvolvimento da propriedade<br />
privada da terra, do qual decorreu a formação da<br />
aristocracia eupátrida e a formação das primeiras<br />
cidades-estados gregas indicam a transição do período<br />
homérico ao período Arcaico.<br />
5. PERIODO ARCAICO<br />
Período marcado pela consolidação da polis gregas, por<br />
intensas agitações de cunho social e política e pelo<br />
processo de colonização grego denominada Segunda<br />
Diáspora, o período Arcaico corresponde a um dos mais<br />
importantes na trajetória histórica dessa civilização.<br />
12<br />
A privatização das terras e a dissolução da comunidade<br />
gentílica levaram a profundas transformações no interior<br />
das sociedades gregas, com destaque para a concentração<br />
das terras nas mãos de uma elite privilegiada, o<br />
crescimento demográfico, com a diminuição das guerras<br />
e invasões, a escassez de terras férteis, o incremento da<br />
escravidão por dívidas e a concentração da produção<br />
excedente nas propriedades da aristocracia, exigindo<br />
novos mercados para serem comercializados.<br />
Os fatores citados contribuíram para um processo de<br />
êxodo rural dispersão dos gregos para várias partes do<br />
Mediterrâneo, procedendo o chamado Processo de<br />
Colonização Grego ou Segunda Diáspora grega, entre<br />
os séculos VIII e VI a.C. Vários entrepostos comerciais e<br />
colônias seriam fundadas pelos gregos, especialmente no<br />
sul da península Itálica (Magna Grécia), costa norte da<br />
África, Península Ibérica e em torno do mar Negro e<br />
Ásia Menor.<br />
A colonização obedecia a um certo planejamento, que<br />
implicava na escolha do local a ser colonizado, após<br />
consulta ao Oraculo de Apolo em Delfos, a indicação de<br />
comandantes das expedições que conquistariam e<br />
governariam a colônia. Tais colonizadores levavam da<br />
cidade mãe o fogo sagrado e os elementos culturais e<br />
políticos desta, como a língua, o alfabeto e os cultos e<br />
calendário. O comercio entre essas áreas baseava-se na<br />
exportação de azeite, vinho e peças de artesanato gregas<br />
e na importação de artigos como trigo, metais preciosos,<br />
cobre, ferro e madeira das regiões mediterrâneas.<br />
A colonização grega não deve ser entendida em paralelo<br />
idêntico às formas de colonização empreendida pela<br />
Europa na Modernidade ou na Era Contemporânea, uma<br />
vez que a colônia não tinha qualquer tipo de dependência<br />
política e econômica obrigatórias m relação à Metrópole.<br />
Existiam entre elas laços cordiais, sendo chocante a<br />
ocorrência de guerras entre elas e, essas colônias<br />
poderiam fundar outras e, os gregos que se fixassem<br />
nelas permanentemente perdiam a cidadania na cidade de<br />
onde eram originários.<br />
Com o desenvolvimento da colonização, o comercio até<br />
então vista como atividade secundaria em relação à<br />
agricultura preponderante passa a ganhar destaque,<br />
gerando novas configurações sociais que alterariam a<br />
ordem política nas póleis.<br />
O afluxo elevado de cereais das colônias e a importância<br />
da exportação de vinho e azeite das metrópoles levou as<br />
classes mais abastadas a substituírem o cultivo de trigo<br />
pelo de vinho e oliveiras, prejudicando os camponeses