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História Geral

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o “Século de Augusto”, Roma conheceu importantes<br />

mudanças em seu cenário urbano. Templos, teatros,<br />

anfiteatros e esculturas foram construídos na capital do<br />

Império Romano. Otávio teria dito a seguinte frase sobre<br />

essas mudanças: “Orgulho-me de ter encontrado uma<br />

cidade de tijolos e ter deixado uma cidade de mármore”.<br />

A prática de incentivar a produção cultural e sustentar<br />

materialmente os artistas para que se dedicassem<br />

exclusivamente ao desenvolvimento de suas capacidades<br />

entrou em declínio com a Idade Média. Porém, durante o<br />

Renascimento Cultural europeu e com o enriquecimento<br />

de uma parcela dos comerciantes que habitava cidades da<br />

Península Itálica durante esse período, a prática do<br />

mecenato foi reavivada.<br />

Artistas como Leonardo Da Vince, Sandro Boticelli,<br />

Michelangelo Buonarotti, Rafael Sanzio, entre outros,<br />

foram financiados pelos mecenas do Renascimento.<br />

Esses eram homens enriquecidos com as atividades<br />

comerciais ou bancárias e, entre eles, destacaram-se<br />

Lourenço de Médici, Cosme de Médici, Galeazzo Maria<br />

Sforza (duque de Milão) e mesmo Francisco I, rei da<br />

França. A Igreja católica também atuou como importante<br />

mecenas no período, financiando, por exemplo,<br />

Michelangelo para a criação dos afrescos da Capela<br />

Sistina.<br />

Além de incentivar a produção cultural, o mecenato<br />

tem também um objetivo de dar projeção política aos que<br />

destinam recursos financeiros para as produções<br />

culturais. O poder político e econômico seria trabalhado<br />

de forma articulada com o incentivo cultural, dando<br />

projeção social ao mecenas, o que garantia ainda que seu<br />

nome fosse ligado durante muito tempo às belas obras de<br />

arte produzidas.<br />

A partir do século XIX, com as grandes fortunas<br />

proporcionadas pelo capitalismo industrial e financeiro,<br />

novamente o mecenato passou a ser realizado com mais<br />

intensidade pelos grandes burgueses. Nomes como<br />

Guggenheim, Whitney, Rockfeller e Ford investiram<br />

fortunas no incentivo cultural nos Estados Unidos,<br />

criando fundações que existem até os dias atuais.<br />

BRASIL ESCOLA<br />

Outro fator que também estimularia a afirmação<br />

renascentista na Itália, além do confirmado poder<br />

econômico, é a disputa de prestigio entre suas cidades,<br />

que embora tenham conseguido livrar-se da tutela feudal,<br />

não foi capaz de precocemente se organizarem em um<br />

único Estado Nacional, mas em várias cidades-Estados,<br />

ou repúblicas; frequentemente disputavam entre si<br />

hegemonia local e prestígio político, rivalizavam quanto<br />

ao controle do comércio internacional, protagonizavam<br />

disputas militares internas e externas, e, frequentemente,<br />

valeram-se da arte e do estímulo a essa produção para a<br />

garantia de legitimação e a glorificação de seus líderes,<br />

de origem nobre ou burguesa; desse modo, podemos<br />

assegurar que as disputas entre essas cidades,<br />

configuraram-se num importante estímulo às artes na<br />

Itália.<br />

Assim como as citadas condições econômicas e políticas<br />

da Itália favoreceram o Renascimento, consideramos<br />

ainda a sua condição de depositário de uma infinidade<br />

de tradições culturais de inspiração clássica, base da<br />

construção do ideário renascentista. Exemplares da<br />

arquitetura, escultura, templos, monumentos e<br />

manuscritos da arte da Antiguidade encontravam-se ali<br />

preservados e disponíveis à inspiração dos intelectuais e<br />

artistas do renascimento. Esse vigor intelectual seria<br />

reforçado ainda mais pelo afluxo de sábios cultos à<br />

Itália, que desde o início das ameaças dos turcos à<br />

Constantinopla, receberam exílio e proteção para si e<br />

seus documentos.<br />

A partir do século XV, com a difusão da Imprensa no<br />

ocidente, por Gutenberg, a afirmação das Monarquias<br />

Nacionais e a expansão das atividades comerciais<br />

financeiras para outras regiões da Europa, a renovação<br />

artística expandiu-se e ganharam novas identidades em<br />

regiões como os Países Baixos, Península Ibérica, França<br />

e Inglaterra.<br />

2. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO<br />

RENASCIMENTO<br />

Os protagonistas do Renascimento Cultural<br />

consideravam-se anunciadores de um novo tempo, que<br />

consideravam renovado e superior com relação à época<br />

imediatamente anterior, identificada com as condições<br />

medievais. Na afirmação de um tempo novo, identificouse<br />

profundamente com as influências do pensamento<br />

antigo e sua produção intelectual e artística,<br />

ressignificando-a à luz das potencialidades da Era<br />

Moderna.<br />

Ao mesmo tempo, o movimento opôs-se profundamente<br />

à Idade Média, questionando a validade e negando a<br />

importância de uma produção cultural considerada<br />

teocêntrica, dogmática e destituída de racionalidade e<br />

valor.

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