História Geral
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salão de jogos, os deputados se recusaram a se<br />
desmobilizarem e firmaram um compromisso de só<br />
abandonarem o recinto após elaboração de um<br />
documento constitucional ao país. Era o Juramento da<br />
Sala do Jogo de Péla.<br />
O monarca reafirmava sua posição intransigente em<br />
relação aos acontecimentos e, considerando inaceitável<br />
uma limitação ao seu poder, começou a mobilizar tropas<br />
para o cerco de Paris e Versalhes, alegando a<br />
manutenção da ordem e proteção da Assembleia. Os<br />
deputados do Terceiro Estado radicalizaram suas<br />
posições, buscaram apoio externo de outros setores<br />
sociais e, em 09 de julho, constituíram-se numa<br />
Assembleia Nacional Constituinte, se auto delegando o<br />
direito de decretar as leis que formariam a nova<br />
Constituição.<br />
A repercussão externa da movimentação e o temor de<br />
mergulhar a Franca numa guerra civil, levou o monarca e<br />
a nobreza a moderar suas posições, buscando integrar<br />
suas representações dentro da Assembleia recém<br />
constituída. Nas ruas, entretanto, especialmente entre os<br />
sans-culottes, as tensões sociais chegaram ao seu ápice,<br />
em apoio à Constituinte, quando no dia 14 de julho, a<br />
recém criada milícia burguesa atacou a cadeia da<br />
Bastilha, símbolo do absolutismo francês. Tal episódio se<br />
consagraria no marco inicial da Revolução Francesa.<br />
Os sans-culottes eram artesãos, trabalhadores e até pequenos<br />
proprietários que viviam nos arredores de Paris. Recebiam esse<br />
nome porque não usavam os elegantes calções que a nobreza vestia,<br />
mas uma calça de algodão grosseira.<br />
2.1 1º fase - Assembleia Nacional Constituinte<br />
Com a repercussão urbana da Tomada da Bastilha, as<br />
jornadas populares de mobilização se expandiram para o<br />
campo, onde uma onda de agitações violentas com o<br />
assalto às propriedades, invasão de habitações, saques de<br />
depósitos de alimentos e a destruição de documentos que<br />
comprovavam dividas dos camponeses com senhores<br />
espalharam o terror nas áreas rurais. Era o Grande<br />
Medo, que levou à fuga de milhares de nobres para os<br />
países vizinhos, na expectativa de organizar a<br />
contrarrevolução.<br />
Buscando conter a violência instaurada no campo e<br />
manter o controle político do processo revolucionário, a<br />
burguesia na representação institucional do Terceiro<br />
Estado se apressou em tomar medidas que favorecessem<br />
esse estrato camponês mais radical da revolução. Em 04<br />
de agosto de 1789, aboliu os direitos e privilégios<br />
feudais. Em 26 de agosto, a Assembleia Nacional<br />
Constituinte apresentava aos franceses, a Declaração<br />
dos Direitos do Homem e do Cidadão, que consagrava<br />
novas conquistas liberais, como a liberdade religiosa, e<br />
de imprensa, além da igualdade civil e jurídica<br />
(extinguindo os estamentos e os tribunais especiais),<br />
assegurando o direito e inviolabilidade da propriedade<br />
privada, a defesa da soberania da lei como expressão da<br />
vontade geral, a igualdade de oportunidades na ocupação<br />
de postos administrativos e outros cargos e a<br />
legitimidade da derrubada de governos considerados<br />
tirânicos.<br />
Outra importante medida tomada pela recém constituída<br />
Assembleia Nacional Constituinte foi o confisco dos<br />
bens da Igreja Católica francesa, que se constituiria ao<br />
longo da revolução em lastro para a emissão de títulos –<br />
os assignats – usados como instrumento de compra em<br />
meio à grave crise financeira. A reação e mobilização do<br />
clero contra tais medidas levou a Assembleia a decretar,<br />
em julho de 1790, a Constituição Civil do Clero, que<br />
institucionalizou a ruptura entre o Estado e a Igreja, e<br />
submeteu seus membros à condição de funcionalismo<br />
público, além de abolir o dízimo eclesiástico e impor a<br />
prisão como pena aos membros rebeldes do clero.<br />
Em meio à desordem e agitação instalada, o monarca<br />
francês comunicou-se como os nobres emigrados à<br />
Prússia e Áustria, na tentativa de conspirar por uma