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História Geral

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desinteressavam pelos assuntos públicos eram malvistos<br />

pela sociedade ateniense.<br />

No processo de decisões sobre a pólis, era marcante a<br />

importância da oratória, defendida pelos filósofos<br />

sofistas, como o instrumento de convencimento essencial<br />

daqueles que exerciam a ação política. A oratória era o<br />

dom da palavra que permitia convencer interesses e todo<br />

o cidadão devia estar preparado para apresentar<br />

propostas e discuti-las na Eclésia. Os oradores brilhantes<br />

desfrutavam de um elevado prestigio, eram os<br />

demagogos.<br />

Para os filósofos Sofistas o discurso era fundamental, ou<br />

seja, o poder da fala e a capacidade para convencer, não<br />

importando a veracidade do que era dito. A verdade dos<br />

discursos não era, necessariamente, o mais importante,<br />

pois o bom discurso, o discurso verdadeiro era aquele<br />

que conseguia convencer o maior número, ou seja, a<br />

capacidade de convencimento das palavras. O mais<br />

importante seria convencer ao público que o adversário<br />

não tinha razão. Ou convencer o próprio adversário.<br />

Assim sendo, esses filósofos eram defensores da forma<br />

de governo democrática.<br />

O modelo democrático ateniense, no entanto, conhecia<br />

seus limites; não era extensivo ao conjunto de toda a<br />

população, estando restrito ainda a privilégios tais,<br />

embora dissociados exclusivamente das condições<br />

aristocráticas de nascimento e de riqueza. No Período<br />

Clássico, a região da Ática teria, uma população de cerca<br />

de 400.000 habitantes. Destes, apenas 40.000 eram tidos<br />

como cidadãos atenienses. Juntamente com as mulheres<br />

e filhos, os atenienses deveriam formar um conjunto de<br />

120 000 pessoas. Mas as mulheres não participavam<br />

politicamente, ou seja, não eram cidadãs. Os metecos<br />

atingiam de 70.000 a 90.000 habitantes. Os metecos por<br />

vezes opinavam na política, mas não eram cidadãos e,<br />

consequentemente não podiam votar. Por fim, em maior<br />

quantidade, 200.000 escravos, despojados de todos os<br />

direitos e até da sua condição de ser humano.<br />

As mulheres dedicavam-se aos trabalhos domésticos<br />

e a educação das crianças. Não lhes era reconhecido o<br />

direito de autonomia ou de administrar os seus bens.<br />

Quando viúvas, ficavam sob a autoridade do filho mais<br />

velho, ou, se não tivessem filhos, do parente mais<br />

próximo. Nas casas abastadas, as mulheres habitavam<br />

numa zona específica, o gineceu (divisão, existente nas<br />

casas da antiga Grécia, reservada às mulheres. Já o<br />

androceu era, na Grécia antiga, onde os guerreiros da<br />

cidade ficavam instalados ou a parte da casa destinada<br />

aos homens), onde acompanhadas pelas escravas<br />

passavam a maior parte da vida. Com exceção das<br />

grandes festas religiosas, em que participavam só muito<br />

raramente, saíam a rua. Não iam sequer ao mercado. As<br />

compras eram tarefa e privilégio masculino. A sua maior<br />

virtude era passarem despercebidas.<br />

Diferenciando-se dos aspectos essenciais da educação<br />

espartana, a educação ateniense era voltada para o<br />

exercício público do poder. Em Atenas, acreditavam na<br />

necessidade de converter os jovens em homens cultos,<br />

corajosos, sensíveis ao belo e empenhados na vida<br />

política da cidade. Até os 7 anos, as crianças eram<br />

educadas pela mãe no gineceu. A partir daí eram<br />

orientadas para os papéis que, mais tarde, deveriam<br />

assumir na sociedade: as moças ficavam em casa, onde<br />

aprendiam todas as tarefas que competiam à mulher. Os<br />

rapazes iam à escola e preparavam-se para serem<br />

cidadãos. O Estado recomendava que aprendessem a<br />

nadar, a ler, a escrever e que praticassem exercícios<br />

físicos. O currículo baseava-se na aprendizagem da<br />

leitura, da escrita e da aritmética.<br />

A educação intelectual, entretanto, não se dissociava da<br />

preparação física, que constituía seu complemento<br />

essencial. Exercitar o corpo era considerado tão<br />

necessário quanto exercitar a mente. O cidadão tinha um<br />

serviço militar a cumprir, e, por isso deveria estar pronto<br />

para defender a sua polis sempre que necessário. A<br />

preparação física continuava, a partir dos 15 anos, em<br />

escolas próprias, os ginásios. Nos ginásios ensinavam-se<br />

também matemática e filosofia.<br />

No decurso do século V. a.C. correspondendo às<br />

necessidades oratórias abertas pela democracia, surgiram<br />

os sofistas, professores itinerantes que andavam de<br />

cidade em cidade, fazendo conferências e dando aulas<br />

remuneradas.<br />

Embora Clístenes seja considerado o pai da democracia<br />

ateniense, no período clássico a figura mais importante<br />

na sustentação desse modelo político foi o estratego<br />

Péricles (495-429 a.C.) que governou Atenas entre 461 e<br />

429 a.C. Foi a maior personalidade política do século V<br />

a.C., caracterizando a Era de Ouro de Atenas, e sua<br />

presença foi tão marcante que o período compreendido<br />

entre o final das Guerras Médicas (448 a.C.) e sua morte<br />

(429 a.C.) é chamado o Século de Péricles.<br />

Nascido numa família da nobreza ateniense, descendeu<br />

do líder reformista Clístenes, responsável pela introdução<br />

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